Em dezembro do ano passado, a Apple estava a um passo de se tornar na primeira empresa a atingir a marca dos três biliões de dólares em capitalização bolsista. Com a entrada no novo ano, a gigante de Cupertino voltou a fazer história e, nesta semana, “saltou” alto e tocou, por momentos, na placa do “3 trillion dollar club”.

A 3 de janeiro, na primeira sessão do ano em Wall Street, a Apple atingiu três biliões de dólares em capitalização, ultrapassando os 182,86 dólares por ação. Entretanto, no fecho da sessão, o valor das ações desceu, ficando-se pelos 182,01 dólares.

Ainda ontem, a tecnológica voltou a repetir o feito na bolsa de valores, porém, fechou a sessão com as suas ações a valerem 179,70 dólares cada uma, e com a sua capitalização bolsista a rondar 2,95 biliões de dólares, avança a Reuters. Para conseguir voltar ao “3 trillion dollar club” a Apple precisa de fixar o valor das suas ações acima de 182,86 dólares cada uma.

De acordo com dados avançados por Howard Silverblatt, analista na S&P Dow Jones Indices, e citados pelo The New York Times, a Apple representa agora 7% do valor total do S&P 500.  Além disso, segundo dados da Refinitiv, compilados pela Reuters, o seu valor em bolsa registou uma subida de 5.800% desde a apresentação do primeiro iPhone em janeiro de 2007.

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Para por o marco atingido em perspetiva, se voltar ao “3 trillion dollar club”, a Apple passa a valer mais do que a combinação entre Walmart, Disney, Netflix, Nike, Exxon Mobil, Coca-Cola, Comcast, Morgan Stanley, McDonald’s, AT&T, Goldman Sachs, Boeing, IBM e Ford. Aliás, o valor é mesmo superior ao PIB da Índia, ou até do Reino Unido.

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Os resultados do seu último trimestre fiscal da Apple mostraram que a empresa está a crescer em todas as frentes, se bem que tenha calculado  em seis mil milhões de dólares o impacto da crise dos chips nas suas contas. Tim Cook a admitiu que é difícil prever uma estabilização da situação, mas a antecipou uma forte procura dos produtos da empresa.

Recorde-se que, em agosto de 2018, a Apple foi a primeira empresa norte-americana a bater a meta do bilião de dólares em valor de mercado, entrando no clube restrito dos "trillion-dollar".

Mais tarde, e apesar das dificuldades causadas pela pandemia de COVID-19, a Apple conseguiu atingir os 2 biliões de dólares em capitalização bolsista em agosto de 2020. Ainda nesse mês a tecnológica tinha alcançado a marca dos 1,82 biliões de dólares, passando a liderar o ranking das empresas cotadas mais valiosas do mundo.

Os altos e baixos no caminho até ao “3 trillion dollar club”

Para percebermos a ascensão da Apple precisamos de fazer uma viagem pelo tempo. De uma empresa fundada em 1976 com o objetivo de tornar os computadores da altura em equipamentos mais simples e acessíveis ao público a uma gigante tecnológica, que momentos é que marcaram o seu caminho até ao “3 trillion dollar club”?

O primeiro computador da empresa da maçã, o Apple I, chegou em abril de 1976, afirmando-se como a primeira de muitas pedras que permitiriam à Apple construir o seu “castelo”. O Apple I ficou conhecido por ser uma das primeiras aproximações ao conceito de computador pessoal a chegar ao mercado, tendo sido também fundamental para ajudar a empresa a conseguir fundos suficientes para avançar nas suas ambições.

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Embora as gerações seguintes não tenham sido tão promissoras quanto o esperado, as bases estavam consolidadas para o lançamento dos computadores Macintosh, que começaram a ser comercializados em janeiro de 1984, quatro anos depois da sua Oferta Pública Inicial.

Devido a desentendimentos internos com o então CEO John Sculley, Steve Jobs foi demitido em 1985. Nos anos que se seguiram, a Apple continuou empenhada no lançamento de novos computadores, mas também de outros equipamentos, mas nem todas as jogadas foram de sucesso.

A entrada na década de 90 revelou-se particularmente complicada. Das trocas de CEO à crescente popularidade do Windows da Microsoft em equipamentos mais “em conta”, sem esquecer o “envelhecimento” da linha Macintosh: a Apple parecia ter estagnado e as dificuldades financeiras não tardaram em surgir.

Mesmo assim, em 1996, a Apple anunciou que tinha comprado a NeXT, empresa entretanto criada por Steve Jobs, por 429 milhões de dólares, finalizando o negócio em 1997. Nesse ano Steve Jobs voltava aos comandos da empresa que fundou e que, nas suas palavras estaria a “90 dias de falir”.

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Embora muitos defendam que um investimento de 150 milhões de dólares feito pela Microsoft em 1997 tenha “salvo” a empresa, a questão não é assim tão simples. A decisão da rival, feita no âmbito de uma parceria anunciada durante a Macworld Expo desse ano, terá originado na verdade um acordo entre ambas as partes, no seguimento de um processo judicial submetido pela Apple contra a Microsoft.

É certo que apenas 150 milhões de dólares não seriam suficientes para salvar uma empresa do “calibre” da Apple e o seu reerguer deveu-se principalmente à mudança de estratégia levada a cabo por Steve Jobs e pela introdução de uma nova visão, seguindo o mote “Think Different”.

Em 1998 era lançado o icónico iMac, que contribuiu para que a popularidade da Apple voltasse a crescer. Por entre o lançamento do iPod, dos computadores portáteis MacBook, do iPhone e do iPad, a empresa foi crescendo sob a tutela de Jobs.

Após o falecimento de Steve Jobs em 2011, Tim Cook assumiu o papel de CEO, que tem feito um trabalho de continuação ajudando também a transformar a gigante tecnológica num autêntico "império".

Apple | Uma década de crescimento sob a liderança de Tim Cook
créditos: Statista

A liderança da Apple sob Tim Cook tem vindo destacar-se por revitalizar linhas de equipamentos já existentes com novas funcionalidades, maior robustez e diferentes dimensões. Os novos produtos não foram esquecidos, como os AirPods ou o Apple Watch, com um foco mais recente no desenvolvimento de processadores, como o M1, com a sua nova arquitetura Apple Silicon.

Tim Cook: Uma década de liderança do império da Apple
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Um dos principais esforços tem sido a expansão dos serviços associados aos equipamentos como o Apple TV Plus, assim como plataformas de saúde e notícias, o iCloud e Apple Music. Também a área de pagamentos tem sido expandida através dos serviços Apple Pay, Apple Cash e Apple Card.

No que toca a perspetivas para o futuro, as expetativas são elevadas relativamente à entrada da Apple em áreas como realidade aumentada e virtual, assim como dos veículos autónomos: dois pontos-chave que, de acordo com o analista Dan Ives, analista da Wedbush citado pela imprensa internacional, poderão fazer crescer o entusiamo dos investidores e reforçar o desempenho da empresa na bolsa de valores.