A Meta terá alegadamente trabalhado com o YouTube numa campanha de anúncios direcionados a adolescentes para incentivá-los a utilizar o Instagram. A Meta e a Google terão trabalhado juntas num projeto secreto que teve como público-alvo jovens entre os 13 a 17 anos com o objetivo de lançar anúncios de promoção do Instagram.
Segundo o Financial Times, que teve acesso aos documentos do projeto e falou com pessoas ligadas ao assunto, a campanha do Instagram foi criada deliberadamente para menores e estava classificada como “desconhecida” no sistema etário dos anúncios. O jornal afirma que os documentos sugerem que foram tomadas medidas para garantir que a verdadeira intenção da campanha fosse disfarçada. Esse projeto contornava as próprias regras da Google que proíbem anúncios personalizados a menores, assim como mostrar publicidade baseada em demografia.
De recordar que em maio, Bruxelas abriu os procedimentos legais de investigação à Meta, pelos algoritmos do Facebook e Instagram que podem estimular comportamentos viciantes nas crianças, assim como os métodos de verificação de idade utilizados pela empresa de Mark Zuckerberg. Entre os temas escrutinados estão as obrigações perante a DSA de avaliação e mitigação dos riscos causados pelo design das interfaces online do Facebook e Instagram, que podem explorar as fraquezas e inexperiência dos menores, causando comportamentos viciantes.
O Facebook e Instagram foram também alvo de uma ação judicial submetida pelo Procurador-Geral do Novo México no final de 2023. As redes sociais da Meta são acusadas de facilitar as atividades dos predadores sexuais a menores, que são "inundados" com propostas e conteúdos adultos. Ainda recentemente uma investigação apontou que bastam 20 minutos para os adolescentes receberem recomendações de conteúdos “picantes”, tais como vídeos sexuais e explícitos.
Segundo o FT, a Google e a Meta trabalharam com a Spark Foundry, uma subsidiária nos Estados Unidos da empresa francesa de publicidade Publicis para lançar um programa-piloto de marketing no Canadá entre fevereiro e abril deste ano. Depois do sucesso, essa campanha foi lançada em maio nos Estados Unidos, esperando-se mais tarde chegar aos mercados internacionais, com a intenção de promover também outras aplicações da Meta, como o Facebook. São apontadas como campanhas pequenas, mas uma oportunidade lucrativa para a Google aprofundar ligações com a Meta que possam envolver outras publicidades maiores.
Depois de ter sido contactado pelo jornal, a Google iniciou uma investigação interna baseada nas alegações. Atualmente o projeto foi cancelado, segundo uma pessoa com informação do processo. Em declarações, a Google disse que a empresa proíbe anúncios personalizados a pessoas menores de 18 anos. Afirma ainda que essas políticas são suportadas por medidas técnicas. E confirmou que essas medidas funcionaram porque não foram registados utilizadores do YouTube com menores de 18 anos a serem diretamente apontados pela empresa.
Ainda assim, a Google nunca negou ter usado a audiência “desconhecido”, afirmando que estava a tomar ações adicionais com o departamento de vendas para não ajudar anunciantes ou agências a realizar campanhas que contornem as suas políticas. Já a Meta nega que ter utilizado a audiência “desconhecida” constituí uma personalização ou contorno a quaisquer regras, afirmando que aderiu às suas próprias políticas de anúncios dos seus serviços. A Meta refere ainda que está aberta sobre anunciar as suas aplicações aos jovens como um lugar para elas se ligar aos amigos, encontra comunidades e descobrir os seus interesses.
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