
Portugal continua a destacar-se na adoção da mobilidade elétrica, mas os desafios para acompanhar este crescimento tornam-se cada vez mais evidentes. Um novo relatório da RetailSonar sobre a rede de carregamento nacional revela que o país apresenta uma penetração de 2,3% de veículos elétricos, acima da vizinha Espanha (0.72%), assim como da Itália (0.65%).
Até 2030, o número de veículos eletrificados (BEV e PHEV) nas estradas portuguesas deverá quase quadruplicar dos atuais 269 mil para 797 mil veículos, mas a infraestrutura ainda não acompanha esse ritmo. Segundo os dados disponibilizados, a rede pública de carregamento cobre apenas 40% da capacidade necessária para a próxima década, com fortes disparidades regionais. Ou seja, será necessário disponibilizar mais 521 MW de capacidade de carregamento, face aos atuais 344 MW que, só por si, já são insuficientes para as necessidades do mercado.
A expansão da rede enfrenta ainda um problema estrutural: as limitações da rede elétrica nacional estão a travar a instalação de carregadores ultrarrápidos, essenciais para viagens de longa distância. Este bloqueio representa, de acordo com o estudo, um “sério risco para a futura adoção de veículos elétricos”.
Existe, no entanto, alguma luz ao fundo do túnel, com a implementação do novo Regime Jurídico da Mobilidade Elétrica (RJME). Através da implementação deste regime, os operadores são obrigados a alterar a forma de utilização dos postos de carregamento, para irem ao encontro do Regulamento Europeu AFIR (Regulamento (EU) 2023/1804). Foi aplicado um período transitório que durará até 31 de dezembro de 2026.

Operadores e capacidades
Em termos de operadores atualmente em atividade no mercado nacional, 43% da capacidade instalada pertence a quatro operadores, sendo a restante concorrência bastante fragmentada, com vários operadores a disputar diferentes valores de quota de mercado. Em termos de capacidade, os operadores dominantes são a PowerDot com 48 MW de capacidade, seguido pela Galp Power e EDP Comercial, ambos com 38 MW, e a Atlante com 25 MW.

Estes operadores, para além de terem maior capacidade instalara, são igualmente quem disponibiliza o maior número de postos de carregamento, com a PowerDot a disponibilizar 1088 postos (153 postos ultrarrápidos), a EDP Comercial com 1060 postos (54 ultrarrápidos), a Galp Power com 927 postos (112 ultrarrápidos) e a Atlante com 886 postos (12 ultrarrápidos). Segundo o relatório, a IONITY, apesar de ter apenas 54 postos, estes são todos do tipo ultrarrápido, com uma maior potência média de 344 kW.
Irregularidades regionais
Como se não bastasse todas as limitações em vigor, existe ainda a questão da disparidade na oferta de postos de carregamento em termos regionais. Segundo o relatório da RetailSonar, só dois municípios estão já preparados para lidar com a capacidade de carga que será necessária para 2030, os municípios de Beja e da Guarda, com uma capacidade já disponibilizada de 9 MW e 7 MW, respetivamente. Entre as regiões pior preparadas encontra-se os Açores, Lisboa, Madeira, Porto, Braga e Setúbal.

Crise de verão 2025: roubo de cabos
A pressão sobre a rede nacional foi ainda maior este verão, com a ocorrência de vários episódios de roubo de cabos em postos de carregamento rápido em todo o território nacional, incluindo a estação da Tesla Supercharger na Mealhada, onde foram cortados todos os cabos dos postos de segunda geração (stalls V2) e de 6 dos 12 postos de quarta geração (stalls V4), que deixaram milhares de condutores em apuros durante as férias.

Estes incidentes não só criaram constrangimentos logísticos como também expuseram a fragilidade do ecossistema de carregamento nacional, que ainda depende de um número relativamente limitado de pontos de alta potência, especialmente para quem habitualmente ruma para o Algarve durante as férias de verão.
Planeamento inteligente e regionalizado
Apesar destes obstáculos, Portugal mantém-se entre os países do sul da Europa com maior dinamismo no setor, mas o futuro exigirá um planeamento mais inteligente e regionalizado para responder ao crescimento previsto da frota elétrica a nível nacional.
Caso contrário, a experiência de conduzir um veículo elétrico ou eletrificado (como os PHEV) em Portugal poderá ficar marcada por tempos de espera e dificuldades de acesso a carregadores, sobretudo em períodos de maior procura e em regiões com menor disponibilidade (tendo em conta as necessidades da região).
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