A Nvidia acredita que o "boom" da inteligência artificial está longe de terminar e que isso também se aplica ao crescimento da procura de chips. Pelas contas da empresa mais valiosa do mundo, que alcançou o estatuto precisamente à boleia dessa procura, os próximos cinco anos vão dar muitos motivos para sorrir à Nvidia. A tecnológica calcula que os gastos com infraestruturas para IA vão somar 3 a 4 biliões de dólares (3 a 4 triliões de dólares na escala de classificação usada nos Estados Unidos) até ao final da década.

“Uma nova revolução industrial começou. A corrida pela IA está em andamento”, sublinhou Jensen Huang na apresentação de resultados da empresa esta quarta-feira, citado pela imprensa internacional.

As declarações do CEO serviram para tranquilizar os investidores da empresa que, mesmo com resultados recorde, ficou abaixo das estimativas do mercado no que se refere às vendas para o mercado de datacenters, o seu principal motor de crescimento. Este foi o segundo trimestre consecutivo em que a Nvidia ficou abaixo dessas estimativas.

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As receitas da Nvidia nessa área atingiram os 41,1 mil milhões de dólares no trimestre. A geração de chips Blackwell, a mais avançada, gerou vendas de 27 mil milhões de dólares. Globalmente, a Nvidia obteve receitas de 46,7 mil milhões de dólares, mais 56% que no mesmo período do ano passado. Os lucros da tecnológica também cresceram, atingindo os 26,4 mil milhões de dólares, mais 59% do que no período homólogo. Nestes dois indicadores, os resultados foram melhores que os previstos pelo mercado.

Como mostra uma análise da XTB, ainda assim as ações da tecnológica caíram 2,4% na sequência da divulgação dos resultados, embora o impacto real dessa oscilação só se confirme esta quinta-feira no mercado regular.

Nos últimos meses várias análises e comentários de especialistas do sector falam em sinais de abrandamento no crescimento do mercado de IA e na margem de valorização ainda existente para empresas como a Nvidia, que está no “olho deste furacão”.

Têm surgido cada vez mais vozes a considerar que há um entusiasmo exagerado em torno de empresas como a Nvidia, cujas ações no ano passado triplicaram de valor e só este ano já valorizaram 35%, segundo a CNBC. Em julho, a tecnológica passou a valer mais de 4 mil milhões de dólares.  Sam Altman, CEO e cofundador da OpenAI, dona do ChatGPT, foi um dos líderes do sector a deixar o alerta e a dizer recentemente que os investidores podem estar “entusiasmados demais” com a IA.

Para o próximo trimestre, a Nvidia prevê vendas entre 52,9 mil e 55,1 mil milhões de dólares. Além dos data centers, como assinala a XTB, o mercado de jogos voltou a ganhar destaque nas vendas da empresa, com a chegada dos PCs com IA. A área da robótica e o sector automóvel também cresceram de forma significativa nas vendas deste trimestre.

As previsões da Nvidia não fazem qualquer referência à retoma nas vendas dos chips avançados H20 para a China, já autorizada pelos Estados Unidos, a troca de uma parte das receitas.