Judith Zijlstra, investigador do Instituto para a Investigação de Ciências Sociais da Universidade de Amesterdão, juntamente com Ilse van Liempt da Universidade de Utrecht, publicou um estudo sobre a utilização de tecnologia móvel pelos migrantes do Afeganistão, Irão e Síria. As conclusões, ao contrário do que habitualmente se pensa, mostram que os migrantes e refugiados utilizam smartphones para “comunicação, mapeamento e redes sociais durante as suas viagens”.
Diz ainda o estudo que os “migrantes do Afeganistão, Irão e Síria costumam utilizar tecnologia móvel para os ajudar a escapar ao destino no seu país de origem e encontrar uma nova casa”. A tecnologia, nestes casos, é regularmente utilizada como um guia para destinos e pontos de passagem, como a Turquia e Grécia. Para além disso, um smartphone ou um tablet pode funcionar também como ponto de contacto entre amigos e família que, muitas das vezes, sabem assim das suas necessidades e agilizam ajudas que podem fazer toda a diferença na continuação da viagem destes utilizadores.
Para a compreensão do fenómeno, Zijlstra e Liempt dizem ter utilizado uma "metodologia [que] leva a um melhor entendimento da migração irregular porque nos permite capturar as dinâmicas complexas que envolvem os processos de migração irregulares e reflectem-se em decisões tomadas por migrantes ao longo do processo”.
Na prática, esta técnica permite-lhes afirmar agora que a mobilidade dos migrantes aumenta com o acesso individual à informação online durante a sua jornada. Ao serem promovidas novas ligações entre utilizadores, que consequentemente aumentam o seu nível de confiança em quem com eles se cruza, estes procuram obter novas informações junto de outros contactos que já tenham passado pelo mesmo.
Ter um smartphone não é, no entanto, um remédio para todos os males. Apesar de facilitar algumas partes do percurso, a tecnologia não pode ser encarada, por si só, como um garante do sucesso da viagem. "Diferenças no histórico educacional, literacia digital e conhecimentos de línguas estrangeiras, têm um impacto importante na capacidade que os migrantes demonstram em criar vantagens através da tecnologia móvel", explica a equipa, acrescentando que, apesar disso, os migrantes continuam a ser quem tem de fazer as decisões estratégicas acerca da sua viagem.
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