Por João Pereira (*)

A Inteligência Artificial veio mesmo para ficar e o setor do Crédito não escapa. Se há uma década pedir um empréstimo era tido como um processo moroso e burocrático, hoje a IA está a gerar uma transformação que promete rapidez e eficiência. Mas também há perigos.

Vamos por partes.

A aplicação da Inteligência Artificial no processo de pedir e atribuir crédito vai trazer vantagens claras para consumidores e instituições financeiras, nomeadamente:

  • A automatização da análise e aprovação dos empréstimos: os tempos de resposta aos pedidos e simulações de financiamentos vão ser ainda mais reduzidos. Por exemplo, aprovar um crédito pessoal online a novos clientes vai poder ser feito, possivelmente, em poucos minutos.
  • A precisão e rapidez na avaliação de risco: algoritmos mais inteligentes e avançados vão usar dados como, por exemplo, padrões de consumo e conseguir prever melhor quem tem maior probabilidade de pagar o empréstimo, ajudando a evitar situações de incumprimento.
  • A inclusão financeira: bancos e outras entidades financeiras vão poder colocar a IA ao dispor de clientes para fomentar o conhecimento e a literacia em Crédito e Finanças Pessoais.

No entanto, o uso destes sistemas envolve desafios igualmente relevantes:

  • A possibilidade de erro: é preciso ponderar bem o uso de chatbots para apoiar os pedidos e simulações de crédito. Estes “robôs” tendem ainda a partilhar informações erradas. Num pedido de empréstimo é frequente haver, por exemplo, respostas que mencionam taxas de juro desatualizadas ou prazos de pagamento impossíveis de concretizar.
  • A privacidade dos dados: a recolha e tratamento de dados pessoais exige grande responsabilidade, não só para cumprir a lei de proteção desses dados, mas igualmente para preservar a confiança dos consumidores.
  • Falta de personalização: obter crédito não significa apenas ter acesso à melhor solução. É um processo que muitas vezes envolve pressão emocional e é preciso escuta ativa, empatia e sensibilidade. Um algoritmo pura e simplesmente não consegue dar isso.

Em bom rigor, a supervisão humana deve prevalecer. Lembrem-se, caros leitores, de que a IA deve ser apenas uma ferramenta de apoio; não um substituto total da análise humana, especialmente quando podem estar em causa a (falta de) transparência, segurança e o aconselhamento empático.

A mensagem a fixar é: continuem a confiar em seres humanos quando tiverem de tomar uma decisão financeira tão importante como a de pedir um crédito.

(*) CEO da Gestlifes