
Por Ajay Patel (*)
A sofisticação dos crimes cibernéticos tem crescido exponencialmente, impulsionada pelo surgimento de tecnologias como a inteligência artificial (IA) generativa - especialmente quando falamos de fraude e usurpação de identidade. O grau de credibilidade destes esquemas aumenta diariamente. Veja-se, por exemplo, a quantidade de chamadas de “recrutamento” ou de “polícia internacional”, ou até o famoso golpe “mãe, mudei de número”. Aliás, quantas vezes ouvimos falar em histórias de burlas e nos perguntamos como alguém caiu nisso. Ora, se não nos acautelarmos, rapidamente seremos nós a cair.
A intensificação das fraudes põe em causa indivíduos, empresas e governos. Aliás, a tecnologia corre a um passo tão rápido que é quase impossível as legislações e mecanismos de proteção conseguirem acompanhar. A mim, importa-me que quem ganhe a corrida sejam as pessoas. Mas, o que acontece quando as ameaças digitais aliadas a bots alimentados por IA e deepfakes vão além do imaginável? Diga-se de passagem, funcionários falsos, vídeos e áudio que imitam executivos na perfeição, a criação de autenticações falsas, phishing e falsificação de documentos são apenas a ponta do icebergue.
O impacto pode ser estrondoso. Desde a criação de créditos indevidos ao roubo de propriedade intelectual, golpes financeiros de milhares de euros... a bem dizer, há muito em jogo. Se já é difícil lidar com uma fraude online “banal” - que de banal, não tem nada -, o que podemos então fazer para combater esta sua nova forma, que usa deepfakes para se fazer passar por algo real?
Está claro que a IA está a moldar a forma como vivemos e nos relacionamos. Não quero, de todo, causar o pânico em torno das novas tecnologias. Falamos de uma ferramenta poderosa que, como tudo, está dependente da mão humana que a utiliza. Quando bem aplicada, traz progressos para a medicina, a ciência e até para as artes. No entanto, temos de ter consciência de que, com o seu passo rápido, métodos tradicionais como palavras-passe e o nome do primeiro animal de estimação podem tornar-se ineficazes e primitivos. Quer sejamos adeptos ou negacionistas, o importante é não sermos indiferentes. Com as cartas que temos na mesa, é essencial investir em ação e em recursos que ajudem as pessoas a acelerar o passo nesta corrida.
Para os que estão preocupados com o crescimento das burlas, as carteiras digitais vinculadas a uma identidade verificada podem ser uma resposta. Nestes casos, é utilizada a biometria para distinguir, dentro do universo digital, os humanos de deepfakes e bots, oferecendo uma autenticação segura e escalável. É também indispensável tratar estes dados de forma ética e aliar a verificação biométrica a estruturas altamente descentralizadas – dados que não podem ser detidos por ninguém nem ligados diretamente a ninguém.
É pertinente garantirmos, a nível universal, uma privacidade que seja tão avançada quanto a tecnologia. Ao seguirmos este trilho, certificamo-nos que, a par da inovação, o progresso serve também dar prioridade aos indivíduos, à privacidade e à segurança, e, sobretudo, que não corrermos o risco de cair nas mãos daqueles que souberam aproveitar a IA melhor do que nós.
(*) Head of World ID na Tools for Humanity
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