A Polícia Judiciária, através do Departamento de Investigação Criminal de Leiria, indica que deteve um cidadão estrangeiro suspeito do crime de burla qualificada por Whatsapp, no esquema que ficou conhecido como “Olá Pai / Olá Mãe”. Este tipo de fraude foi frequente nos últimos meses e a mesma fonte lembra que foi crescendo, com vítimas por todo o território nacional e, também, muito disseminado noutros países europeus.

No esquema os burlões enviam mensagens escritas numa aplicação de tlemóvel, maioritariamente no WhatsApp, que é remetida de um número de contato identificável, e apresentam-se como familiares muito próximo da potencial vítima. Depois optam por uma uma de duas variantes de abordagem, referindo que o telemóvel se avariou ou perdeu e que este é o único contacto que têm, ou dizendo que mudaram de número, pedindo transferências de dinheiro.

"As vítimas, muitas delas pessoas de idade avançada, acreditando que estavam a falar com os filhos e que estes se encontram em dificuldades financeiras e/ou a necessitar de concretizar pagamentos urgentes, dispunham-se, de imediato, a efetuar uma transferência/pagamento cujos valores variavam, mas que, nalguns casos, ascenderam a milhares de euros", refere a PJ em comunicado.

A mesma fonte diz que no Departamento de Investigação Criminal este tipo de burla supera as 200 denúncias, com valores que, no total, ultrapassam os 100 mil euros.

No início do ano a PSP tinha também alertado para o mesmo fenómeno, indicando que  recebeu 10 denúncias por dia com burla “Olá Pai, Olá Mãe” e que o valor global ultrapassa 1 milhão de euros. Foi também revelado que a Ministra da Agricultura, e também o ex-presidente do Tribunal Constitucional, João Caupers, foram apanhados pela burla “Olá pai, olá mãe”, mas este último não chegou a fazer o pagamento.

7 modems com 32 cartões SIM por aparelho

"Em termos investigatórios foram estabelecidas coincidências entre inquéritos e notou-se um uso, bastante acentuado, de números de telemóveis, irrepetíveis, de operadoras nacionais, para a prática deste tipo de ilícito, o que despoletou alertas e obrigou ao recurso a meios especiais de obtenção de prova", refere a PJ, que admite que existiam "muitas dúvidas sobre a forma de atuação e como conseguiam efetuar tantos pedidos de dinheiro, via plataforma WhatsApp, para depois alcançarem os seus intentos, um enriquecimento indevido e ilícito".

Na sequência da investigação, foi realizado um mandado de busca domiciliária e detido, em flagrante delito, um cidadão estrangeiro, de 41 anos, que interagia com outros em rede e que poderia fazer esquemas do género em Portugal, mas também a nível internacional.

A PJ apreendeu sete modems que acoplavam 32 cartões SIM por aparelho, significando que operavam 224 cartões em simultâneo. "Esta operabilidade permitia a remessa / receção de mensagens, originando que num dia pudessem ser enviados milhares de mensagens, com os argumentos conhecidos, por “olá pai, olá mãe”", indica a mesma fonte.

A investigação identificou o uso massivo de cartões, concretizável no facto de terem sido apreendidos milhares de cartões, mais de sete mil cartões por utilizar e mais de mil e quinhentos já utilizados em práticas delituosas.

O detido vai ser agora presente às autoridades judiciárias para primeiro interrogatório judicial e aplicação das adequadas medidas de coação.

Polícia Judiciária já tinha detido no ano passado um presumível autor destas burlas, também um cidadão estrangeiro, mas aparentemente não atuava sozinho, ou outros seguiram o mesmo esquema.

Para evitarem cair neste tipo de esquemas há alguns conselhos sugeridos pela PSP, que o SAPO TEK refere também num artigo .

Clique nas imagens para mais detalhes para ver as recomendações

A Polícia de Segurança Pública aconselha os cidadãos a não realizarem qualquer transferência de dinheiro sem, pelo menos, previamente conseguir falar de viva voz e reconhecer a pessoa que pensa estar em conversação. "Despiste possíveis tentativas de burla com perguntas simples que, em princípio, o seu familiar conheça (quais as datas de aniversário de ambos, qual o curso e a universidade que frequentam ou frequentaram, qual a matrícula do carro da família, etc)", indica ainda a autoridade.

Se não se sente seguro a utilizar plataformas de comunicação ou de pagamento/transferência de dinheiro, deve solicitar apoio a outra pessoa da sua absoluta confiança para apreender todas as funcionalidades. Fica também a sugestão para reforçar a literacia digital com inscrição em em programas oficiais de inclusão digital, como o Eu Sou Digital, de que a PSP é entidade parceira.

Nota da Redação: A notícia foi atualizada com mais informação. Última atualização 11h08