Centenas de documentos “secretos e confidenciais”, enviados pela NATO a Portugal, foram encontrados à venda na darkweb. A exposição dos documentos terá sido resultado de um ataque informático “prolongado e sem precedentes" ao Estado-Maior-General das Forças Armadas (EMGFA).

Como avança o Diário de Notícias (DN) os documentos foram encontrados pelos Serviços de Informação dos Estados Unidos, que informaram o governo português em agosto, num caso descrito por fontes que o estão a acompanhar como de “extrema gravidade”.

O caso está a ser gerido pelo gabinete de António Costa, em colaboração com Gabinete Nacional de Segurança (GNS), o Serviço de Informações Estratégicas de Defesa e o Serviço de Informações de Segurança.

Na próxima semana, o governo português vai reunir-se com a NATO, que exigiu explicações acerca do sucedido, com Mário Campolargo, secretário de Estado da Digitalização e da Modernização, e António Gameiro Marques, diretor do GNS a deslocarem-se ao quartel-general Aliança Atlântica, em Bruxelas

Segundo fontes ouvidas pelo DN, especialistas do GNS e do Centro Nacional de Cibersegurança (CNCS), em colaboração com o Centro Nacional de Ciberdefesa, já começaram a analisar o sistema de comunicações interno da Defesa, tendo encontrado os computadores de onde os documentos foram exfiltrados, do Centro de Informações e Segurança Militares e da Direção Geral de Recursos de Defesa Nacional.

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Nos computadores em questão foi possível verificar que as regras de segurança para a transmissão deste tipo de documentos tinham sido violadas. O ciberataque é classificado por uma das fontes ouvidas como “prolongado no tempo e indetetável”, tendo sido realizado através de bots concebidos para identificar documentos confidenciais e roubá-los faseadamente.

Em declarações ao jornal, o gabinete de António Costa afirma que "o governo pode garantir que o Ministério da Defesa Nacional e as Forças Armadas trabalham diariamente para que a credibilidade de Portugal, como membro fundador da Aliança Atlântica, permaneça intacta".

O gabinete do primeiro-ministro acrescenta que, quando existem suspeitas de incidentes de segurança, “a situação é extensamente analisada”, sendo tomadas medidas para reforçar a “sensibilização em cibersegurança” e o “correto manuseamento de informação”.