Em 2021, a Comissão Europeia definiu um conjunto de metas para guiar a transformação digital da Europa até 2030. Recentemente, o executivo comunitário apresentou o primeiro relatório acerca do progresso que tem vindo a ser feito pelos Estados-Membros tendo em vista os objetivos estabelecidos em 4 áreas chave, conectividade, semicondutores, digitalização das empresas e dos serviços públicos.

As metas da Década Digital estabelecem que, até 2030, todos os lares europeus devem ter cobertura de redes Gigabit, assim como de redes 5G.  Porém, o relatório indica que as redes de fibra ótica, vistas como essenciais para a conectividade Gigabit, chegam apenas a 56% dos lares. As redes móveis de quinta geração cobrem 81% da população, mas, nas zonas rurais, esta percentagem desce para os 51%.

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Estima-se que 55% dos lares europeus em zonas rurais ainda não têm cobertura de qualquer tipo de rede avançada de telecomunicações e 9% não têm acesso a quaisquer redes fixas.

A implementação de 5G stand-alone está atrasada e a qualidade das atuais redes de quinta geração no território fica aquém das expectativas, sobretudo no que respeita às expectativas dos utilizadores e das necessidades da indústria, frisa o documento.

Para assegurar que as metas de conectividade Gigabit e 5G são cumpridas será necessário um investimento adicional de 200 mil milhões de euros. A Comissão Europeia realça que os Estados-Membros devem mapear as suas próprias falhas e explorar as opções de financiamento disponíveis para complementar os investimentos privados em áreas que não são comercialmente viáveis.

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Os semicondutores são outra das áreas contempladas pelas metas da Década Digital. Recorde-se que, ainda em setembro, o Chips Act, o regulamento europeu para impulsionar o setor dos semicondutores, entrou em vigor.

O Chips Act é visto pelo relatório como uma das medidas fundamentais para cumprir as metas estabelecidas. Bruxelas afirma que os Estados-Membros devem apostar na promoção de políticas nacionais, além de investimentos, para estimular ainda mais as capacidades de desenvolvimento e produção de chips, assim como impulsionar a capacitação de trabalhadores em tecnologias avançadas.

Passando à digitalização dos negócios, o relatório alerta que, sem mais incentivos e investimentos, a UE está em risco de falhar as metas da Década Digital. 

Por exemplo, tendo em conta o atual panorama, as previsões indicam que até 2030 apenas 66% das empresas recorrerão a soluções na Cloud, 34% a Big Data e 20% a Inteligência Artificial. As metas para cada uma destas áreas apontam para percentagens na casa dos 75%.

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O relatório realça também que, atualmente, apenas 69% das PME europeias demonstram um nível básico de intensidade digital. Neste caso, a meta para 2030 está fixada nos 90%.

Para melhorar a digitalização das empresas, a Comissão Europeia recomenda aos Estados-Membros que reforcem a consciencialização acerca dos benefícios da transformação digital e que promovam iniciativas como os Hubs Europeus de Inovação.

Por fim, na digitalização dos serviços públicos, Bruxelas avança que, atualmente, vários países da UE estão bem posicionados nesta área. No entanto, são necessários investimentos significativos para melhorar a compatibilidade e desempenho de serviços públicos entre os Estados-Membros.