A Polícia Judiciária, através da Unidade Nacional de Combate ao Cibercrime e à Criminalidade Tecnológica (UNC3T), desencadeou uma operação de combate ao cibercrime em várias zonas do país e deteve 25 suspeitos, cumprido 27 mandados de buscas domiciliárias e não domiciliárias, nos concelhos de Lisboa, Cascais, Amadora, Almada, Setúbal, Loures, Espinho e Porto.

A operação contou com a colaboração de várias outras unidades da Policia Judiciária, em articulação com a 3.ª Secção do DIAP de Cascais. A investigação começou em meados do ano de 2020 e em causa está a prática reiterada de crimes de burla informática, acesso ilegítimo, falsidade informática, falsificação de documentos, branqueamento e associação criminosa. Entre os suspeitos estão 20 homens e cinco mulheres, sendo 10 de nacionalidade portuguesa e 15 estrangeiros, com idades compreendidas entre os 20 e os 60 anos.

Polícia Judiciária reforça combate ao cibercrime e corrupção com 60% dos novos inspetores
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O esquema fraudulento é conhecido como "CEO Fraud", em que os criminosos têm acesso ilegítimo a sistemas informáticos das empresas, para depois poder monitorizar e assumir a sua própria atividade comercial, refere a PJ no comunicado.  Os crimes foram cometidos sobretudo durante a pandemia de COVID-19, através de comércio internacional, aproveitando-se da expansão do e-commerce. Os suspeitos acederam através de campanhas de malware às caixas de email das empresas.

Os suspeitos criavam depois vários endereços de correio eletrónico fraudulentos, alteraram dados de pagamento e induziram as vitimas a efetuar transferências monetárias de valores elevados para contas bancárias controladas por si e que se destinavam ao branqueamento de capitais.

Os suspeitos criaram websites paralelos que simulavam as empresas existentes e que se dedicavam à comercialização de produtos de proteção individual, tais como luvas de látex, fatos de proteção, máscaras cirúrgicas e álcool-gel e após receberem o contacto das empresas interessadas, contactavam as mesmas por email ou telefone, fechando negócios com a condição da realização do pagamento antecipado.

A Polícia Judiciária diz que as transferências bancárias ocorriam para as chamadas “Contas Mulas”, que eram abertas para a prática destes crimes. As vítimas eram maioritariamente estrangeiras e nunca recebiam qualquer mercadoria. No total foram utilizadas cerca de 50 contas bancárias nacionais para o branqueamento de capitais, cujo prejuízo patrimonial apurado é já superior a 1,3 milhões de euros.

Os detidos vão ser presentes às autoridades judiciárias, para aplicação das medidas de coação.

De recordar que a Polícia Judiciária reforçou o seu contingente com 101 novos inspetores, sendo que 60% foram colocados no combate à corrupção, criminalidade económico-financeira e cibercrime. A PJ vai reforçar com mais 170 inspetores, 100 dos quais já em setembro, num total de 300 novos inspetores nos últimos anos.