O Mobile World Congress atrai empresas e expositores de todo o mundo, tornando-se um espaço cada vez mais importante para realizar negócios ou parcerias. O espaço 4YFN concentra centenas de empresas com ideias, mas também produtos demonstrados localmente. Entre as empresas e startups em exposição, estavam quatro listadas na programação geral do MWC e o SAPO TEK foi à sua procura e conhecer os produtos que trouxeram para Barcelona.

Ubiwhere ajuda municípios a monetizar os seus dados

A Ubiwhere é uma empresa sedeada em Aveiro, fundada em 2007, especialista em software focado em investigação e desenvolvimento de soluções técnicas inovadoras, orientadas sobretudo para as Smart Cities. Hélio Simeão explicou ao TEK que levou algumas tecnologias mais focadas na indústria Telco, sistemas de inteligência mais próximos dos produtos finais, tais como câmaras de CCTV, sensores para o ambiente (temperatura, humidade), tráfego. “Tudo o que captamos com os sensores no ambiente em torno da nossa realidade tem de estar ligado a algum lado”, destaca o empresário, referindo que já tem uma plataforma que disponibiliza a visualização dos dados.

4YFN: A “aldeia” das startups do Mobile World Congress volta a reunir centenas de ideias e conceitos de negócio
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No que diz respeito às suas soluções de telecomunicações, o objetivo é controlar os próprios dispositivos e as aplicações que correm em cima dos mesmos. E oferecer mais inteligência aos equipamentos, tais como se tivessem mini-computadores ou mini data centers, com capacidade de processamento muito reduzida, mas que é necessário “orquestrar” todas essas máquinas e é aí que a Ubiwhere entra com as suas soluções. Essa solução utiliza “cloud to edge continuum”, ou seja, na cloud tem uma capacidade praticamente infinita de recursos, mas quanto mais se afasta da mesma mais escarços são esses recursos, sendo aí que a empresa opera.

Ubiwhere
Hélio Simeão e Daniel Carvalho Ubiwhere.

A empresa mostrou um pequeno equipamento composto por uma placa gráfica de topo (refere que custa cerca de 2.000 euros) que tem uma capacidade para gerir algoritmos de machine learning, que é o que está a mostrar no evento, para detetar pessoas, carros, acidentes, etc. A solução é tão pequena que pode ser inserida, por exemplo, num poste de iluminação, espalhados por uma cidade e tem aplicações a correr que são necessárias controlar. A empresa ajuda a controlar esses dados com as suas soluções.

Relativamente aos seus clientes, a empresa trabalha sobretudo com os municípios, com soluções para mobilidade. Tem sistemas montados em mais de 60 cidades a nível global e Granada, em Espanha, utiliza as soluções da Ubiwhere para Turismo Inteligente. A sua plataforma urbana agrega dados que são fornecidos por turistas através de uma aplicação, permitindo ao município perceber onde as pessoas vão dormir, jantar, espetáculos que assistem, etc. E com isso conseguem promover determinados eventos com os estabelecimentos e economia local, ajudando a monetizar os negócios.

Uma das suas soluções passa pela gestão do desperdício, incentivando os utilizadores a reciclar em troca de descontos nas suas faturas da água, por exemplo. A pessoa é identificada através de NFC, respeitando todas as regras de privacidade, uma vez que corre na infraestrutura pública da câmara e esses dados pessoais não são partilhados com ninguém. De um modo geral ajudar os municípios a tomar melhores decisões, tomando ocorrências, incluindo a possibilidade dos cidadãos poderem reportar buracos na estrada, árvores caídas, um animal morto e outros sinistros diretamente da aplicação. A empresa está a introduzir também algoritmos de machine learning, para prever, por exemplo, quando se faz uma obra, como é que as vias adjacentes vão reagir.

Networkme é o “LinkedIn” para estudantes encontrarem o primeiro emprego

A startup Networkme criou uma plataforma que funciona como uma ponte entre a educação e o mercado de trabalho. Esta apresenta um sistema de gameficação para ajudar os estudantes universitários a desenvolver skills profissionais, ao mesmo tempo que os promove a empresas que procuram jovens talentos. A primeira versão da plataforma foi lançada em 2021 e desde então já conta com mais de 50 mil estudantes e uma parceria com mais de 65 empresas.

A startup criada por Filipe Vieira pretende ser assim funcionar como uma espécie de rede social profissional, como o LinkedIn, direcionada a jovens graduados. Há eventos especiais e exclusivos, criados pelas empresas, com o objetivo de se criar o “match” perfeito entre as organizações e o talento, para os cargos abertos. A empresa diz que já foram realizadas mais de 45 mil atividades dentro da plataforma.

Networkme

A plataforma é gratuita para os estudantes que se registem, completando os seus dados, fazendo os respetivos testes para serem guiados para os perfis. Depois a tecnologia pode mesmo fazer recomendações de empresas que se encaixem no perfil desses estudantes ou recém-graduados, dependendo das skills e competências registadas na plataforma.

A Networkme já participa no Mobile World Congress há três anos seguidos, desde que foi criada, referindo que é uma oportunidade de se conectar diretamente com estudantes que visitam o certame tecnológico, assim como parceiros que desejam explorar a plataforma e investidores. Em Portugal, trabalha com o El Corte Inglês, o BNP Paribas e em Espanha com o Banco Inter. A startup expandiu as suas operações em Espanha há cerca de dois meses e conta atualmente com cerca de 25 colaboradores, tendo conseguido um investimento seed de 1 milhão de euros.

