Começaram esta segunda-feira as provas-ensaio em formato digital nas escolas de todo o país, para os alunos dos 4.º, 6.º e 9.º anos. O objetivo destas provas, segundo o Ministério da Educação, é preparar estudantes e instituições de ensino para o novo modelo de avaliação, previsto para as provas finais do 3.º ciclo e as provas de Monitorização da Aprendizagem (ModA), em maio e junho.

Alexandre Homem Cristo, secretário de Estado da Educação afirmou que as escolas estão preparadas para o desafio. “Acreditamos que todas as condições estão reunidas”, declarou, destacando os esforços realizados para garantir apoio tecnológico, logístico e organizativo. Segundo o Ministério, estas provas são uma oportunidade para os alunos se familiarizarem com o formato digital e para as escolas testarem a sua infraestrutura tecnológica.

Provas digitais: Ministério acredita que escolas estão preparadas
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De acordo com dados oficiais recentes, 16% das escolas com alunos do 9.º ano reportaram problemas de ligação à Internet, e 6,9% indicaram insuficiências em equipamentos informáticos. Apesar disso, o Ministério considera que a grande maioria das escolas tem condições adequadas para a realização das provas.

Professores e sindicatos alertam para "desafios extra"

Por outro lado, os sindicatos e muitos professores expressaram preocupação com o impacto destas provas. Fenprof e S.TO.P. convocaram greves em protesto, argumentando que as provas representam uma sobrecarga horária e criam instabilidade no funcionamento das escolas.

O secretário-geral adjunto da Fenprof, José Feliciano Correia Costa, criticou o timing da iniciativa. “Decorre em pleno período de aulas e exige trabalho suplementar aos professores, para além das 35 horas semanais”.

Provas digitais canceladas. Exames do 9.º ano serão realizados este ano em papel
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Filinto Lima, presidente da Associação de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas, também reconhece as dificuldades, mas defende a iniciativa como uma medida cautelar por parte do Governo. “Estas provas servem para assegurar que, na altura das provas finais, não falhe a internet e há computadores para todos os alunos. Penso que isso é legítimo.”

Sublinhou que estas provas poderão ser usadas como instrumentos de avaliação, podendo contar para a nota dos alunos. Este aspeto, inédito em relação a provas similares realizadas no passado, tem gerado confusão entre pais e professores.

Embora o Ministério sublinhe os avanços tecnológicos realizados desde o último ano, há relatos de carências materiais em algumas instituições. Além disso, muitos professores argumentam que a preparação destas provas adiciona tarefas administrativas, nomeadamente ao secretariado de exames, gerando pressão extra num período letivo já exigente.

Apesar das divisões, há consenso sobre a importância de garantir que as provas finais ocorram sem falhas técnicas. Com estas provas-ensaio, as escolas esperam detetar problemas e corrigi-los atempadamente, mas as opiniões sobre o impacto no dia-a-dia escolar continuam a divergir.