Faz hoje 14 anos que o mais popular MMO, World of Warcraft, chegou à Europa. A obra-prima da Blizzard transformou a sua famosa série de estratégia em tempo real, num mundo virtual povoado por humanos e orcs em constante conflito, mas com maiores dimensões, introduzindo novas fações para cada lado, travando-se assim o confronto conhecido como Alliance e Horde.
O jogo é um fenômeno à escala mundial, batendo recordes de vendas e de número de jogadores registados, antes de Fortnite e Minecraft, e com uma diferença muito grande: para jogar WoW é necessário pagar uma mensalidade de 15 euros. Um modelo de negócio que há muito foi substituído pela maioria dos congéneres que tiveram de optar pelo free-to-play, mas que a Blizzard tem mantido com sucesso ao longo destes anos todos, e em que outros potenciais gigantes falharam: Star Wars, Lord of the Rings, Warhammer, e muitos universos gigantes que já fecharam portas ou que se mantêm de forma humilde.
Com expansões bienais, que introduz grandes novidades de peso, o jogo é atualizado constantemente com conteúdos e atividades, sejam novas masmorras para explorar, Raids que levam meses a serem concluídas, ou azo ao colecionismo, havendo sempre motivo para ligar-se ao jogo e passar inúmeras horas online em Azeroth, o mundo principal onde decorre a ação.
Mas para muitos jogadores, a componente social passou a ser uma prioridade para manter a assinatura. Jogar com outros jogadores e travar amizades dentro do jogo são fenómenos que deram origem a teses sociais, ao longo dos anos. Deu origem a amizades e até casamentos que saltaram para a “vida real”, mas também celebrados dentro do jogo.
Há uma história publicada há dias pela BBC, que descreve exatamente a importância que World of Warcraft teve para um jovem com deficiência, que na “vida real” estava entrevado a uma cadeira de rodas, mas neste mundo era um aventureiro com uma “vida normal”. E os pais, só após a morte do jovem, compreenderam o papel do MMO na sua vida, quando pessoas por toda a Europa acenderam uma vela em sua memória. No seu funeral, para além de família e pessoas de serviço de saúde que acompanhavam o jovem, estava um grupo de pessoas que a família não conhecia. Não seriam amigos, pois o seu filho passou anos em casa, sem estabelecer contacto com alguém que não fosse do conhecimento da sua família.
Em vivo, os pais não entendiam a razão do seu filho ficar acordado até muito tarde, para jogar. Mas esse grupo de pessoas não eram mais que os seus amigos que conhecera no jogo, e com quem já convivia “virtualmente” há muitos anos. Uma amiga, presente no funeral, já conhecia o jovem há muitos anos através do jogo, e nunca soube das suas condições físicas. Esse era o único segredo que o jovem carregava, atrás do seu simpático avatar, repleto de amigos.
Esta é apenas uma das inúmeras histórias presentes em World of Warcraft, onde não faltam homenagens dentro do jogo a jogadores que faleceram, casaram, tiveram filhos, e outros eventos da vida dos jogadores, que olham para o MMO da Blizzard como algo mais que um videojogo…
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