Por Nelson Pereira (*)

Se até agora, durante e depois do surto da Covid-19, a palavra de ordem foi “Resiliência”, pouco a pouco, as organizações iniciaram as suas migrações para o mundo digital, salvaguardando-se de uma crise similar, e, aproveitando também a oportunidade para avançar com uma verdadeira transformação digital do negócio.

O que antes era “apenas” visto como o canal digital, agora é, cada vez mais, um negócio, muitas vezes implicando a criação de um novo tipo de negócio no mundo virtual distinto do negócio feito com clientes do mundo físico.

Nos últimos dois anos assistimos a um crescimento exponencial nos negócios digitais, também acompanhado por notícias preocupantes sobre falta de cibersegurança e proliferação de ataques cibernéticos. Uns com consequências piores do que outros para o cliente final, mas sempre com enormes danos reputacionais para as organizações

Neste sentido, identifico 3 tendências de IT que vão impactar as organizações em 2023:

  1. Mercado digital:

No período de confinamento, devido à pandemia de Covid, as empresas ao nível mundial, verificaram que o mercado digital, tem vantagens acrescidas quando comparadas com o mercado físico, até então preferido. Uma delas diz respeito à abrangência mundial, onde qualquer empresa pode e deve pensar que um cliente pode estar em qualquer parte do mundo, mas também a possibilidade de um cliente habitual começar a preferir não ter que se deslocar à loja física para receber o seu produto.

Ora a inovação que as organizações do setor tecnológico têm ajudado os seus clientes a implementar, tem tudo a ver com a sua própria “imaginação” para lá do mercado que tinham como hábito usar. Passar do pensamento de “Canal Digital”, para “Mercado digital” leva a que muitas empresas, através da sua inovação possam entrar nesse mercado, sempre tendo a tecnologia por base. Neste sentido, as organizações ajudam as empresas a poderem ter esta viagem que não será só de “transformação digital”, mas sim “disrupção digital”, pois algumas das empresas pensam em reformular por completo o seu produto no mercado digital.

  1. Digital Trust

Nos próximos anos, o Digital Trust também será um aspeto fulcral no ecossistema organizacional. Num primeiro nível de análise, focado no conceito de cibersegurança, mas na verdade, a visão tem de ser muito mais abrangente e envolver vários sistemas, processos e comportamentos que no final resultarão numa maior ou menos confiança dos clientes.

Uma organização que já assegure o cumprimento de normas como a ISSO 9001, ISSO 27001 e RGPD, tem implementado um conjunto de requisitos, processos e controlos que fazem com que os seus clientes possam contar com uma serie de ações para prevenir e mitigar os riscos que potencialmente os possam afetar. Respeitando estas normas é possível cobrir passos necessários. No entanto, devemos ter em contar a forma como se implementam. Muitas das empresas seguem estes procedimentos de forma manual e dessincronizada. Os piratas informáticos têm tirado partido desta falha para causar para causar danos.

  1. AI para otimização da Customer Experience e aumentar o share of wallet

Inovação é, sem dúvida, uma palavra-chave para qualquer empresa, que opere no mercado. Para além de representar um grande desafio para as organizações, será, certamente, o caminho para o sucesso do seu negócio. Só inovando é que as organizações serão capazes de desenvolver soluções que otimizem toda a sua cadeia de valor, tornando possível uma visão muito clara sobre os aspetos a serem melhorados e como os melhorar.

A tecnologia pode e deve ser um potenciador dessa inovação. Hoje em dia, as empresas têm à sua disposição tecnologias que lhes permitem, por exemplo, tirar maior partido dos dados, gerando insights sobre os seus clientes/consumidores e hábitos de consumo que podem ser decisivos para inovar na sua oferta de produtos ou serviços, aproveitar o potencial da Inteligência artificial para melhorar a sua customer experience ou aumentar share of wallet, automatizar processos, ao serviço da eficiência operacional ou capitalizar o potencial das tecnologias low-code para reduzir significativamente o seu time-to-market.

Em suma, 2023, será um ano em que projetamos um impulso contínuo no sentido de tornar os negócios cada vez mais rápidos, ágeis, mas sobretudo transparentes. Os consumidores exigem que os produtos e serviços em que investem sejam energeticamente eficientes e apoiados por uma tecnologia mais sustentável.

(*) CTO da Noesis