A inteligência urbana e as soluções de smart cities estão no centro de um conjunto de debates online, os SMART PORTUGAL Webinars, organizado pela NOVA Cidade - Urban Analytics Lab, cuja primeira sessão decorreu esta tarde através da plataforma Zoom. Mas o debate acabou por se centrar mais nos desafios que o país ainda enfrenta para responder a esta crise de saúde pública e garantir a continuidade da vida das empresas e o retomar da economia, no “day after”, preparando também todo o sistema para responder a futuras crises que podem acontecer.
O debate contou com o Ministro do Planeamento, Nelson de Souza, António Almeida Henriques, Presidente da CM Viseu e Vice-Presidente da ANMP, Alexandre Fonseca, Presidente Executivo da Altice Portugal e António Saraiva, Presidente do Conselho Geral e da Direção da CIP, moderados por Miguel Castro Neto, coordenador do NOVA Cidade e subdiretor da NOVA IMS, e nas várias perspetivas foi possível identificar sintonia de ideias em relação àquilo que são os elementos essenciais para que as organizações sobrevivam a esta fase, e saiam da crise pandémica reforçadas, mais digitais e com processos mais ágeis. E isso terá naturalmente impactos positivos na economia e nas famílias.
A capacidade das redes de comunicações chegarem a lugares remotos, e suportarem uma mudança no padrão de consumo de voz e dados, assim como de TV e streaming, foi um dos destaque deixados pelos intervenientes, reconhecendo que sem uma infraestrutura de nova geração não seria possível que muitas empresas tivessem colocado os seus trabalhadores em teletrabalho.
António Almeida Henriques, presidente da Câmara Municipal de Viseu e vice-presidente da Aassociação Nacional de Municípios (ANMP), reconheceu que “estamos a interpretar um papel de um guião não escrito”, com a sua autarquia a ativar o plano municipal de emergência que nem estava preparado para uma pandemia. As necessidades de sáude pública e de apoio social são uma das exigências, mas todas as questões serão mais fáceis de ultrapassar com maior coesão territorial, e utilização de ferramentas digitais, onde há ainda algumas dificuldades.
“Os que estavam à frente a nível tecnológico e de digitalização estavam mais preparados e foi mais fácil a adaptação”, admitiu António Almeida Henriques.
Em sintonia com a necessidade de coesão territorial, Alexandre Fonseca lembrou que só com a aposta que foi feita pela indústria, e em particular pela Altice, na cobertura do país com rede de fibra ótica, permite que hoje as comunicações de nova geração cheguem a mais de 90% dos lares, um número que deverá ser alargado a 95% dos lares no final deste ano. Mesmo assim avisou que “apesar deste esforço que é privado ainda não é possível que a rede chegue a 100% do território”, desafiando o Governo a complementar esta aposta da Altice com políticas públicas que garantam a conetividade de forma transversal, não esquecendo também a questão das competências digitais e a promoção da literacia.
“Só complementando a aposta nestes dois pontos [infraestruturas e competências digitais ] podemos depois massificar iniciativas como a telemedicina”, refere Alexandre Fonseca.
A necessidade de salvar a economia foi sublinhada por António Saraiva, presidente do Conselho Geral e da Direção da CIP que louvou o trabalho da Altice na criação das infraestruturas que têm permitido a tantos trabalhadores estarem em teletrabalho, e também aos alunos estudarem depois das escolas fecharem. “Depois desta crise vamos ter hábitos diferentes, vamos trabalhar de forma diferente […] a transição para a economia digital é uma das dimensões que a crise veio exponenciar”, refere.
O presidente da CIP defendeu também que é preciso não esquecer o “day after” e a forma como vamos sair da crise, e que entre as medidas que foram tomadas pelo Governo de apoio às empresas há necessidade de ter respostas mais rápidas e eficazes, simplificando o avesso. Como exemplo apontou o lay off, um regime onde estão já mais de 640 mil pessoas, e que teve quatro retificações.
Digital facilita continuidade do emprego e novas oportunidades
Nelson de Souza, Ministro do Planeamento, afirma que apesar de a pandemia ser referida como crise simétrica, por não escolher países nem regiões ou populações, na sua opinião é assimétrica, porque há impactos sociais que são diferentes entre quem sente uma forte erosão dos seus rendimentos, e quem os mantém por inteiro. Mas também consoante as empresas e as famílias estão mais ou menos preparados para as competências e utilização de ferramentas digitais.
“Esta crise demonstrou que é essencial criar redes e conteúdos que nos garantam acesso ao mundo dos serviços e coisas tão simples como a Escola, Saúde, Justiça, Segurança Social e Segurança interna”, afirma Nelson de Souza.
Para Alexandre Fonseca, nas empresas esta crise foi um acelerador de tomada de decisão. “Decisões de risco que demorariam meses noutras circunstâncias são agora tomadas em horas”, afirma, confirmando que “as empresas estão a acelerar a transformação digital que já estava em curso, e que é uma tendência que se vai aprofundar e que é impossível de esconder ou de deixar de estar nas prioridades”. Mas para que esta continuidade exista é preciso assegurar a sobrevivência das empresas, e neste momento garantir que existe liquidez na economia, o que pode ser feito através de várias medidas de carácter financeiro e fiscal.
O CEO da Altice lembrou ainda que a tecnologia tem um papel fundamental na prevenção de futuras pandemias, ou crises. E avisou que é preciso resolver o problema de descontinuidade da informação, e da proliferação de plataformas diferentes para servir o mesmo processo, que fazem com que a informação não seja coerente e dificulte o processo de tomada de decisão.
“Não pode haver um Hospital com tecnologia A e outro com tecnologia Z e que depois a informação não exista na mesma hora e nos mesmos formatos [… ] Além da transformação digital é importante garantir a harmonização da informação para que os fluxos se interliguem de uma forma mais eficiente”, sublinhou Alexandre Fonseca.
António Almeida Henriques recorreu a vários exemplos no concelho de Viseu para mostrar que a indústria de TI pode ser uma das que ajudará o país a regressar à normalidade, e que as ferramentas digitais usadas nas smart cities poderiam ser relevantes na preparação da proteção civil, ajudando a reagir com a utilização de dados.
“Esta crise tem oportunidades, estamos a alterar partes significativas dos processos das empresas para adaptar a necessidades de fabricos de equipamento hospitalar e que cobrem necessidades nacionais como exportar, com novos mercados, novos produtos”, explicou António Saraiva, que diz que as empresas estão a encontrar oportunidades de se reinventarem e aponta o exemplo do sector do têxtil.
Afirmando que não podemos combater a pandemia e deixar morrer a economia, recorreu a uma frase que admite que é “feita” para recordar as oportunidades: “Quando outros choram +e bom que fabriquemos lenços”, lembrou o presidente da CIP.
Em momento de finalização também o Ministro do Planeamento reafirmou que temos de estar preparados para o Day After. E que para isso temos de ter modelos de negócio diferentes, acesso e uso eficiente da tecnologia que exploram melhor as competências das pessoas e estratégias que assentem na qualificação das organizações, das pessoas e da Administração Pública. “Temos de aprender com o que a crise nos ensinou e responder com o que falta”, rematou.
Nota da Redação: a notícia foi atualizada com mais informação. Última atualização 19h14
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