A sonda InSight chegou a Marte em novembro de 2018 e desde então tem vindo a ajudar a conhecer melhor o planeta vermelho, através dos seus sensores meteorológicos e as fotografias captadas. Apesar do InSight não necessitar de muita energia para operar, o pó acumulado e o rigoroso inverno do planeta podem colocar em causa a vitalidade do rover.

O rover foi construído para durar e enfrentar as adversidades do planeta vermelho, e recentemente viu a sua missão ser estendida para 2022, depois de inicialmente ter sido concebida para operar durante dois anos e continuar a recolher dados do planeta. A NASA refere que a acumulação de pó nos seus painéis solares e a agressividade e imprevisibilidade do inverno de Marte levou à decisão de conservar a energia do veículo e de forma temporária, limitar as operações dos seus instrumentos.

A planície Elysium foi escolhida como a sua base de operações devido a situações num local plano no equador do planeta que recebe muita luz solar. A NASA explica que para limpar os painéis solares, o veículo conta com um fenómeno muito frequente que apelidou de “dust devils”, tempestades que ajudam a varrer o pó acumulado, o que aconteceu muitas vezes com as sondas Spirit e Opportunity, possibilitando-lhes manterem-se ativas para lá da sua esperança de vida com que foram desenhadas.

No caso do InSight, apensar de ter detetado centenas desses ventos a passar, nenhum conseguiu chegar perto o suficiente do rover, capaz de os limpar, desde a sua chegada a Marte. Isso significa que atualmente, os painéis estão a produzir apenas 27% da sua capacidade total de absorção dos raios solares. E essa energia tem de ser partilhada entre os instrumentos científicos, o braço do robot, o rádio, e mais importante, os aquecedores que permitem manter os circuitos a funcionar perante as temperaturas negativas durante a noite.

E como já acabou a época de vento do ano marciano, a NASA não está a contar com nenhum evento que possa ajudar à limpeza da sonda. Marte está a mover-se para o seu ponto mais afastado do Sol, na sua órbita, e isso significa que, se o veículo já está limitado em captar a luz solar, a partir de agora vai ter ainda mais dificuldade, e por isso vai ter que reduzir o consumo, dando prioridade aos aquecedores para não ficar danificado com o frio. A aproximação do Sol começa novamente a partir de julho, altura em que o InSight voltará às suas operações científicas. E isto, se o rover conseguir gerir muito bem a sua energia durante os próximos meses, estando sempre dependente das condições meteorológicas. Mas tudo isso foi acautelado pela NASA, que durante este período, os cientistas vão escolher com cuidado quais os instrumentos que necessitam ser desligados, diariamente, de forma a preservar a energia para os aquecedores e as comunicações de rádio.

No final da semana, o InSight vai receber instruções para colocar o seu braço robótico sobre os painéis, para que a sua câmara mantenha a vigilância sobre os painéis solares, para os cientistas terem noção da cobertura de pó. Há ainda uma medida “desesperada” a ser tentada: a equipa vai criar pulsações com os motores usados para desdobrar os painéis, na tentativa de sacudir um pouco do pó, para que este seja arrastado pelo vento. Apesar de uma tentativa arriscada, a equipa diz que vale a pena o esforço. Tudo isto para manter o InSight em operações, pelo menos até 2022.