Chamam-se explosões de rádio rápidas ou FRB (do inglês fast radio burst) e consistem numa libertação de energia fugaz, tipo flash de uma câmara fotográfica, capaz de ofuscar uma galáxia inteira. As suas origens são incertas e a captada agora pelo Hubble consegue acrescentar ainda mais mistério ao fenómeno.
A nova FRB é particularmente incomum por ser o exemplo mais distante e poderoso detetado até hoje. Para comparação, refira-se que a FRB foi quatro vezes mais energética do que as FRB mais próximas.
A estranheza acentua-se com o local improvável onde esta explosão de rádio rápida decidiu mostrar os seus “dotes”: um conjunto de galáxias que existiam quando o Universo tinha apenas cinco mil milhões de anos, quando a maioria das FRB anteriores foram encontradas em galáxias isoladas.
Veja esta e outras imagens já captadas pelo telescópio Hubble
A NASA refere que a FRB 20220610A, como foi chamada, foi detetada pela primeira vez a 10 de junho de 2022, pelo radiotelescópio Australian Square Kilometer Array Pathfinder (ASKAP) na Austrália Ocidental. O Very Large Telescope do Observatório Europeu do Sul, no Chile, confirmou que veio de um lugar distante.
A “agudeza e sensibilidade” do Hubble ajudou depois a identificar exatamente de onde veio a FRB, disse Alexa Gordon, da Northwestern University, que liderou o estudo, cujos resultados serão apresentados na 243ª reunião da Sociedade Astronómica Americana.
As imagens nítidas do Hubble sugerem que esta FRB teve origem num ambiente onde podem existir até sete galáxias que estarão num processo de fusão.
Embora não exista consenso sobre o possível mecanismo por detrás deste fenómeno extraordinário, pensa-se que as FRB envolvam algum tipo de objeto compacto, como um buraco negro ou uma estrela de neutrões como as magnetar.
As magnetar são o tipo de estrela de neutrões mais intensamente magnético do universo. Têm um campo magnético tão forte que, se existisse uma a meio caminho entre a Terra e a Lua, apagaria a faixa magnética dos cartões bancários de todas as pessoas do mundo.
Pior ainda: se astronautas viajassem a algumas centenas de quilómetros de uma magnetar, seriam efetivamente dissolvidos, porque todos os átomos dos seus corpos seriam desfeitos.
A NASA explica que os possíveis mecanismos envolvem algum tipo de terramoto estelar ou, alternativamente, uma explosão causada quando as linhas tortuosas do campo magnético de uma magnetar rompem e voltam a ligar-se.
Um fenómeno semelhante acontece no Sol, causando erupções solares, mas o campo de uma magnetar é um bilião de vezes mais forte do que a magnetosfera do Sol. A explosão geraria um flash de FRB ou poderia criar uma onda de choque que incinera a poeira circundante e aquece o gás em plasma.
Pode haver vários “sabores” de magnetares, nomeadamente um objeto explodindo orbitando um buraco negro cercado por um disco de material. Outra alternativa é um par de estrelas de neutrões em órbita cujas magnetosferas interagem periodicamente, criando buracos onde podem ocorrer erupções.
Num futuro próximo, prevê-se que a taxa do número de FRB detetadas a estas distâncias aumente. O Hubble desempenhará um papel crucial na caracterização dos ambientes em que ocorrem estas explosões. A comunidade científica espera aprender em breve o quão especial era o ambiente da FRB 20220610A.
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