A previsão da IDC Portugal para o investimento em tecnologias de informação e comunicação mostra que, pela primeira vez, vai ser ultrapassada a fasquia dos 5 mil milhões de euros, o que representa um crescimento de 3,9% face a 2021.

“Apesar desta aceleração, devemos ambicionar mais para Portugal e para a Europa”, defende Gabriel Coimbra. “O tecido empresarial tem de acelerar ainda mais a transformação digital, a transição digital no Setor Público tem de ser mais rápida, Portugal tem obrigatoriamente de apostar mais na criação e atração de talento, posicionar-se como um HUB para vários ecossistemas digitais e reforçar o foco na sustentabilidade”, justifica vice presidente do grupo e Country Manager da IDC Portugal, lembrando que o sucesso de Portugal nesta economia cada vez mais digital tem de ter por base estes cinco pilares.

Na sessão de abertura do IDC Directions, que decorre hoje no Centro de Congressos do Estoril, os dados partilhados indicam que mais de 50% do investimento em software vai ser feito em modelo as a service, e que a tecnologia cloud já é dominante. Segundo a IDC, este modelo ultrapassa já significativamente os esquemas de licenciamento de software tradicionais.

As perspetivas de evolução para os próximos anos são positivas e a indicação é que os investimentos diretos em transformação digital vão acelerar para um crescimento anual médio de 16,5%, no período de 2022 a 2025.

Grande parte do investimento em tecnologia e no digital será canalizado para novos casos de utilização de transformação digital nas organizações. Já em 2023, 52% do investimento em tecnologia será canalizado para iniciativas digitais, com a expectativa de um crescimento anual médio de 16,5% no próximo triénio.

Ainda assim, a IDC admite que o contexto geopolítico instável causado pela guerra entre a Rússia e a Ucrânia pode alterar as perpectivas económicas e de negócio para os próximos anos e as previsões de evolução. "Não obstante continuarmos a prever crescimento para 2022 e 2023, a impacto da guerra, da inflação e do respetivo abrandamento económico fará com que o crescimento em Portugal cresça menos de 1/3 do que estava previsto", sublinha Gabriel Coimbra.

Os setores que vão sentir maior o impacto da guerra, da inflação e do respetivo abrandamento económico serão os transportes, serviços pessoais, retalho, indústria e construção.

Portugal consolida desenvolvimento da 3ª fase da transformação digital

A IDC indica que Portugal já entrou no mundo do "digital first" que caracteriza a 3ª fase da transformação digital. A 3ª plataforma representa já  dois terços do mercado e vai continuar a crescer dois dígitos.

“Estamos a consolidar o desenvolvimento da 3ª plataforma, e vamos a partir de agora ver todo o mercado a adotar e a avançar com a transformação, com base nesta 3ª plataforma. Mas a 4ª plataforma está a chegar! A Web 3, o Metaverso, as tecnologias de next generation estão a começar a avançar e ninguém pode ficar para trás” diz Gabriel Coimbra.

De acordo com os dados, o investimento em Inteligência Artificial e Realidade Aumentada/Realidade Virtual (AR/VR) vai crescer 24,3% e 56,6%, respetivamente, até 2025 e uma das áreas de maior crescimento é a de Blockchain, que avança 34,6% no mesmo período.

O investimento em TI nos principais mercados verticais em Portugal vai também continuar a aumentar até 2026. Os serviços profissionais e a saúde registam o maior crescimento, com 8,1% e 7,6%, respetivamente, seguidos pelas áreas dos seguros (7,3%), governo (6,9%), transportes, retalho (6,2%) e manufacturing (6,1%). A IDC refere ainda que as áreas da Banca e das Telecomunicações são as que registam um crescimento do investimento ligeiramente mais reduzido, ainda que positivo, com valores de 5,4% e 6%.

O IDC Directions assinala este ano o 25º aniversário da conferência que se realiza desde 1997. O evento decorre no Centro de Congressos do Estoril, em modo presencial mas também com transmissão online, e conta com mais de 90 oradores.