Foi no palco do Web Summit que Carlos Moedas apresentou a ideia de uma Unicorn Factory, uma fábrica de unicórnios que tinha por objetivo criar novas startups com valorização superior a mil milhões de euros, e atrair unicórnios internacionais. Do discurso em 2021, com arranque em 2022, até à realidade em 2025 muito mudou, e foi também no Web Summit que foi anunciada a fixação do 17º unicórnio na cidade, com a Upworks a comprometer-se com a abertura de um hub tecnológico com cerca de 100 pessoas em Lisboa já em 2026.
Mas os números que mostram o trabalho da Fábrica de Unicórnios não ficam por aqui, e Lisboa já acolhe mais de 80 empresas tecnológicas internacionais, num ecossistema que é responsável pela criação de mais de 16.500 empregos.
“Ter 17 unicórnios é a cereja em cima do bolo e mostra a capacidade de Lisboa poder atrair estas projetos internacionais, que já são globais e escolhem ter aqui uma parte importante das suas operações”, explicou ao TEK Notícias Gil Azevedo, diretor executivo da Unicorn Factory Lisboa.
“O ecossistema português tem mais inovação do que os unicórnios que para cá se deslocaram, além dos sete que já existiam”, justifica Gil Azevedo.
Para o diretor executivo, o balanço dos três anos da fábrica que lidera desde o início passa pelo apoio à inovação e aos empreendedores desde a fase inicial de terem o primeiro produto, o primeiro investimento e os primeiros clientes até à expansão internacional com o programa de scaling up que já apoiou quase 70 empresas.
São empresas que estão a criar valor e emprego na cidade, e que também contribuem para criar um espírito de empreendedorismo jovem, num trabalho que é feito com as universidades.
Para Gil Azevedo, “Portugal, e Lisboa em concreto, está na sua 3ª fase de expansão [no ecossistema de inovação], diria que a entrar na 4ª fase”. O executivo lembra que em 2016, o primeiro ano do Web Summit em Lisboa, o ecossistema era muito local, com pouca visibilidade internacional.
“O Web Summit permitiu dar este destaque a capacidade de atrair milhares de startups empresas tecnológicas de grande dimensão que olharam para Portugal como um país onde poderiam localizar as suas operações. Isso de facto temos de agradecer ao Web Summit”, sublinha.
Foi este o impulso que entre 2016 e 2022 permitiu projetar Portugal e dar visibilidade ao talento e à capacidade de inovar, mas depois disso o ecossistema “entrou na fase de scaling up, das nossas startups terem ambição global e quererem expandir o negócio”. “Isso permitiu avançar o nosso programa de scaling up e dar as ferramentas para que os empreendedores não façam os erros que já fizeram e possam aproveitar as oportunidades para crescer”, explica Gil Azevedo, detalhando que já foram apoiadas praticamente 70 scaleups no programa que realizou este ano a 7ª edição.
“É um número muito grande, se pensarmos na nossa dimensão, e é daqui que vão nascer os futuros unicórnios”, adianta ainda, admitindo porém que nem todas chegarão a esse patamar e que muitas ficarão como empresas internacionais. “Sabemos que o tempo médio para uma empresa chegar a unicórnio são 8 anos, a nível global” justifica Gil Azevedo, e o contexto está a mudar sobretudo em termos de financiamento. “A Tekever é o nosso 7º unicórnio e esteve 20 anos para chegar a este patamar, é uma prova de resiliência”, aponta.
Divulgar a Fábrica de Unicórnios e fazer contactos internacionais
Mas é também mais difícil atrair novos unicórnios? “É sempre um dos nossos trabalhos, dar a conhecer o que fazemos na Fábrica de Unicórnios”, explica. “Por ano recebemos mais de 80 delegações que vêm conhecer o que é a Fábrica de Unicórnios e entendem a estratégia da cidade para captar mais tecnologia, que se traduz em mais investimento e emprego qualificado”, diz ainda o diretor executivo.
Só na semana do Web Summit foram 25 países que quiseram conhecer a iniciativa e visitar o Inovation District. “Esta visibilidade permite captar muita da inovação internacional”, justifica Gil Azevedo, lembrando que a estratégia é ter parcerias com estes países para as startups poderem ter apoio local em Portugal, mas também para as nossas empresas conseguirem ter esse apoio nesses países.
Hubs de inovação a multiplicarem-se
A entrevista decorreu ainda antes do lançamento do novo hub de inovação dedicado à saúde, o healthhub que está instalado no Rossio, no novo edifício do SITIO , mas Gil Azevedo abriu o jogo em relação aos projetos nesta área.
Com este projeto, a Fábrica de Unicórnios passa a contar com seis hubs de inovação, com a Inteligência Artificial, Web3, Gaming, engenharia e sustentabilidade - o AIhub e web3hub, no Alvalade Innovation District, greenhub, gaminghub e engineershub, no Saldanha, e ainda o Beato Innovation District.
"Este novo hub vem dar uma oportunidade de começar a criar uma comunidade muito forte na área da saúde, com quatro parceiros muito relevantes para apoiar estas startups a desenvolver inovação em vários ângulos”, explicou ao TEK Notícias, destacando os parceiros
O Hub vai começar com 20 startups que já fazem parte do portfólio da Fábrica de Unicórnios mas o objetivo é fazer crescer o número para as 50 startups. entre os parceiros contam-se a AstraZeneca, CUF, Linde e o European Longevity Hub, mas há mais sete parceiros de ecossistema, entre os quais está a Associação Nacional de Farmácias.
A ideia é que o healthhub reúna empreendedores, investidores e universidades, como a Católica Medical School e a Nova Medical School, assim como grandes empresas que contribuem para criar uma comunidade dinâmica.
E há mais hubs a caminho? "Continua a haver sectores muito relevantes e temos de ter capacidade para perceber se as empresas desse sector têm interesse em colaborar para desenvolver inovação. Esse é o ingrediente chave", explicou ao TEK Notícias Gil Azevedo, adiantando que "a partir do momento em que sentimos que estamos num sector que tem potencial, que temos empresas portuguesas ou internacionais que querem apostar na inovação, é um caminho para podermos inovar".
O diretor executivo da Fábrica de Unicórnios defende porém que nem todos precisam de ser hubs. "Acho que temos áreas que são naturais, se evoluem ou não para hubs depende de vários fatores", justifica. "Neste momento temos um programa de aceleração que já vai na sétima edição na área alimentar e da restauração. Temos optado por fazer programas de aceleração e temos parceiros muito grandes, como a Sonae e a Delta".
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