O metaverso vai contribuir entre 259 e 489 mil milhões de euros para o Produto Interno Bruto da União Europeia em 2035, cerca de 1,3 a 2,4% do total, de acordo com os dados apurados num estudo patrocinado pela Meta.

A Europa não é a região do globo mais bem lançada para tirar vantagens económicas do metaverso, mas o ecossistema que vai suportar a próxima geração da internet já mexe em várias áreas e, curiosamente, as taxas de utilização de soluções de Realidade Aumentada e Realidade Virtual estão ligeiramente acima na Europa (10%), face aos Estados Unidos (9%). Bélgica, República Checa e Finlândia são os países que, para já, mais se destacam pelos investimentos nestas áreas.

Por sectores, a pesquisa realizada pela Deloitte identifica já uma tendência na região das marcas de retalho para explorar formas de ligar os consumidores ao metaverso, citam-se aqui os exemplos da Adidas, com as parcerias na área dos NFTs, e a Gucci, com uma estratégia já apresentada para o metaverso, como casos de referência.

Destacam-se igualmente as iniciativas na área da agricultura, para tentar pôr as tecnologias do metaverso ao serviço de uma produção mais rentável, e a importância que o sector automóvel tende também a assumir nos investimentos em tecnologias do metaverso. Já estão em marcha vários projetos para tirar partido da realidade virtual na produção em fábrica (com soluções de gémeos digitais, por exemplo) e na formação, como vias para melhorar a segurança e a eficiência dos processos.

Potencial do Metaverso - estudo Meta/Deloitte
créditos: Meta

O mercado de gaming é, no entanto, visto como aquele que está em melhores condições para primeiro dar dimensão ao metaverso na UE, sendo já responsável por 30% das vendas de RV/RA na região, logo seguido pela indústria de media e entretenimento, que gera 20% da receita nesta área.

Nos serviços, uma das áreas de maior potencial, sublinha-se, é o turismo, ou não fosse a região destino de 67% do turismo internacional e de 50% das receitas globais do sector.

Ainda no que se refere à Europa, a pesquisa avalia em detalhe o potencial do metaverso em alguns países (Polónia, República Checa, França, Alemanha, Itália, Suécia e Espanha). Para Espanha, por exemplo, prevê-se que o metaverso possa valer entre 28 e 53 mil milhões de euros em 2035. Neste leque de países, verifica-se também que Itália, Polónia, Espanha e Suécia são aqueles onde já existe uma maior familiaridade com o conceito de metaverso.

No resto do mundo, os maiores destaques vão para os Estados Unidos e para a região Ásia-Pacífico. Os Estados Unidos apresentam-se, para já, como o país em melhor posição para tirar partido e liderar os desenvolvimentos no metaverso, a nível global. As empresas americanas já estão a tirar partido das tecnologias do metaverso para criar novas fontes de receita ou melhorar as que já têm, com muitas marcas e retalhistas a acrescentar produtos digitais às ofertas físicas. Outras optam por usar o metaverso como forma de promover as suas ofertas mais tradicionais e dar ao cliente a possibilidade de experimentar antes de comprar.

O estudo identifica ainda sinais no país de uma consciência crescente relativamente ao poder das tecnologias do metaverso para promover eficiência operacional em áreas como a formação de funcionários em realidade virtual imersiva, com benefícios para o trabalho remoto e pela capacidade de criar réplicas virtuais para otimizar processos físicos. A utilização de gémeos digitais, que já começa a ser uma prática em algumas indústrias e que permite otimizar objetos ou edifícios antes de serem criados, é o exemplo apontado.

Estima-se que em 2035 tudo isto se traduza num impacto entre 402 e 760 mil milhões de dólares para o Produto Interno Bruto dos Estados Unidos.

A região Ásia-Pacifico lidera o desenvolvimento e adoção de tecnologias do metaverso. No ano passado, um outro estudo da Deloitte já identificava que o ecossistema do metaverso poderia contribuir entre 800 mil milhões de 1,4 biliões de dólares para o PIB da região em 2035. No universo de países que cabem na região destacam-se o Japão, Taiwan e a Coreia, já com muitos serviços virtuais nas mais diversas áreas.

Noutras regiões do globo, como o Médio Oriente e o Norte de África, o apetite crescente por soluções imersivas e novas ferramentas digitais também é destacado, com os Emirados Árabes Unidos e a Arábia Saudita a assumirem um lugar de destaque nessas áreas de inovação, em termos de volume de investimento.

A Arábia Saudita quer assumir-se como um hub global de inovação nesta área e está a investir 1.000 milhões de dólares em projetos relacionados. O Dubai lançou uma estratégia para o metaverso e tem como objetivo tornar-se uma das 10 maiores economias do mundo nesta área, por via de inovações nas áreas do turismo, imobiliário, educação, retalho e serviços públicos.