É difícil não imaginar um computador ou um portátil direcionado ao gaming sem vermos luzes LED refletidas nos logotipos da marca ou teclado. Mas para o Legion 5i a Lenovo apostou num portátil mais discreto, sem luzes espampanantes, numa construção muito sóbria, direcionado os recursos em coisas que os utilizadores realmente necessitam. E isso deve-se a um estudo interno que a marca fez aos seus clientes, sobretudo na área de gaming, de forma a colocar no mercado os melhores computadores possíveis, a um preço que a empresa afirma como o mais correto.
A gama Legion, que está no mercado há cerca de quatro anos, tem sido um segmento com bastante crescimento na empresa, e até existe um perfil traçado pelos dados da fabricante: os jogadores têm uma média de 25 anos e vocação para jogar competitivamente em eSports. E por isso, este Legion 5i pretende que os seus utilizadores o adotem não só pelo seu design minimalista, que passa despercebido no trabalho ou numa reunião, mas isso apenas “disfarça” o poder de performance do seu interior.
E a nova gama de portáteis da marca assenta em diferentes linhas orientadoras dos objetivos para este ano, desde o propósito de dar aos jogadores o que realmente necessitam à mobilidade caso necessitem de transportar o computador. Mas não se deixe enganar, pois apesar de ser um portátil, este pesa quase 2,5 kg, sem contar com o enorme transformador; e as suas dimensões generosas não são práticas para levar na mochila no dia-a-dia. Mas no entanto, caso tenha de visitar um amigo ou participar numa LAN Party (infelizmente inexistentes durante este período pandémico) este pode ser facilmente transportado, invés de uma torre.
Design minimalista mas com utilidade
Mesmo tendo um design minimalista, isso não significa que este Legion 5i não tenha charme, porque tem bastante. Com o portátil fechado vemos o logotipo em prateado da Lenovo, gravado com relevo na extremidade perto da dobradiça. Do outro lado o registo do logo Legion esculpido diretamente do plástico da tampa em relevo e sem qualquer iluminação. E não existe distinção de cor entre a tampa e o chassis, ambos são aquilo que a marca chama de “Preto Fantasma”.
Fechado, este “grandalhão” parece um dossier (só lhe faltavam as argolas na zona das dobradiças). Esse efeito é conseguido pelo sistema de dobradiça assentar a cerca de dois centímetros para dentro da base do portátil. O portátil não faz uma dobra convencional e quando aberto, o ecrã está mais chegado à frente, ficando uma área livre atrás. Essa decisão foi inteligente para retirar das laterais do portátil todas as conexões desnecessárias e que estorvam a sua utilização. Uma filosofia que vai de encontro ao introduzido no novo smartphone para gaming, o Legion Phone Duel, passando para trás os cabos.
Assim, na traseira vai encontrar a ligação do transformador de energia, a entrada de rede, uma HDMI, uma USB-C, duas USB e o cadeado. Assim, pode ter os cabos estendidos para trás, libertando espaço para assentar as mãos na secretária sem calcar fios. Ainda assim, em cada lado do chassis tem mais um USB e também entrada jack 3,5 mm para ligar uns auscultadores. Num toque subtil, quando temos o portátil aberto praticamente não vemos cabos à sua volta, o que serve o propósito dos “militantes” do cable management.
Por outro lado, esta decisão de configuração permite à marca espalhar mais exaustores de calor do chassis: um para cada lado, e dois para trás, nas extremidades da base da cablagem. Já as colunas são compostas por uma grelha que ocupa quase metade da base inferior do computador, com duas colunas secundárias em cada lado. A colocação destas é feita numa inclinação da base que une a lateral e a base inferior, numa triangulação geométrica que permite simultaneamente não ocupar espaço na lateral do computador, nem ser encostada à superfície, resultando numa melhor propagação do som.
Mesmo apesar do áudio nítido, fornecido pelas colunas Harman Kardan com tecnologia Dolby Atmos, não se espere um volume muito elevado, o que é bom, porque assim diminui a tendência para a distorção. Claro não existe melhor que um par de auscultadores quando se joga, para sentirmos todos os detalhes, seja a direção das balas dos inimigos, como o posicionamento dos adversários ao nosso redor.
