A proliferação da desinformação, ou fake news como é agora popular na internet, sejam nos websites ou redes sociais, é um dos flagelos atuais da sociedade. A incapacidade de muitos utilizadores não conseguirem distinguir uma notícia falsa entre as verdadeiras leva-os muitas vezes a contribuir para a sua propagação. E numa altura em que a população passou por um confinamento devido à pandemia de COVID-19, essa ânsia de procurar informações e novidades sobre o progresso da cura ou o número de infetados, torna-a mais vulnerável a ataques de agentes malignos.

É neste contexto que o Centro Nacional de Cibersegurança (CNSC) em parceria com a agência noticiosa LUSA, criaram o curso de e-learning Cidadão Ciberinformado, procurando garantir um conjunto de competências para auxiliar os seus participantes a perceber melhor o termo fake news, entre outros conceitos. A formação inclui dicas que permitem, por exemplo, identificar e compreender melhor a veracidade de uma notícia ou qualquer outro tipo de informação que seja publicada online.

Segundo referiu Lino Santos, coordenador do CNCS ao SAPO TEK, este curso foi pensado há um ano, e está inserido num contexto de combate à desinformação enquadrado na estratégia europeia de combate às fake news. A CNCS já tinha uma experiência de um outro curso, o Cidadão Ciberseguro, achando que seria interessante, numa lógica de literacia mediática oferecer um curso simples, acessível e gratuito que contribuísse no consumo mais critico de informação. “No fundo apostar na criação de competências para os cidadãos terem uma atitude crítica e atenta relativamente a fake news e fenómenos associados”, salienta Lino Santos.

Antecipando o curso, que terá início na próxima terça-feira, dia 23 de junho, Lino Santos deixa algumas dicas para que as pessoas melhor compreendam e identifiquem a veracidade de uma notícia ou informação que têm acesso online: “Ficar atento a este tipo de notícias quando tem uma forte componente emocional”. É explicado que os utilizadores devem tentar verificar tanto o título como o conteúdo da respetiva notícia quando tocam no lado emocional, pois muitas vezes podem não bater certo (os chamados click baits). Por outro lado, aconselha os utilizadores a verificarem esses conteúdos em fontes que têm a certeza de serem credíveis.

Por outro lado, o curso pretende ainda dotar as pessoas que participarem a identificar instrumentos técnicos que permitem ver a autenticidade das imagens ou mesmo a linguagem com que é escrita a notícia. Por exemplo, a utilização da Google para determinar a origem das imagens, caso estas tenham sido utilizadas em outras notícias e sobretudo, em outros contextos distintos.

Para Lino Santos, as redes sociais são as plataformas utilizadas para a amplificação deste tipo de notícias, “e com o recurso de técnicas bastante sofisticadas, tais como robots para aumentar a reputação dessas mesmas notícias e amplificar a sua divulgação”.

Fazendo uma avaliação sobre o conhecimento da população portuguesa para a temática das Fake News, Lino Santos refere que o CSNS não faz a monitorização do tema, mas destaca o trabalho feito pelo ISCTE, que tem um barómetro em Portugal. O seu contributo é a sensibilização e treino da sociedade, sendo um instrumento virado para o cidadão em geral para combater comportamentos mais críticos e a promoção de um consumo “mais informado” dessa mesma informação.

Dentro do contexto da pandemia, que obrigou as pessoas a ficarem em casa, seja em teletrabalho ou layoffs, Lino Santos confirma que passou-se a consumir mais informação na internet, assim como o uso das redes sociais. Considera perfeitamente normal este comportamento durante o confinamento, como confirmam os gráficos com a informação que a Anacom tem partilhado com base semanal, sobre o aumento exponencial de tráfego durante este período, em cerca de 40%.

Também a novidade do confinamento leva as pessoas a consumir mais informação, seja os indicadores sobre o crescimento dos infetados pelo mundo, numa altura em que a população está mais atenta e ansiosa sobre o tema pandémico, refere Lino Santos. “Obviamente que esta atenção excecional da população as torna mais vulneráveis porque imediatamente surgem atores maliciosos e atividades como esquemas de fraude, fake news, furto de identidade e fraudes bancarias.

Durante a navegação, as pessoas devem desconfiar do título e texto quando não pertencem às fontes de informação credíveis. “Se virmos uma partilha de uma notícia bombástica, caso seja verdadeira, esta estará certamente num canal noticioso tradicional, por isso devem ser feitos os devidos cross checkings”, destaca Lino Santos. Refere ainda que o curso apela os cidadãos para o caso de, na dúvida, não partilhar essas notícias para que não se torne cúmplice na propagação de fake news. Pode ler e achar que é bombástica, mas sem verificar a sua veracidade não a deve partilhar.

O curso Cidadão Ciberinformado é descrito como essencial para todas as faixas etárias, tendo uma duração de três horas, mas por ser em formato online pode ser feito com pausas, por módulos. No final de cada módulo, os utilizadores recebem um Quiz com perguntas relacionadas, e no caso de obter uma nota geral acima dos 75% receberá um certificado da CNCS, um ato simbólico para um cidadão responsável.

Poderá inscrever-se no curso no seguinte endereço, com início marcado para a próxima terça-feira dia 22 de junho.