“Não temos uma lógica de ´toca e foge´ ou de experimentação. Estamos no mercado com uma visão de longo prazo e com uma estratégia centrada nos telemóveis e na qualidade dos produtos”. A frase foi repetida várias vezes durante a entrevista com o TeK, em formulações diferentes, mas Arnaldo Rodrigues, diretor geral da LAIQ, deixou bem claro que a empresa quer apostar nos mesmos pilares com que se afirmou no mercado português há cerca de ano e meio: distinguindo-se como marca portuguesa, com produtos testados e certificados pelas suas equipas e com presença no mercado aberto e nos operadores.
Quando anunciou a sua intenção de avançar com a uma marca portuguesa de smartphones no final de 2015 com 2 equipamentos na carteira, a LAIQ partia já de uma base de experiência no mercado português, onde trabalhava com a MEO em telemóveis OEM (de marca MEO), mas também estava sustentada na história da empresa com mais de 30 anos de experiência no mercado, a SDT, um integrador de sistemas que tem trabalhado com os principais operadores de telecomunicações em Portugal e que tem uma faturação anual de 50 milhões de euros, marcando presença em Angola e no Brasil.
Mesmo assim, o caminho no mercado livre (que na altura estava a crescer de forma mais rápida do que a venda de smartphones através das operadoras), revelou-se difícil, como explica Arnaldo Rodrigues. “Sentimos algumas dificuldades acrescidas no retalho, sobretudo em entrar em alguns retalhistas”, admite. O background da empresa estava mais ligado aos operadores, onde a relação com a MEO já tinha mostrado o potencial de sucesso com a venda de mais de 100 mil unidades por ano e o MEO A30 tinha chegado a campeão de vendas em 2014. Mas a relação com o retalho nem sempre foi fácil e o facto dos operadores terem também começado a lançar equipamentos desbloqueados obrigou a um reequilíbrio do mercado e ajuste da estratégia da LAIQ.
Arnaldo Rodrigues garante que mesmo com esta dinâmica de mercado, e a pressão das marcas A que em alguns casos têm estratégias de destruição de valor para se afirmarem, a LAIQ atingiu os seus objetivos iniciais, apostando na qualidade e na certificação como fatores essenciais e lançando dois smartphones no primeiros ano, mais um no ano seguinte. Conseguiu também entrar com a marca nos operadores, onde lançou um smartphone com a MEO, o STARTRAIL 8.
Segundo os números partilhados pela empresa, a LAIQ conseguiu 1% de quota de mercado dos telemóveis em Portugal (entre vendas de operador e retalho) e nos smartphones está até um pouco acima, com vendas de perto de 40 mil unidades. “Gostávamos de ter feito mais” admite Arnaldo Rodrigues que quer continuar a aposta no desenvolvimento da capilaridade mas que sabe que o reconhecimento da marca (brand awareness) e a conquista de espaço em prateleira de alguns players, especialmente da Worten, são importantes para consolidar as ambições definidas.
A relação com a MEO continua a ser um dos pilares da estratégia da LAIQ e já em maio a empresa prepara-se para lançar um novo smartphone em exclusivo com esta operadora, um modelo que o diretor geral acredita que pode ter muito sucesso pelas características e pelo preço. A ideia é conseguir ganhar espaço também na NOS e na Vodafone, mas estas operadoras têm estruturas mais diferentes, e centros de decisão de compras de equipamentos que não passam por Portugal, no caso da Vodafone, o que dificulta esta relação direta. “Sabemos que vai demorar mais tempo, mas este é um caminho de longo curso […] Estou confiante” garante Arnaldo Rodrigues.
A diferença do “trabalho de casa”
Desde que decidiu avançar no mercado português com marca própria a LAIQ assumiu como estratégia a aposta na qualidade e na certificação como fatores diferenciadores, até porque estes não são critérios normalmente aplicados pelas “marcas B”. Já tinha sido essa aposta que tinha permitido que a empresa se afirmasse como produtora de OEM para a MEO, com um processo de escolha de equipamentos, componentes e características e a sua certificação e “fine tunning” que passava nos testes exigentes da operadora, onde muitas fabricantes não conseguem entrar.
Arnaldo Rodrigues afasta a ideia de que a LAIQ se limita a ir buscar telemóveis à China e vender no mercado português, com marca própria. “Todo o trabalho que fazemos na definição do software, na certificação com a Google, com a 3GPP, a autonomia, questões técnicas e elétricas demora 4, 5 ou 6 meses e representa um investimento de milhares de euros”, justifica. São tudo custos acrescidos, mas que depois se refletem na qualidade dos produtos e que mais cedo ou mais tarde vão também ser reconhecidos pelos utilizadores, sobretudo quando em 2018 a Google começar a emitir avisos quando o software dos smartphones não estiver certificado.
Este know how, que está sobretudo na equipa da empresa, já fez com que outras marcas tivessem recorrido à SDT (a empresa mãe) para fazer a certificação dos seus equipamentos, reconhecendo o centro de competências existente.
Fabricar em Portugal, mesmo que só alguns componentes ou fazer o “packaging”, chegou a ser equacionado pela LAIQ, mas o diretor geral da empresa admite que não se justificava pelo aumento de custos e também porque não trazia valor acrescentado. No mercado brasileiro essa já seria uma opção mais vantajosa, sobretudo por causa dos impostos relacionados com a importação, mas só sustentável para grandes volumes de vendas, acima de um milhão de unidades, uma hipótese que não está fora de causa.
Próximos passos… e smarphones
A confiança na estratégia definida faz com que Arnaldo Rodrigues mantenha as mesmas linhas inicialmente definidas para a LAIQ: a aposta na qualidade, na certificação, e o foco nos smarftphones. “Os telemóveis vão ser o centro da Internet das Coisas e é ai que queremos estar. […] Não vamos ter scooters, nem wearables. Vamos continuar a fazer bons telemóveis, com uma boa experiência de utilização”, garante.
Já em maio a LAIQ vai lançar dois novos modelos de smartphones, o GLAM, um novo topo de gama com mais memória, finishing metálico, sensor de impressão digital e um ecrã de 5,5 polegadas com boa resolução. Vai ser também lançar um novo equipamento em exclusivo com a MEO, o LAIQ Monaco, com acabamentos em vidro na parte traseira e também mais memória e sensor de impressão digital, com um preço que não deve ultrapassar os 150 euros. Para setembro, com o regresso às aulas, haverá mais novidades.
“A nossa ideia é manter os ciclos de vida dos produtos relativamente longos e lançar 2 a 3 modelos por ano […] Queremos ganhar respeito pela qualidade”, afirma Arnaldo Rodrigues que mostra confiança na estratégia definida e também pela aceitação dos produtos no mercado, onde a taxa de reparações é muito baixa.
Em números as metas são de chegar aos 4,5% de quota de mercado, crescendo sustentadamente 1 a 2% de quota por ano, continuando a aprofundar a capilaridade no mercado de retalho e a relação com os operadores e investindo em produtos de qualidade. E isso parece não ser muito difícil para a LAIQ.
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