Quanto ao teclado (com retroiluminação de dois níveis), apesar da sua configuração espanhola que serviu para este teste, revelou-se muito confortável a escrever. As teclas são grandes e bem espaçosas, fazendo-se valer do tamanho do chassis, e o seu formato chiclete permite assentar bem os dedos. As teclas são muito suaves, oferecendo uma experiência confortável, tanto a escrever, como a jogar. Ainda que defenda que devemos jogar num teclado dedicado, sobretudo para poupar o portátil da “violência” das sessões, para breves instantes esta solução pareceu-me muito boa. O teclado inclui ainda o conjunto numérico e botões com configuração multimédia.
De recordar que o teclado é uma das principais apostas para a gama de portáteis Legion, numa solução que a empresa otimizou através do sistema TruStrike. Este oferece 100% de tempo de resposta anti-ghosting.
Curioso o isolamento das teclas do cursor do resto do teclado, permitindo uma utilização mais confortável, sobretudo se jogar sem um comando. Tem ainda acesso a alguns atalhos para ligar o modo silencioso do portátil ou o automático. O botão de energia encontra-se no centro do chassis, na base em cima do teclado. O Trackpad, por outro lado, apresenta dimensões mais pequenas que o habitual e em comparação com outros portáteis mais pequenos, mas isso deve-se também ao facto de não ter botões dedicados, sendo um painel completo quando simula o click no botão esquerdo ou direito do rato e também é sensível e responde bem ao deslizar do dedo.
Como o chassis é composto por plástico rígido, no tom “Phrantom Black”, este apresenta uma camada agradável ao toque e não deixa dedadas. Gostei particularmente das suas arestas arredondadas, ao contrário de outros portáteis com linhas bem laminadas, que fazem vincos desconfortáveis nos pulsos, na área de descanso das mãos.
Relativamente ao ecrã, este tem 15,6 polegadas, beneficiando de uma moldura muito fina. O ecrã permite uma resolução máxima de 1080p, mas uma taxa de atualização de 144 Hz (há versões do portátil a 120 e 60 Hz) e iluminação até 308 nits, colocando-o em linha com as exigências atuais dos computadores para gaming. Importante salientar a tecnologia anti-glare que reduz o efeito de reflexos no ecrã, o que o torna uma boa opção de utilização em ambientes exteriores, com mais luz. Se necessitar, poderá abrir o ecrã até 180º, mais uma vez como se fosse um gigantesco livro sobre a mesa.
Na moldura do portátil, uma pequena saliência no centro permite albergar a pequena webcam, e para aqueles que desejam medidas extra de proteção à privacidade, esta tem uma patilha deslizante que tapa a lente. Ainda no que diz respeito à tampa do portátil, esta é robusta, abrindo-se bem com apenas uma mão. As dobradiças do chassis também são resistentes, demonstrando que o portátil está pronto para ir para a guerra.
Ainda no que diz respeito à conectividade, este portátil já suporta ligações Wi-fi 6, permitindo ligações mais rápidas caso esteja ligado a uma rede otimizada para tal, e também Bluetooth 5.0.
No interior da besta…
Por muito bom que seja as especificações de um portátil para gaming no papel, tudo se materializa quando testamos a máquina com jogos. E para o teste usei alguns títulos recentes, como Horizon: Zero Dawn. Trata-se de um título exigente quando ligados todos os filtros, ainda que escalável para correr em sistemas mais modestos. No caso de Horizon: Zero Dawn, a adaptação do famoso exclusivo da PS4, a correr com as opções em ultra aguentou-se bem a jogar em 60 FPS, ainda que trancado pela resolução de 1080p. O jogo destaca-se pela sua vegetação detalhada, efeitos meteorológicos dinâmicos que conferem uma moldura muito agradável a quem está a jogar.
