À medida que o teletrabalho continua a ser uma realidade para múltiplos trabalhadores um pouco por todo o mundo, a utilização de ferramentas que mantêm um “olho” atento ao nível de produtividade dos funcionários parece tornar-se cada vez mais popular entre os empregadores.

E se fosse possível contrariar a tendência através de apetrecho engenhoso? É esta a proposta de Boyu Ding, estudante de design industrial do Royal College of Art, em Londres, que desenvolveu o projeto “The Great Cheater” (ou “O grande batoteiro”, numa tradução para português).

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O projeto foi criado a pensar num futuro distópico onde os sistemas de vigilância repressiva por parte dos empregadores se tornam no “novo normal” e onde os trabalhadores têm de encontrar novas formas de lutar pela sua privacidade. O objetivo de “The Great Cheater” é levar os empregadores a crerem que os seus funcionários estão a trabalhar, mesmo quando não estejam.

Mas como é que tudo funciona? O sistema é composto por uma câmara e por um rato que faz cliques automaticamente, ambos “ligados” a um computador por software open-source. Os elementos que compõem o sistema podem ser comprados online e depois montados tendo em conta as instruções dadas pelo criador do projeto.

A câmara é montada junto ao computador, com o utilizador a filmar um clipe de vídeo de si próprio a trabalhar. A partir da filmagem seria possível criar uma espécie de deepfake, que se poderia ser alterada para refletir a passagem do tempo, demonstrando o utilizador a usar, por exemplo, roupas diferentes. O rato trabalha em conjunto com a câmara e foi concebido para simular de forma minimamente credível os movimentos de alguém a trabalhar ao computador.

É verdade que o futuro distópico descrito pelo projeto quase parece saído de um filme de ficção científica, no entanto, a utilização de soluções tecnológicas para monitorizar a produtividade dos trabalhadores remotos é cada vez mais uma realidade, tal como detalha um  recente estudo da ExpressVPN, onde foram questionados 2.000 empregadores e 2.000 funcionários. Embora 83% dos empregadores considerem que a monitorização é algo pouco ético, 78% admitem que estão a usar software que vigia os seus trabalhadores.

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As gigantes tecnológicas não estão alheias à tendência. Recorde-se que, ainda em 2020, a Microsoft anunciou que tinha desenvolvido uma ferramenta para o Microsoft 365 capaz de monitorizar e pontuar o nível de produtividade dos trabalhadores, algo amplamente criticado por ativistas. Nesse mesmo ano, a empresa registou um sistema que funciona com base num conjunto de câmaras e sensores que conseguem determinar o nível de produtividade de uma dada reunião com base na linguagem corporal dos participantes.

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