Depois de ter acumulado mais de duas horas de voo, cobrindo uma distância de 17 quilómetros e atingindo altitudes de até 24 metros, o Ingenuity passou pelos testes finais, viu descarregados os últimos dados registados e imagens captadas e “descansou” para sempre na superfície do planeta vermelho. Ou se calhar não, porque afinal o pequeno helicóptero marciano tem mais uma missão.

Originalmente projetada para uma demonstração de tecnologia de curta duração que realizaria até cinco voos de teste experimentais durante 30 dias, a primeira aeronave em outro mundo operou na superfície marciana por quase três anos, voou mais de 14 vezes mais longe do que a distância esperada em 72 viagens.

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A missão do Ingenuity terminou depois de fazer um pouso forçado no seu último voo, no passado mês de janeiro, danificando significativamente uma das pás do rotor.

Um novo vídeo da NASA mostra como o pequeno helicóptero sobrevoou Marte, cruzando terreno acidentado e montanhoso antes de chegar ao local do derradeiro pouso, no vale de um rio seco.

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Em última análise, o fim do Ingenuity terá sido o terreno liso e arenoso de Valinor Hills, isto porque o helicóptero navegava usando um software para rastrear o movimento de objetos, como pedras, abaixo. Mas as dunas arenosas eram em grande parte “sem características”, explicou a NASA.

“Quanto mais descaracterizado for o terreno, mais difícil será para o Ingenuity navegar com sucesso através dele”, disse a agência espacial em comunicado. “A equipa acredita que o terreno relativamente inexpressivo nesta região foi provavelmente a principal causa do pouso anômalo”.

Embora a missão tenha terminado a 25 de janeiro, o helicóptero permaneceu em comunicação com o rover Perseverance, que servia como estação base. E agora o Ingenuity está pronto para o seu ato final: servir como banco de testes estacionário.

Segundo a NASA, a telemetria confirmou que uma atualização de software enviada anteriormente estava a funcionar conforme esperado. O novo software contém comandos que indicam ao helicóptero para continuar a recolher dados após o fim das comunicações com o rover.

“É quase inacreditável que depois de mais de 1.000 dias marcianos, 72 voos e uma aterragem difícil, ainda tenha algo a oferecer”, afirmou Josh Anderson, líder da equipe Ingenuity no JPL. “O Ingenuity não apenas superou os nossos sonhos, mas também pode ensinar-nos novas lições nos próximos anos”.