Há casos de sucesso e de insucesso na abordagem de startups e empreendedores ao mercado norte americano, mas as oportunidades que existem são grandes. E conseguir financiamento nos Estados Unidos é uma forma de poder reinvestir em Portugal, como defenderam hoje Teresa Fiúza, vice-presidente da Portugal Centures e Filipe Santos Costa, presidente da AICEP – Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal, durante um debate no Portugal Digital Summit que este ano decorre a 17 e 18 de outubro na Exponor. 

Os Estados Unidos são o país convidado deste ano na edição da conferência promovida pela ACEPI - Associação da Economia Digital e por isso a ligação que existe em termos de facilitação de acesso a fundos de investimento e promoção para a localização das empresas foi um dos temas de destaque do primeiro dia. Conselhos, recomendações e experiências estiveram em destaque, mas também a ideia de que não há que ter medo das startups portuguesas criarem a sua sede ou filiais nos EUA, ou mesmo de serem compradas já que isso também se pode transformar em vantagens para Portugal.

Teresa Fiúza lembrou que Portugal está a fazer um bom trabalho no apoio de startups em fase inicial, mas que ainda há dificuldade de garantir apoio na fase de crescimento. E aqui a ligação aos EUA mostra-se virtuosa. 

"É a 'land of oportunity', a 'land of dreams' e a 'land of big money'". defendeu, explicando que das 150 empresas no portfólio da Portugal Ventures, mais de 40 já têm relações com os EUA, com sede no país ou pessoas a desenvolver negócio. "Existem oportunidades de receber dinheiro à séria, há maior facilidade de acesso aos CEOs", justifica.

Mesmo assim a vice presidente da Portugal Ventures, que foi criada para desenvolver o empreendedorismo em Portugal, lembra que as oportunidades vêm com responsabilidade e que é preciso que os empreendedores saibam estudar o mercado, a concorrência, as empresas que procuram e saber como falar com esses investidores. 

"É um país [os EUA] de muitas primeiras oportunidades e se elas têm continuidade ou não depende da forma como são exploradas", afirma Teresa Fiúza.

Filipe Santos Costa, presidente da AICEP, reconhece que há casos de sucesso e de insucesso nesta abordagem aos EUA, avisando que é preciso "perceber as regras não escritas".

Clique para ver imagens dos momentos principais do Portugal Digital Summit’23, registadas pela equipa do SAPO TEK.

"Apesar de gostarmos muito de ver campeões europeus a desenvolverem-se é preciso perceber porque é que estas regras existem", refere, apontando as obrigações de criar sede em determinados Estados nos EUA.

A preparação é importante, mas também ultrapassar alguns dogmas. "Fazemos o possível para preparar empreendedores e empresas portuguesas, sem medo de se deslocalizarem EUA porque é ai que elas vão conseguir angariar financiamento que depois possam investir cá", sublinha.

"Há coisas importantes que funcionam nos dois sentidos. Todos os bons projetos portugueses pensam em inglês e temos um talento que é fator de atração", afirma o presidente da AICEP.

Do lado da AICEP há uma série de programas de apoio e aceleração nos EUA, com atividade em várias cidades, como São Francisco, Nova Iorque e Chicago, que ajudam as empresas portuguesas a integrarem-se no ecossistema, mas que também promovem Portugal como destino de investimento.

Nesta área Filipe Santos Costa sublinha que a AICEP está muito ativa na angariação de infraestruturas, como os cabos submarinos e a garantia de que os dados são trabalhados em datacenters em Portugal.

O SAPO TEK vai acompanhar os dois dias do Portugal Digital Summit’23, a partir da Exponor. Pode ver todas as notícias aqui e assistir à transmissão em direto do evento.