Dados recolhidos pela sonda espacial Cassini, já desativada, revelaram a presença de fósforo em forma de fosfatos, um componente-chave da vida tal como se conhece, no oceano gelado de Enceladus, uma das luas de Saturno.
A sonda explorou Saturno, o seu sistema de anéis e as suas luas durante 13 anos, entre 2004 e 2017, mas os seus dados continuam a ser estudados pelos cientistas.
Segundo os autores da investigação, publicada esta quarta-feira na revista científica Nature, foi encontrado "abundante fósforo" em grãos de gelo expelidos para o espaço desde as fendas da superfície gelada de Enceladus.
A lua possui um oceano subterrâneo e a água desse oceano irrompe através de fendas na crosta gelada da superfície como geiseres, no polo sul, criando uma pequena nuvem que alimenta um dos anéis de Saturno com partículas de gelo. A análise de uma classe de grãos de gelo ricos em sal revelou a presença de fosfatos de sódio - moléculas de sódio, oxigénio, hidrogénio e fósforo quimicamente ligadas.
As concentrações de fosfato provenientes de Enceladus são pelo menos 100 vezes superiores às dos oceanos da Terra, de acordo com o estudo.
O fósforo na forma de fosfatos é fundamental para a vida na Terra, nomeadamente para a criação de material genético, moléculas portadoras de energia, membranas celulares, ossos e dentes de pessoas e animais e microbioma do plâncton.
É a primeira vez que este elemento químico essencial é descoberto num oceano sem ser os mares da Terra. Estudos anteriores supunham a existência de fósforo em Encélado, apenas agora confirmada com os dados da sonda Cassini.
Enceladus e as possibilidades de existência de vida tinham estado em destaque há pouco tempo, pela descoberta de uma pluma gigantesca de vapor de água que se estende por quase 10 mil quilómetros, captada pelo telescópio espacial James Webb.
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Enceladus é um mundo oceânico com cerca de 4% do tamanho da Terra - pouco mais de 500 quilómetros de diâmetro - e um dos alvos científicos mais expectantes na busca por vida extraterrestre no Sistema Solar.
Com a Cassini reformada, caberá ao “jovem” James Webb ser a principal ferramenta de observação da lua de Saturno. As descobertas do telescópio espacial irão ajudar a preparar futuras missões, com vista a explorar a profundidade do oceano subterrâneo e a espessura da crosta de gelo, entre outros pormenores.
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