“Analisamos o mercado há quase 60 anos e é a primeira vez que vemos essa correlação inversa entre as Tecnologias de Informação e a Economia”, sublinha o diretor geral da IDC Portugal, em entrevista ao SAPO TEK. Os dados são de 2021 e a consultora destaca a aceleração digital que foi registada com a pandemia de COVID-19, notando que 50% do PIB já é influenciado pelo digital.

Mesmo com uma das maiores quebras da história no PIB, o mercado de Tecnologias de Informação continuou a crescer, e em Portugal, onde a quebra do PIB foi maior (chegando a quase 10%), o mercado de TI cresceu quase 2%.

Gabriel Coimbra indica que a maior fatia da despesas de tecnologias de informação está agora concentrada na Cloud, com maior peso das áreas de Software as a Service (SaaS), mas também com contributo de Infrastructure as a Service (IaaS) e Platform as a Service (PaaS). É a primeira vez que a cloud vale mais de metade do dinheiro que as empresas portuguesas gastam em TI, somando a cloud pública e privada, o que mostra uma evolução acelerada para a nuvem.

Estes dados fazem parte do estudo que a IDC vai divulgar amanhã no IDC Cloud Roadshow 2022 e o diretor geral da consultora em Portugal indica que, nos últimos três anos, o crescimento do investimento nesta área tem sido significativo, com a transformação digital da economia. Em 2020 o crescimento do investimento na cloud foi de 29%, para um valor de 312 milhões de euros, enquanto em 2021 o crescimento foi de 25%, ultrapassando os 391 milhões de euros. “Vemos um crescimento brutal para a cloud e que foi acelerado com a pandemia”, explica o diretor geral da IDC Portugal, afirmando que esta tendência vai continuar.

“Para 2022 a expectativa é que a taxa de crescimento se mantenha acima dos 20% e que o valor cresça para 475 milhões de euros”, sublinha Gabriel Coimbra.

Segundo explica o consultor, estamos numa nova realidade dominada pela cloud, com a passagem de soluções tecnológicas para a nuvem, com a mudança do software para modelos de “as a service” e também o crescimento do IaaS e PaaS, com as organizações a procurarem acesso a capacidade de processamento, storage e desenvolvimento de aplicações as a service. Pelas contas da IDC Portugal, 53% do valor do mercado de cloud é SaaS e 47% de IaaS e PaaS.

Grandes e médias empresas dominam investimentos

Gabriel Coimbra admite que parece um paradoxo que, no momento em que a economia parou, as empresas conseguem investir mais em tecnologia, mas lembra que é também uma questão de sobrevivência e adaptação ao mercado. Mais de 70% do investimento em TI sai do orçamento de grande e médias empresas, com mais de 100 empregados, e as PME têm um peso mais reduzido, de cerca de 24%.

“A maioria das grandes e médias empresas estão a investir mais em TI”, explica Gabriel Coimbra, lembrando que isso aconteceu na Administração Pública, na área Financeira, Energia, Educação e retalho.

“As pequenas empresas que não se adaptaram, não criaram novos canais, não mudaram para trabalho remoto, acabam por desaparecer […] As que não se integrarem nesta economia mais dependente do digital vão ter dificuldade em manter a atividade. Para crescerem têm de abordar o mercado global”, avisa.
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Do lado dos fornecedores são as empresas que desenvolvem software as a service que mais ganham com esta mudança crescente para a cloud, nomeadamente a Salesforce, SAP e Microsoft. Os grandes fornecedores de infraestrutura na cloud, como a AWS, Google e Microsoft, também estão a beneficiar com esta mudança, assim como os operadores de comunicações, que tiram partido do interesse que existe na cloud privada e cloud privada em hosting.

Para Portugal o desenvolvimento dos hyperscalers pode ser um desafio e uma oportunidade. “É preciso criar condições para que grande hyperscalers desenvolvam datacenters em Portugal”, sublinha, lembrando que isso “é fundamental para reforçar o ecossistema digital e dinamizar o ecossistema nacional, atrair mais talento, mais empresas e a partir dai prestar serviços para outros países”.

De acordo com as previsões da IDC, até 2025, 60% das organizações implementarão serviços dedicados de cloud, e 55% das organizações vão migrar os seus sistemas de proteção de dados para um modelo centrado na nuvem, para conseguirem responder a requisitos de desempenho, segurança e conformidade.

Gabriel Coimbra destacou ainda os drivers da Cloud para os próximos anos, nomeadamente a soberania dos dados que vão levar as empresas a optar na Europa por clouds dedicadas, privadas nos seus datacenters ou em hosting, a segurança e a sustentabilidade. Para gerirem os processos 50% das organizações vão nos próximos anos por criar centros de excelência para a cloud que permita a governance de múltiplas clouds, mantendo o conhecimento dentro da empresa.

A aceleração vai fazer-se sentir também na adoção de novas aplicações e canais digitais, com 90% das novas iniciativas a serem desenvolvidas já de início na cloud, sendo que até 2025 pelo menos 50% das aplicações legacy vão passar para a cloud.

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