A expansão da Inteligência Artificial tem vantagens e desafios, nomeadamente no que ao emprego diz respeito. A quantificação deste efeito para a próxima década em Portugal mostra a perda de 481 mil postos de trabalho, apontando por outro lado a criação de 400 mil de novos empregos, que não existem atualmente, mas que surgirão em resultado dos efeitos positivos derivados da nova tecnologia.

Os cálculos estão feitos no estudo “A IA e o mercado de trabalho português”, da Randstad Research, que estima que o efeito líquido que a IA deixará no emprego do país será ligeiramente negativa, levando a uma perda potencial de cerca de 80,3 mil empregos nos próximos dez anos.

As previsões para a economia portuguesa colocam no topo das funções atuais com maior tendência para desaparecer os setores das atividades administrativas e das atividades informáticas e telecomunicações, que poderão ter potencialmente 18% e 17% dos seus processos automatizados.

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Por outro lado, os setores em que se espera o maior efeito, em termos percentuais, com criação de emprego serão as atividades informáticas e telecomunicações (29% dos novos postos de trabalho) e as atividades de consultoria, científicas e técnicas (14%).

Relativamente ao aumento de produtividade estimado, serão os setores das atividades financeiras e de seguros e das atividades informáticas e telecomunicações (36%), seguido das atividades de consultoria, científicas e técnicas (27%).

A análise qualitativa da Randstad mostra ainda que a maioria das empresas inquiridas em Portugal já utilizam IA e para uma grande variedade de funções. São 62% aquelas que já experimentaram IA, sobretudo para análise de dados; otimização de tarefas administrativas; automatização de processos e atendimento ao cliente

Por outro lado, 37,3% das empresas inquiridas - na sua maioria grandes empresas com mais de 250 trabalhadores - ainda não incorporaram IA em nenhuma das suas atividades. Entre as  principais razões apontadas menciona-se o facto de a IA estar num processo de adaptação e, por conseguinte, ainda apresentar problemas, como a falta de precisão ou qualidade dos outputs, segundo as respostas.

Além disso, os colaboradores não possuem as competências necessárias para a utilizar e as empresas não encontram aplicações que lhes permitam ser mais produtivos. Finalmente, a legislação relacionada com a AI está em desenvolvimento e há muitas incertezas relacionadas com a responsabilidade ou a proteção de dados.