A menos de um ano das próximas eleições presidenciais dos Estados Unidos, marcadas para 3 de novembro de 2020, um dos candidatos apresentou na sexta-feira passada um plano de 150 mil milhões de dólares para mudar a forma como a Internet funciona nos Estados Unidos da América. A ideia é do independente Bernie Sanders e pretende fazer da Internet de alta velocidade um serviço igual ao da eletricidade, ou seja, um serviço público que todos merecem ter, por ser um direito humano básico.

Descontente com a atual forma de gestão da Internet no seu país, o senador de Vermont quer terminar com a "ganância" das empresas que oferecem serviços de Internet, recordando os milhares de milhões de dólares que ganharam nos últimos dois anos e os milhões de americanos que continuam a não estar ligados.

Na proposta designada por "High-Speed Internet for All", o candidato a presidente dos Estados Unidos destaca as “disparidades geográficas” no acesso à Internet no país, alegando que mais de 31% dos americanos não têm acesso a banda larga. Para além disso, Bernie Sanders critica ainda o facto de, nas áreas urbanas, as pessoas com rendimentos mais baixos e os negros terem menos probabilidade de terem acesso à Internet.

"Se Bernie Sanders for presidente todos os lares americanos terão internet acessível e de alta velocidade até o final de seu primeiro mandato", promete o plano.

Para isso, o senador americano apresenta uma proposta, cujos principais pontos são:

  • Exigir que os fornecdores de serviços de Internet, como a Verizon e a Comcast, ofereçam "um plano básico de Internet que forneça velocidades de banda larga de qualidade a um preço acessível”
  • Redefinir "velocidades mínimas de banda larga" para 100 mbps no caso dos downloads e 10 mbps dos uploads
  • Separar empresas que ofereçam serviços de Internet e que disponibilizam conteúdos, como a Comcast e a Verizon
  • Disponibilizar 150 mil milhões de dólares para criar "redes de banda larga de propriedade pública e controladas democraticamente, através de cooperativas ou de acesso aberto”
  • Acabar com os limites de dados e promover velocidades de Internet mais rápidas

No Reino Unido foi apresentada uma proposta semelhante em novembro, mas desta vez pelo Partido Trabalhista. A ideia seria disponibilizar de forma gratuita serviços de Internet de fibra de alta velocidade a todas as casas e empresas do país até 2030.

Também em Portugal existe a ideia de incluir a banda larga no serviço universal de telecomunicações. A ideia é antiga mas foi agora retomada por Alberto Souto de Miranda, secretário de Estado Adjunto e das Comunicações, que na conferência da APDC refere que com a revisão do serviço universal em curso existe a intenção de integrar o acesso a banda larga e muito larga. "O acesso deverá integrar o serviço universal, se necessário com fundos públicos", afirmou o governante.