Nos últimos meses a PJ já deteve vários suspeitos de burlas por WhatsApp e hoje comunica ter feito mais uma detenção, desta vez em cooperação com o Departamento de Investigação e Ação Penal de Oeiras. Trata-se de um cidadão estrangeiro de 29 anos que terá lesado 11 pessoas num valor global na ordem dos 11 mil euros com o esquema conhecido como "Olá pai/Olá mãe".

O homem é suspeito de vários crimes de burla qualificada, falsidade informática e branqueamento de capitais, indica a Polícia Judiciária.

A mesma fonte indica que "a investigação iniciou-se em meados de março de 2024, na sequência de uma queixa crime relacionada com uma burla/falsidade informática, associada ao “modus operandi” designado por “olá pai/olá mãe". A investigação da Unidade Nacional de Combate ao Cibercrime e à Criminalidade Tecnológica (UNC3T) levou à realização de buscas domiciliárias e à apreensão de equipamentos informáticos/comunicações, que irão entretanto ser alvo de análise.

Nestas burlas o esquema consiste em enviar mensagens, normalmente via WhatsApp, para uma potencial vítima simulando o contacto de um filho/filha a precisar urgentemente de uma transferência de dinheiro para resolver um problema.  Quem recebe o contacto pode nem ter filhos. Noutras vezes pode ter e acreditar no pedido, seguindo as indicações dadas na mensagem e avançando com a transferência pedida, sem sequer verificar se o contacto diferente que o dito filho ou filha está supostamente a usar para fazer o pedido é de facto seu, ou está mesmo a ser usado por ele.

No início de maio a PJ desmontou uma estrutura que criava milhares destas burlas informáticas e apreendeu 49 modem, que acoplavam 32 cartões SIM por aparelho, o que significava que operavam 1.568 cartões em simultâneo

Têm sido partilhadas  recomendações que devem ser seguidas por quem recebe um contacto deste tipo. Desde logo, tentar fazer uma chamada para o número de onde são enviadas as mensagens, para perceber se quem está do outro lado é quem diz ser.

Normalmente, os burlões convencem as vítimas da autenticidade da comunicação explicando que o contacto não é feito do número habitual do filho ou filha porque o telemóvel se perdeu, ou há algum problema com o cartão, o que não deve bastar para confirmar a autenticidade das mensagens.

Outras estratégias que as potenciais vítimas podem usar, para perceber se estão em risco de cair numa burla, é ligar para o número habitual do filho ou filha e verificar se de facto esse contacto está ou não operacional. Outra opção ainda é aproveitar a troca de mensagens, que em alguns casos se prolonga durante horas, para fazer algumas perguntas ao suposto familiar, às quais só ele ou ela saibam responder, sobre datas de aniversário, ou detalhes da vida doméstica, por exemplo.

As burlas "olá mãe, olá pai" têm persistido, mesmo com todos os alertas das autoridades e com algumas detenções importantes e estão entre os esquemas que podem ser agravados com o contributo da inteligência artificial. A mesma tecnologia deepfake que serve para alterar imagens e pôr a circular na internet nudes da Taylor Swift, ou de uma colega de escola, também tem aplicações para modificação de voz, que já começou a ser usada para burlas.