Foi apenas uma missão de teste, que recebeu o descontraído título “Good Luck, Have Fun”, mas a startup Relativity Space conseguiu mais um feito importante na indústria aeroespacial ao lançar o seu primeiro foguetão Terran 1. O foguetão foi impresso em 3D, tendo demonstrado a sua viabilidade estrutural no lançamento bem-sucedido a partir do Complexo 16, no Cabo Canaveral, na Flórida, esta quarta-feira.
Depois do lançamento e ter superado a fase de “max Q”, em que um foguetão passa pela sua maior pressão dinâmica e ter superado a fase de separação do primeiro estágio, o aparelho acabou por sofrer uma anomalia no segundo estágio, sendo impedido de atingir a pretendida órbita da Terra. No entanto, grande parte dos objetivos foram alcançados, provando que foguetões impressos em 3D podem ser viáveis na indústria.
Veja na galeria imagens do Terran 1
A startup Relativity Space tem como objetivo revolucionar a forma como os foguetões são construídos, utilizando processos de impressão 3D. Há quatro anos que a startup está instalada no porto espacial do Cabo Canaveral, depois de ter vencido um leilão para ocupar o lugar e fechar negócio com a Força Aérea dos Estados Unidos. Na altura, esta era a “peça” necessária para finalizar o seu caminho até ao lançamento. Fundada em 2016, a startup conseguiu obter um financiamento inicial de 45 milhões de dólares, mas desde então, nas suas oito rondas, a última em fevereiro, somou um total de 1,3 mil milhões de dólares, de 54 investidores.
Previsto para ser lançado em 2020, mas adiado por causa da pandemia, o foguetão tem 110 pés (33,5 metros), o equivalente a 10 andares, sendo capaz de transportar 1.250 quilos até órbita. É muito pequeno, quando comparado com o Falcon 9 da SpaceX, que é capaz de carregar 22.800 quilos, mas é um passo importante na fabricação de foguetões impressos a 3D.
O segredo da startup é utilizar uma gigantesca impressora 3D para literalmente imprimir todas as partes necessárias, num processo praticamente automático, sejam o motor, os tanques ou a estrutura geral do veículo espacial. Para já, cerca de 85% do foguetão foi impresso, mas a equipa pretende alcançar os 95%. O aparelho é alimentado por nove motores Aeon no primeiro estágio e um Aeon Vac no segundo.
Veja o vídeo da impressão 3D do Terran 1
E apesar de não ter alcançado a órbita, Arwa Tizani Kelly, diretora técnica do programa, disse durante a transmissão que muitos objetivos foram alcançados, destacando a importância de recolher os dados do “max Q” e as fases de separação dos estágios. “Os dados do voo são inestimáveis para a nossa equipa, enquanto procuramos melhorar o nosso foguetão”, salientou. Paralelamente ao desenvolvimento e melhorias do Terran 1, a Relativity Space está também a trabalhar no Terran R, um foguetão reutilizável de dois estágios igualmente impresso a 3D.
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