O comportamento de Donald Trump depois do assalto ao Capitólio, que causou a morte de pelo menos cinco pessoas, assim como a suspensão temporária da retificação da vitória de Joe Biden, não deixou as redes sociais indiferentes.

Ao longo da semana do incidente, várias plataformas online decidiram tomar medidas mais apertadas, bloqueando as contas do presidente cessante, assim como conteúdos relacionados com movimentos pro-Trump ou de teorias da conspiração, como o QAnon. A história dos acontecimentos ainda não está fechada, mas já há muito para contar do que aconteceu nos últimos dias.

Além do TikTok e do YouTube, o Snapchat, o Reddit, o Twitch, o Discord e o Pinterest também avançaram com medidas restritivas. O Financial Times relata ainda que a plataforma de ecommerce Shopify eliminou duas lojas online afiliadas a Donald Trump.

Depois de Mark Zuckerberg ter anunciado que as contas de Facebook e Instagram de Donald Trump seriam suspensas por um período indeterminado, num “castigo” que poderá alongar-se até 20 de janeiro, o Twitter decidiu banir permanentemente a conta do presidente cessante (@realDonaldTrump).

Em comunicado, a empresa explica que a decisão foi tomada após concluir que as publicações da conta poderiam ser interpretadas como uma incitação à realização de mais atos violentos semelhantes aos que aconteceram no Capitólio.

De acordo com a rede social, os tweets de Donald Trump depois da invasão apresentam-se como uma forma de apoio aos extremistas e ao seu comportamento, violando as suas politicas contra a glorificação de violência.

Além disso, “planos para futuros protestos armados já começaram a proliferar, seja dentro ou fora do Twitter, incluindo um segundo ataque ao Capitólio a 17 de janeiro”, sublinha a empresa.

No mesmo dia, o Twitter suspendeu também as contas de Michael Flynn, antigo conselheiro de segurança nacional de Donald Trump, Sidney Powell, advogado Pro-Trump e de Ron Watkins, uma das figuras mais proeminentes do movimento QAnon.

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Os três “aliados” do presidente desempenharam um papel de relevo na disseminação de teorias da conspiração, apelando frequentemente ao uso de violência. À imprensa internacional, o Twitter deu a conhecer que as contas foram suspensas permanentemente uma vez que as suas publicações vão contra as suas regras e que está proceder da mesma forma em relação a todas as contas que se dediquem exclusivamente à publicação de conteúdos relacionados com o QAnon.

Para tentar contornar o bloqueio à sua conta, Donald Trump ainda tentou usar a conta @POTUS, a conta oficial reservada ao presidente dos Estados Unidos no Twitter, mas a rede social acabou por eliminar as publicações feitas quase imediatamente.

A CBS News detalha que o presidente cessante terá aproveitado a ocasião para reiterar a sua posição contra a atuação do Twitter, acusando-o de engendrar um plano em colaboração com “os democratas e a esquerda radical” para silencia-lo e aos “75,000,000 grandes patriotas” que votaram nele.

Donald Trump terá indicado que estava a negociar com outros sites com vista a “escapar” aos bloqueios e que teria um “grande anúncio” em breve. A publicação dava também a conhecer que o presidente estaria a considerar construir a sua própria rede social num futuro próximo.

Alternativas às principais redes sociais também estão a ser bloqueadas

À margem das principais redes sociais, aplicações como a Parler ou a Gab, que se afirmam como plataformas onde reina a “liberdade de expressão”, são frequentemente usadas por apoiantes de Donald Trump e membros de movimentos de extrema direita.

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A Gab, que foi removida da Play Store em 2017 e cuja entrada na App Store foi rejeitada pela Apple por violar as políticas acerca de discurso de ódio de ambas as empresas, está a ganhar tração. Ainda na semana passada, logo após o bloqueio de Donald Trump a plataforma afirmou que estava a receber mais de 10 mil novos utilizadores a cada hora.

Já a Parler, assim como a Telegram e a plataforma TheDonald.win, foram utilizadas para planear e coordenar o incidente no Capitólio, com os seus utilizadores a manifestarem explicitamente as suas intenções para invadi-lo, avança a NBC News. Em linha com o que o Twitter já tinha revelado, as plataformas estão a ser usadas novamente para prometer um “round 2” do assalto.

A Google foi a primeira a bloquear a Parler, removendo-a da sua loja digital a 8 de janeiro. Em comunicado à imprensa internacional, a tecnológica esclarece que está ciente das publicações feitas através da Parler que incitam à violência nos Estados Unidos, indicando que vai suspendê-la até que a empresa responsável tome medidas acrescidas de moderação de conteúdo.

Após o bloqueio, a app registou um “boom” de instalações na App Store, indicam dados da consultora Sensor Tower citados pelo website Tech Crunch. Nos Estados Unidos, a Parler registou 182 mil novos downloads, um aumento de 355% em relação ao mês anterior.

Porém, em linha com a gigante de Mountain View, a Apple acabou por tomar a mesma decisão após ter dado 24 horas à empresa para implementar um plano de moderação na sua plataforma. “Sempre defendemos que haja diferentes pontos de vista representados na App Store, mas na nossa plataforma não há lugar para ameaças ou atividades ilegais”, afirma a empresa em comunicado.

“A Parler não tomou as medidas adequadas para responder à proliferação dessas ameaças à segurança das pessoas”. A Apple frisa ainda que vai manter a aplicação fora da sua loja até que a empresa resolva o problema.

A Amazon também decidiu “apertar o cerco” à Parler, expulsando-a dos seus servidores. De acordo com emails obtidos pelo website BuzzFeed News, a empresa liderada por Jeff Bezos notificou a Parler da sua decisão, justificando-a com a violação dos termos de utilização por parte da aplicação.

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