Hotspotty gere frotas com base em tecnologia de blockchain

O principal produto da Hotspotty, startup sediada em Lisboa, é uma ferramenta que ajuda a criar hotspots de dados com a ajuda da comunidade, incentivada a partir de ganhos em criptomoeda. Para o MWC a empresa levou um sistema de gestão de frotas para equipamentos de infraestruturas. As empresas que necessitam de criar uma infraestrutura de IoT em Portugal ou qualquer parte do mundo pode utilizar a solução da Hotspotty para gerir os equipamentos.

Hotspotty

A empresa começou no final de 2020 com um projeto de cripto chamado Hellium, que incentiva as pessoas a ajudar a desenvolver infraestruturas. Diz-se uma das primeiras empresas a incentivar as pessoas a fazer coisas com contrapartidas de criptomoedas. Chegou a ter mais de 60 equipamentos espalhados por Lisboa para oferecer cobertura wireless para empresas que precisam de construir soluções IoT em cima das mesmas, como parquímetros, sensores de água ou de temperatura.

Depois desse projeto de rede construída com a ajuda dos utilizadores, chegou à conclusão de que havia uma grande necessidade de as pessoas gerirem esses equipamentos e respetivos skills. O projeto foi lançado em Portugal e na Bélgica, somando cerca de 100 equipamentos, mas diz que nos Estados Unidos e no resto do mundo com centenas ou milhares de equipamentos que necessitam de um local para os gerir. E é aí que entra a Hotspotty, com uma solução para gerir esses equipamentos.

A plataforma conta com três anos, focando na descentralização das infraestruturas físicas. Daniel Andrade, um dos responsáveis da startup explicou ao SAPO TEK que as empresas desenvolvem um certo tipo de hardware e querem que as pessoas utilizem, mas não querem gastar dinheiro nisso, por isso incentivam-nas com Bitcoins ou outro tipo de criptomoeda, em vez de euros. Um dos exemplos é o mapeamento, em que as pessoas montam uma câmara no automóvel e enquanto conduzem, o sistema vai captando fotografias da cidade. Refere que é como o Google Maps, mas de forma descentralizada, sem ter de pagar à Google o uso do mapa.

Mobile World Congress 2023 | 4YFN
Daniel Andrade, cofundador da Hotspotty.

Essas empresas pedem ajuda a Hotspotty para gerir a sua frota, porque quando tem vários veículos em uso, torna-se difícil de fazer tracking aos mesmos. Atualmente, a startup diz que já tem cerca de 4.000 instalados. A empresa Share Spot é um dos seus clientes em Portugal e outras espalhadas pelo mundo que utilizam a sua plataforma.

A Hospotty diz que está apenas no início, referindo que há um novo conceito a ser adotado no desenvolvimento de infraestruturas criadas pelas pessoas. “Por exemplo, a Vodafone tem de comprar todas as torres de rede, quando as pessoas as podem comprar e instalar nas suas casas e com isso monetizar, tendo parte do lucro", referiu Daniel Andrade. Ao todo tem 250 mil utilizadores na plataforma, para o primeiro projeto, mas a empresa diz ter mais cinco novos conceitos em produção a serem lançados no próximo ano. A empresa está nos passos finais de levantar investimento, prometendo crescer das atuais 10 pessoas para uma equipa maior, de 30 elementos nos próximos anos. E promete que o mercado vai ouvir falar mais destas soluções nos próximos meses.

Hotspotty

No final, Daniel Andrade partilhou com o SAPO TEK que um dos seus projetos se chama Nanothings e trata-se de uma etiqueta em papel inteligente para a indústria de logística, que tira partido da sua rede para fazer a triangulação de veículos ou objetos em movimento. A etiqueta pode manter-se ativa pelo menos um ano e transmite sinais constantes que são captados pelos hotspots da sua rede.

Diagnext.com desenvolve projetos para ambientes de difícil operação

Localizado no centro de startups do Brasil em exposição no Mobile World Congress, a empresa Diagnext.com tem um escritório em Braga, assumido como estratégia na sua expansão pela Europa. A especialidade da empresa é criar projetos de IT de gestão em ambientes hostis, de difícil operação. A Diagnext.com trata de todas as fases desde a sua projeção às operações técnicas em locais como as florestas da Amazónia, desertos, montanhas, pântanos, regiões urbanas com altos níveis de criminalidade, conflitos, etc.

O cofundador da empresa, Leonardo Melo, explica que a empresa também ajuda na concretização do negócio aliado aos respetivos projetos. “Conseguimos introduzir uma maior eficiência operacional e nos nossos 14 anos de história fizemos sobretudo na área da saúde”. E explica que o que a empresa fez de diferente, por exemplo, na Amazónia, são 60 hospitais em que gere toda a parte da tecnologia de informação, assim como sistemas de telemedicina embutida no hospital.

diagnext.com
Leonardo Melo, fundador e CEO da diagnext.com

Em Braga está a desenvolver parte do software das suas operações e o seu primeiro centro de operações para gerir a Europa, juntando-se aos do Brasil, no Rio de Janeiro e em Manaus. Além da parte de produtos, nomeadamente ligado à comparação e comunicação de dados, mas tem sobretudo serviços, mas especializou-se na gestão de projetos. Por exemplo, expandir o serviço de telemedicina para o interior de Portugal ou introduzir eficiência técnica de soluções e equipamentos que existam no local.

A empresa estreia-se no MWC, estando sobretudo presente em eventos relacionados com a medicina. Atualmente a Diagnext.com conta com 11 elementos que é o núcleo da empresa, mas já chegou a escalar para 100 funcionários quando os projetos o exigiram.

A equipa do SAPO TEK está a acompanhar as principais novidades do MWC23. Siga todas as notícias aqui e veja as imagens da feira de Barcelona.

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