Durante a sessão de jogo, uma nota positiva para o sistema de refrigeração da máquina, que embora “cuspisse” o ar quente nas suas laterais, conseguiu manter o teclado o mais fresco possível, tendo apenas ficado um pouco morno durante uma ou outra situação mais puxada. Mas o que chama a atenção é que o portátil é muito silencioso enquanto está a correr o jogo, tendo sido necessário aproximar o ouvido do computador para perceber se o sistema de refrigeração estava a trabalhar. E estava.
A Lenovo já nos tinha explicado a sua aposta numa nova geração do sistema de refrigeração Dual Burn para os seus computadores, sobretudo os mais exigentes em termos de processamento. O computador tem também o sistema Q-Control 3.0 que é um comutador entre diferentes estados do sistema. Pode ativar o modo Desempenho para acelerar o sistema em jogos mais exigentes, ou ativar o Quit Mode, que diminui ainda mais o ruído das ventoinhas, assim como a diminuição do consumo da bateria, caso não esteja ligado à tomada elétrica. Este sistema foi pensado para os jogadores que desejam fazer streams dos seus jogos, sem o incômodo do barulho do computador.
Ainda no seu interior, no que diz respeito à refrigeração, pode encontrar o Legion Coldfront 2.0, que melhora o desempenho através da câmara de vapor integrada. A empresa detalhou o seu sistema que é composto por um duplo ventilador de 73 lâminas, construídos em polímeros de cristal líquido, assim como quatro canais térmicos para alternar o ar em alta velocidade. E nesse sentido, pela experiência que tivemos, o silêncio e o morno andaram positivamente de mãos dadas.
Obviamente que o mais importante na escolha de um portátil são as suas especificações técnicas, como o processador e memórias. E para este Legion 5i a Lenovo não poupou para o tornar uma “besta”. Como processador tem um Intel core i7 de décima geração a 2,60 GHz. O modelo testado tinha 16 GB RAM, o ideal para jogar praticamente todos os jogos do mercado. E uma placa gráfica NVidia GeForce RTX 2060, o que significa que pode ativar os efeitos gráficos mais exigentes de ray tracing, ainda que durante o teste não tivesse oportunidade de testar um título compatível.
Considerando que estamos perante um portátil focado no gaming, a sua bateria de 60 Wh oferece uma autonomia de quatro a seis horas, no máximo. E se jogar sem estar ligado, obviamente que o tempo de duração diminui drasticamente. Mas o lado positivo é que o computador carrega muito rápido, caso necessite de lhe dar um pouco de “gás” e voltar a trabalhar sem corrente. A Lenovo prometeu 50% da bateria em meia hora de carregamento graças ao seu sistema Rapid Charge Pro, mas durante o nosso teste cronometrado, diríamos antes cerca de 40 minutos, mas percebe-se que é rápido para um computador deste porte.
Relativamente ao armazenamento interno, o computador oferece um SSD de 500 GB, o que nos tempos atuais é pouco, sobretudo quando as instalações dos jogos mais recentes já oscilam entre os 40 e 90 GB, ou mais se for um Call of Duty: Warzone. Por isso, deverá optar por uma versão que tenha um armazenamento com mais capacidade ou adicionar um disco sata adicional, nem que seja para instalar os jogos. Obviamente que o sistema beneficia do SSD, sendo muito rápido a fazer boot ao sistema e a usar as aplicações no geral.
De salientar também um pormenor que serve de tendência aos portáteis mais recentes: a tampa inferior está presa com uma dezena de parafusos normais Philips, pelo que poderá fazer facilmente atualizações das memórias e armazenamento.
De um modo geral, esta proposta da Lenovo para o segmento de gaming é, muito provavelmente, aquela que menos se parece como tal. As suas decisões estéticas minimalistas não retiraram o foco do objetivo da fabricante, de oferecer um portátil topo de gama para jogar, com os melhores componentes de processamento e conexão. Mas ao mesmo tempo atacar o mercado com um preço bem mais acessível, neste caso, com um preço avançado de 999 euros por componentes de topo.
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