Ip Wing-Huen, membro do comité académico do laboratório da Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau (MUST, na sigla em inglês), revelou que a instituição convidou o INPE e recebeu uma resposta positiva. "Entrámos em contacto com os cientistas planetários brasileiros e perguntámos se teriam interesse em trabalhar connosco, sobre asteroides. (...) Eles estão muito interessados", explicou Ip.

Além do Brasil, o laboratório de Macau, conhecido como SKLPlanets, quer também cooperar com investigadores em Portugal, aproveitando a presença na MUST da portuguesa Marta Filipa Simões, professora de astrobiologia.

"Falei com o Reitor [da MUST] Lee [Hun-wei]. Ele disse que há uma janela que poderíamos abrir para a cooperação" com Brasil e Portugal, defendeu Ip Wing-Huen, que cresceu em Macau. "Macau tem a sua própria herança histórica, que não pode ser reproduzida por nenhuma outra cidade em qualquer outro lugar da China e é algo para explorar", disse o astrónomo, em referência à administração portuguesa da região.

Ip, que recebeu em 2020 o prémio de carreira Gerard P. Kuiper da Sociedade Norte-americana de Astronomia, falava à margem de uma palestra, na MUST, sobre os esforços de exploração dos asteroides.

O cientista revelou que o laboratório SKLPlanets está a ponderar participar na missão da sonda espacial europeia RAMSES, que vai "tentar pousar e viajar" no asteroide Apophis, que deverá passar perto da Terra em 2029.

Os astrónomos descartaram qualquer risco de o Apophis atingir o planeta nos próximos cem anos, porque "temos estado a acompanhá-lo há décadas, porque, no que toca a asteroides, ter tempo é muito importante", disse Ip.

O investigador recordou que, no início de fevereiro, a imprensa local avançou que China começou a reunir uma equipa de defesa planetária, na sequência da descoberta de um grande asteroide que poderá atingir a Terra dentro de sete anos.

Isto depois da Agência Espacial Europeia (ESA) ter estimado em 2,2% a probabilidade de o asteroide 2024 YR4 atingir a Terra em 2032, colocando-o no topo da lista de risco da agência.

Semanas depois, a ESA desceu a probabilidade de impacto para 0,002%, mas fixou a probabilidade de um impacto na Lua em 1,7%, o que continua a ser "muito baixa".

"A Terra pode ser só atingida por um asteroide significativo daqui a 100 anos ou mil anos, mas quão mais cedo os detetarmos, melhor", defendeu Ip.

Além da deteção, o astrónomo sublinhou a importância de missões de defesa planetária como a DART, da agência aeroespacial dos Estados Unidos, a NASA, que em 2022t embateu intencionalmente num asteroide.

"Temos de fazer experiências para saber como os afastar da Terra, porque os asteroides normalmente estão rodeados por objetos mais pequenos, é quase como bater num saco de areia", explicou Ip.