A comunidade científica global está em alvoroço após a notícia de que cientistas da Universidade de Tóquio confirmaram terem detetado os primeiros sinais diretos da elusiva Matéria Escura, graças a um brilho misterioso captado no centro da Via Láctea. 

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Se esta descoberta for confirmada por outras experiências internacionais, representa um dos maiores avanços na Física e Cosmologia do século, resolvendo o enigma da matéria que constitui aproximadamente 85% de toda a massa do Universo, uma teoria de 1930 do astrónomo suíço Fritz Zwicky, que até hoje não tinha sido provada.

Materia Escura
Materia Escura Gráfico da NASA, que identifica os três principais componentes do qual é feito o Universo.

O avanço foi alcançado através de registos captados pelo telescópio espacial Fermi de raios Gama da Nasa, que foi desenhado para capturar as interações incrivelmente raras e fracas das partículas de Matéria Escura, frequentemente teorizadas como Partículas Massivas de Interação Fraca (WIMPs), com os núcleos de átomos convencionais.

No entanto, a validação desta descoberta é crucial. A Matéria Escura não emite, absorve ou reflete luz, sendo a sua presença inferida apenas pelos efeitos gravitacionais que exerce sobre a matéria visível. Esta dificuldade em isolar o sinal das WIMPs levou a que a equipa japonesa publicasse os seus resultados de forma cautelosa.

Materia Escura
Materia Escura Primeira "fotografia" da Matéria Escura, captada no centro da Via Láctea, pelo Telescópio Espacial Fermi de raios Gama.

Ainda a dar força à investigação, um novo estudo científico sugere que a Matéria Escura pode não ser totalmente "invisível", reportando a deteção de um "brilho galáctico misterioso" que não pode ser explicado pela matéria normal, como pulsares ou supernovas. Este brilho, que pode ser o resultado de partículas de Matéria Escura a desintegrarem-se ou a chocarem, oferece uma nova via de observação que se pode ligar à detecção inicial feita pela equipa de investigadores japoneses.

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A evidência inicial, em conjunto com o novo estudo do brilho galáctico, abre caminho para uma nova era de investigação que poderá reescrever os modelos cosmológicos e, finalmente, preencher a vasta lacuna de conhecimento sobre a composição fundamental do cosmos.

Para já, várias equipas independentes irão analisar os dados recolhidos, bem como pesquisar por outras situações com assinaturas de raios gama semelhantes noutros locais, nomeadamente em galáxias anãs que são ricas em matéria escura. Assim que mais dados forem acumulados, a evidência permitirá provar que os raios gama detetados têm efetivamente origem na matéria escura.

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