Lançada em abril de 2018 com o objetivo final de chegar a Mercúrio e estudar os seus mistérios, a BepiColombo voou nos últimos dias muito próximo da Terra, registando algumas imagens.
No dia 1o de abril a nave ficou a apenas 12.700 km do planeta azul – que é menos de metade da altitude dos satélites europeus de navegação Galileo, sublinha a ESA para estabelecer um paralelo.
A manobra teve como principal objetivo abrandar a BepiColombo de modo a ajustar a trajetória da missão, aproveitando o campo gravitacional da Terra, para que atinja a órbita de Mercúrio quando chegar a altura. Antes de alcançar a sua meta final, a nave fará o mesmo com Vénus, uma vez, e depois com o próprio planeta Mercúrio, seis vezes.
Entretanto, no voo “rasante” à Terra a equipa responsável pela missão também aproveitou para recolher imagens da Lua e medir o campo magnético do planeta, testando vários dos mais de 10 instrumentos da Mercury Planetary Orbiter (MPO), uma das duas sondas que compõem a missão, preparada pela ESA para estudar a superfície, o interior e a camada externa da atmosfera de Mercúrio, a exosfera.
A segunda sonda, a Mercury Magnetospheric Orbiter (Mio), foi desenvolvida pela JAXA e destina-se a analisar a magnetosfera, a região a maior altitude que envolve o planeta.
As sequências de imagens publicadas pela ESA foram registadas em dois momentos distintos: a primeira no dia 9 de abril, num vídeo que mostra o resultado da aproximação da BepiColombo a uma velocidade de mais de 100.000 km/h, de 281.940 km para 128.000 km de distância.
A segunda sequência de imagens foi recolhida a 10 de abril, no período em que a distância diminuiu de cerca de 26.700 km para 12.800 km que marcaram a maior proximidade entre a nave e o planeta Terra.
Esta é a primeira missão europeia a Mercúrio, o planeta mais pequeno do sistema solar e o mais próximo do Sol, e o objetivo é chegar à órbita e estudar vários aspetos do ambiente, a origem e evolução do planeta, a sua estrutura e composição, as características do seu campo magnético e a dinâmica da exosfera, entre outros.
Com os dados recolhidos, a ESA e JAXA esperam conseguir a resposta para cinco dos grandes mistérios que envolvem o planeta: a sua origem, a existência ou não de água, a existência ou não de atividade, a sua “cor” e origem do campo magnético.
Até agora só duas missões visitaram Mercúrio: a Mariner-10 e a Messenger (MErcury Surface, Space ENvironment, GEochemistry, and Ranging) da NASA. A primeira foi uma missão de aproximação que enviou fotografias captadas nas aproximações em 1974 e 1975, enquanto a Messenger fez três aproximações, em 2008 e 2009, antes de estudar o planeta a partir da sua órbita entre março de 2011 e abril de 2015.
A missão conjunta entre a ESA e a JAXA recebeu o nome de BepiColombo em homenagem ao matemático e engenheiro italiano Giuseppe (Bepi) Colombo, que viveu entre 1920 e 1984 e que dedicou a sua investigação ao planeta Mercúrio.
A BepiColombo conta com a participação de vários países e cientistas, entre os quais a astrofísica Joana S. Oliveira. A Efacec também integra a equipa de desenvolvimento e construiu um equipamento eletrónico que irá monitorizar a radiação espacial durante a viagem e a operação de um dos satélites.
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