A Huawei encontra-se atualmente sob fogo no mercado da indústria tecnológica. Tendo sido apanhada no meio da guerra comercial entre os Estados Unidos e a China, a fabricante tem sido utilizada como uma espécie de moeda de “chantagem” do governo de Donald Trump. O certo é que a tecnológica chinesa tem vindo a ganhar algum tempo nas proibições previstas pelo executivo americano, levantando-se dúvidas sobre se as concessões trimestrais que têm sido emitidas à empresa, se estas são válidas para apenas os produtos atuais, ou novos que venha a lançar, como Mate 30, previsto ainda para este mês.
A IFA é uma oportunidade para a Huawei revelar qual a sua estratégia de crescimento, sobretudo quando estava a aproximar-se da Samsung, a líder mundial na venda de smartphones, e como pretende contornar a crise com os Estados Unidos. Sobretudo nesta importante fase de transição para o 5G, onde a empresa parecia estar na frente da corrida. No entanto, promessas feitas para o evento foi a revelação do novo processador Kirin 990, um novo passo tecnológico para a gigante chinesa, e aquele que iria alimentar os próximos flagships da empresa.
Segundo o que já se sabia, o Kirin 990 adota uma nova tecnologia composta pelo processador Cortex-A77 e GPU Mali-G77 da ARM, recorrendo a um processo de “bolacha” de 7 nm+EUV. A empresa garante que a maior densidade do transístor, em 36%, confere um ganho na eficiência de processamento. Pela primeira vez na família Kirin, o processador suporta gravação de vídeo 4K a 60 FPS, como principal funcionalidade.
Abrindo o evento com um vídeo da banda germânica Ramnstein, com o novo single “Radio”, a música serviu de mote para o tema geral da IFA, o 5G, e a forma como a nova geração móvel irá afetar a tecnologia. Richard Yu, o CEO da Huawei, iria assumir o palco do auditório na IFA e trazia como tema para o seu keynote os "desafios e oportunidades tecnológicos". A empresa vive tempos de mudança de paradigma, sobretudo se o embargo dos Estados Unidos se manter.
Richard Yu começou por fazer um relembrar os seus dois anteriores chips, o Kirin 970 e o Kirin 980, destacando a liderança na inteligência artificial no segmento mobile. Dois anos depois, destaca que a sua AI.API foi feito download 1,6 biliões de vezes. O executivo destaca que a sua nova geração de processador suporta Mobile AI 2.0 é o novo conceito da empresa, que significa tecnologia 5G, mais inteligência artificial no próprio dispositivo, assistido por computação em cloud de IA, em tempo real. De forma ambiciosa, Richard Yu destaca que o novo processador supera as soluções concorrentes, como o Snapdragon 855 com o modem X50 da Qualcomm, os da Samsung, etc.
O Kirin 990 5G é o primeiro SoC 5G com a tecnologia de 7nm+ EUV, e o primeiro com GPU 16 cores Mali-G76. A tecnologia de 7nm+ EUV é a mais recente, capaz de combinar 10,3 mil milhões de transistores. Quanto a velocidades 5G, o processador consegue fazer downloads a 2,3 Gbps e uploads até 1,25 Gbps.
Richard Yu abordou ainda os desafios presentes ao 5G, como o sinal fraco, o consumo de energia, e por isso refere que através de um Uplink inteligente, é possível ter maior eficiência de banda. Com o seu novo chip consegue obter até 44% de poupança de consumo face aos processadores anteriores. Destaca ainda o seu receptor adaptivo avançado, para garantir que a velocidade do 5G não se altere em deslocações. O Kirin 990 5G suporta ainda dual SIM, um para dados 5G, outro para chamadas VoLTE. A empresa está ainda a preparar não o presente, mas o futuro das ligações 5G.
