A utilização de comboios para as viagens de longo curso, entre os países da Europa e Ásia, continua a ser uma forma de deslocação utilizada para turistas e profissionais. Isso significa longas horas na via férrea e por isso, muitas das empresas começaram a ser avaliadas não apenas pela pontualidade dos comboios e o conforto, como também pela experiência digital durante a viagem. Como destaca a Ookla, que realizou um estudo inédito, “os passageiros esperam uma experiência de ligação de banda larga semelhante a casa, para streaming, chamadas de trabalho ou gaming, estejam a cruzar os Alpes Suíços ou a atravessar o Monte Fuji”. 

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A empresa diz que os países tratam a conectividade dos comboios como infraestrutura dos caminhos de ferro, emparelhando o Wi-Fi a bordo com a respetiva infraestrutura, utilizando linhas da ferrovia ou satélite LEO (ou ambos), com melhorias ao longo do tempo. Para o estudo, a empresa utilizou os dados dos utilizadores (crowdsource) através da ferramenta de benchmark Speedtest para testar o nível de performance do Wi-Fi dos comboios a nível dos países entre a Europa e a Ásia. Infelizmente Portugal ficou de fora do estudo. 

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O estudo destaca que a diferença que separa a melhor ligação da pior é surpreendente. No segundo trimestre de 2025, a Suécia atingiu o melhor resultado de Wi-Fi num comboio, marcando uma média de 64,58 Mbps de download médio, seguindo-se a Suíça com 29,79 Mbps e a Irlanda com 26,33 Mbps. Mas se olharmos para o lado do espectro, encontramos os Países Baixos com 0,41 Mbps, a Áustria com 0,70 Mbps, o Reino Unido com 1,09 Mbps e a Espanha com 1,45 Mbps. Ou seja, os piores resultados têm velocidades 158 vezes inferiores aos melhores resultados da Suécia.

Um ponto em destaque no tipo de ligação dos mercados europeus estudados é que quase duas em cada cinco ligações ainda correm em Wi-Fi 4 (standard de 2009), quando atualmente o Wi-Fi 7 começa a afirmar-se. Os dados referem que cerca de 22% utilizam a frequência de 2,4 GHz, que tem menor capacidade, é mais congestionada e passível de interferências. Metade das linhas ferroviárias do Reino Unido utilizam ligações Wi-Fi 4 e 38% a 2,4 GHz. Mas na Polónia, praticamente todas utilizam este tipo de ligação e frequência. 

A Alemanha tem mais 328% na comparação do uso de GHz contra os 2,4 GHz e em relação ao Wi-Fi 5 vs Wi-Fi 4, também tem um saldo de mais 241%. Ainda assim, o estudo salienta que os países que têm uma rede mais moderna, e maior utilização da banda de 5 GHz, como a Espanha e a Itália, mesmo assim conseguem ter uma performance bastante aquém das expectativas. “Isto demonstra que o retorno do sinal, na ligação entre as antenas do topo dos comboios e as redes públicas mobile, não apenas o Wi-Fi das cabines, é o condutor dominante da performance”, refere o relatório. 

Ookla estudo Wi-Fi comboios
Ookla estudo Wi-Fi comboios Créditos: Ookla

A linha ferroviária asiática oferece um mix moderno e menor latência, mas não são sempre as mais rápidas. O Taiwan tem a latência mais baixa e a única com uma quota de 20% de Wi-Fi 6, enquanto o Japão e a Coreia do Sul não aparecem sequer registos de utilização em Wi-Fi 4 e frequência de utilização em 2,4 GHz. Mas a média típica da velocidade de download na Ásia é de 6-8 Mbps, muito abaixo da liderança da Europa, mas acima dos menos rápidos. A Ookla diz que isso se deve a diferenças de políticas de abordagem, com maior ênfase na rede celular do que no Wi-Fi, aponta o relatório

Numa análise à forte performance da Suécia, na cobertura de sinal mobile nos corredores dos comboios, apesar dos desafios, como as faixas dispersas nas regiões nórdicas que enfrentam condições meteorológicas severas no inverno; a Ookla aponta o sucesso a uma política de framework modular onde o Estado ajudou onde o mercado falhou. Dá o exemplo de que em 2022, o regulador sueco das telecomunicações PTS, alocou 2 milhões de euros às operadoras Telia e Net4Mobility para instalar tecnologia de comunicações em túneis selecionados. 

Foram ainda adicionadas obrigações específicas na cobertura e capacidade dos caminhos de ferro no leilão de espetro de 2023 para o espectro de 900/2100/2600 MHz. Um mapeamento dos túneis para a cobertura identificou 45 com comprimento acima dos 300 metros que ainda não tinham serviços móveis, que foram incluídos como obrigatórios de ter rede. Estas foram algumas medidas que resultaram agora nas melhores ligações de Wi-Fi a bordo durante as viagens de comboio na Europa.

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