Está executado 40% do investimento previsto na Agenda Microeletrónica, um dos projetos financiados pelo Plano de Recuperação e Resiliência, no âmbito das Agendas Mobilizadoras. Criado no início do ano passado, o consórcio de 17 entidades propõe-se desenvolver 25 produtos, processos e serviços, que ajudem a colocar Portugal no mapa europeu da indústria de semicondutores. O investimento total alocado ao plano é de 68 milhões de euros, 28 milhões estão já no terreno.
Os resultados do trabalho realizado até à data foram abordados esta terça-feira na conferência Micro.electronics: Portugal as a Global Player in the Semiconductor Market, inserida na Aveiro Tech Week e para os promotores “reflete um bom ritmo dos projetos”.
As principais áreas de investimento da Agenda Microeletrónica estão centradas no “Semiconductor Advanced Packaging”, industrialização de produtos baseados em circuitos óticos integrados, novas redes de acesso de alto débito e tecnologias híbridas de produção. Estas últimas servem indústrias como a automóvel, da segurança, comunicações ou energia.
A agenda é liderada pela ATEP – Amkor Technology Portugal. A Amkor é a multinacional que comprou a Nanium (ex-Qimonda) e tem uma fábrica em Vila do Conde. Opera na área de back-end do processo de fabrico dos semicondutores, sendo um dos maiores fornecedores mundiais de serviços de packaging e teste de semicondutores.
Neste momento, e segundo o Eco, a multinacional norte-americana estará a expandir a capacidade da fábrica local, precisamente no âmbito do financiamento do PRR à Agenda da Microeletrónica. Esta expansão serve para equipar a estrutura com novos equipamentos e aumentar a capacidade de produção, para acomodar novas linhas de packaging avançado de chips.
100% da capacidade de produção da Amkor em Portugal está hoje direcionada para exportação. No ano passado a empresa terá faturado 54,6 milhões de euros, a partir de Portugal, mais 30% que no ano anterior. Quarenta dos 62 milhões de euros contratualizados no âmbito da Agenda Microelétrónica, acrescenta o jornal, irão para esta modernização e expansão da capacidade da Amkor em Portugal. A Amkor desenvolveu já também três dos produtos que vão nascer no âmbito da Agenda, há mais 10 em desenvolvimento.
Tal como as restantes Agendas Mobilizadoras, também esta foi desenhada para promover projetos inovadores, de natureza complementar e mobilizadora, que contribuam para a maior capacitação tecnológica e produtiva do sector da microeletrónica.
O objetivo é que a concretização das metas da Agenda implique o reforço das capacidades de I&D existentes em Portugal nesta área, abra caminho à transferência de tecnologia, formação de recursos humanos, cooperação internacional e reforço da capacidade para atrair novos investimentos.
Recorde-se que a Europa tem planos ambiciosos na área dos semicondutores e a meta de recuperar para a região uma quota mundial de 20% na produção de semicondutores até 2030. As agendas mobilizadoras alinham com os grandes objetivos estratégicos europeus em diferentes áreas e põem projetos no terreno até final do próximo ano.
O evento dedicado à microeletrónica e semicondutores na Aveiro Tech Week serviu para debater a importância desta área no posicionamento de Portugal no contexto europeu e mundial. O país pode não ter condições para atrair investimentos como a Alemanha, mas acredita-se que pode ainda assim ter um papel relevante neste ecossistema.
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