Richard Yu salienta que nos últimos dois anos, melhorou a perfomance da IA em 12 vezes. O chip ganha seis vezes mais perfomance e oito vezes mais eficiência. O executivo refere que suporta mais de 300 operadores de IA, face à concorrência que suporta 100. Cobre cerca de 90% dos computadores de processamento neural.
O processador Kirin 990 5G faz parte da arquitetura Da Vinci, destacando-se pelo pequeno núcleo, assim como consumo de energia ultra-baixo, refere Richard Yu. Nesse sentido, a empresa espera ganhar até 24 vezes mais eficiência. Na prática, o processador consegue remover fundos, recortando as personagens dos filmes, assim como criar o efeito Bokeh em tempo real.
A melhoria na eficiência de consumo é chave para os dispositivos da empresa, por isso, mudou os 10 cores para 16 cores Mali-G76 no que diz respeito ao processador gráfico, olhando obviamente para o mercado dos videojogos. O sistema de smart cache promete aumentar não só a qualidade gráfica dos videojogos, mas a estabilidade. Foi mostrado PUBG como exemplo, a correr uns sólidos 60 FPS.
O Kirin 990 5G pretende ainda melhorar o sistema ISP das fotografias, diminuindo com melhor eficiência o granulado das imagens, sobretudo em ambientes de baixa iluminação. Por outro lado, o processador suporta um sistema de ventilação para manter o equipamento o menos quente possível.
O Kirin 990 será lançado tanto na versão 5G, mais poderoso no processamento, mas também uma versão standart destinada a equipamentos sem ligação de 5G. Richard Yu acaba mesmo por confirmar uma das perguntas: O Mate 30 será mesmo suportado pelo Kirin 990.
Destinado ao setor dos wearables, a Huawei confirmou ainda o novo processador Kirin A1, destinado a earbuds, com o objetivo de reduzir a latência, mas também o consumo de energia. A empresa promete enviar o sinal sonoro para os dois lados em simultâneo, aumentando a qualidade de som. O chip garante Ultra high-definition audio, mas também melhores conexões sejam a auscultadores ou smartwatches. Nesse sentido, Richard Yu puxou do bolso dos novos FreeBuds 3, alimentandos pelo Kirin A1, considerando ser a terceira geração de auriculares sem fio. O destaque vai para o seu design simples, mas ao mesmo tempo ergonómicos, para serem confortáveis no ouvido. O design Dolphin Vocal Cavity, disponível em duas cores, branco e preto gloss.
Os FreeBuds 3 pretendem ainda combater o barulho, apresentando um sistema inteligente de cancelamento de ruído. A empresa garante que tem um sistema adaptativo até 15 dB de redução do barulho do ambiente. O bone sensor, pretende captar as vibrações dos ossos do maxilar para melhor experiência de som. Por fim, a ambição de combater o vento, apresentando um sistema patenteado de filtro para o microfone. A Huawei garante que mesmo no gaming, o seu sistema apresenta menos latência. E sobre a autonomia, tem 4 horas com um carregamento, e 20 horas na sua dock de carregamento.
Por fim, Richard Yu ainda apresentou um sistema de Wi-Fi doméstico, baseado em power line, o Huawei Q2 Pro, pretendendo melhorar as conexões em casa.
Destacando o sucesso do P30 Pro, e da forma como a Samsung "copiou" o design de cores do seu smartphone para o S10, Richard Yu reveou dois novos designs, o Mystic Blue e Misty Lavender (rosa), destacando-se a superfície glossy e mate, para combater as dedadas. O P30 foi também atualizado com Android 10, ou melhor o EMUI 10 está agora adaptado ao novo sistema operativo da Google, beneficiando das novas funcionalidades, incluindo o Dark Mode. A beta do EMUI 10 arranca este mês, e os novos modelos P30 serão lançados já no dia 10.
O SAPO TEK está a acompanhar todas as novidades da IFA 2019 e pode seguir as notícias que estão a ser reveladas na feira de eletrónica de consumo em Berlim.
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