À medida que o 3I/ATLAS continua a sua viagem pelo nosso sistema solar, novas imagens captadas antes e depois da passagem pelo Planeta Vermelho em outubro, revelam como está a evoluir o misterioso "vistante" interestelar.

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A imagem, captada pelo Virtual Telescope Project no dia 11 de novembro, é composta por 18 exposições de 120 segundos, recolhidas pelos telescópios que fazem parte do projeto em Itália.

Nela, o núcleo do 3I/ATLASA surge rodeado por uma coma (a nuvem brilhante e luminosa que envolve o núcleo) e por uma cauda iónica. De acordo com o astrónomo Gianluca Masi, fundador do Virtual Telescope Project, é possível observar como a cauda iónica do cometa se está a tornar cada vez mais evidente.

Cometa 3I/ATLAS captado pelo Virtual Telescope Project
Cometa 3I/ATLAS captado pelo Virtual Telescope Project créditos: Virtual Telescope Project

Como aponta o website Space.com, uma cauda iónica é formada quando a radiação ultravioleta do Sol remove eletrões das moléculas de gás libertadas pelo cometa, transformando-as em iões. Os iões são depois “empurrados” pelo vento solar, formando uma longa cauda que aponta sempre diretamente para o lado oposto do Sol.

Note-se que este tipo de cauda é diferente da cauda de poeira e gás que se forma em torno do cometa. A imagem demonstra também um claro aumento na atividade do cometa em comparação com observações anteriores, sugerindo que o 3I/ATLAS está a libertar gás e poeira de maneira mais vigorosa devido ao aquecimento solar.

Ainda antes de ter atingido o ponto mais próximo do Sol, o cometa fez uma passagem por Marte. Mas as missões marcianas da Agência Espacial Europeia (ESA) não foram as únicas a conseguir captar imagens do “visitante” interestelar.

Entre os dias 1 e 4 de outubro, a sonda chinesa Tianwen 1 também conseguiu “apanhar” o 3I/ATLAS através do instrumento HiRIC (High-Resolution Imaging Camera), avança a  Administração Espacial Nacional da China (CNSA, na sigla em inglês) em comunicado.

Cometa 3I/ATLAS captado pela sonda chinesa Tianwen 1 Cometa 3I/ATLAS captado pela sonda chinesa Tianwen 1
créditos: CNSA

Recorde-se que, anteriormente, a missão ExoMars Trace Gas Orbiter (TGO) já tinha captado imagens do “visitante” interestelar e, agora, os dados recolhidos permitiram aos cientistas calcular a rota percorrida pelo cometa com uma precisão 10 vezes maior

Na primeira semana de outubro, a missão da ESA aproveitou a passagem do cometa por Marte para o observar de um novo ângulo. Ao combinarem os dados recolhidos pela sonda com informação de observações feitas por telescópios terrestres, os investigadores conseguiram aumentar a precisão das suas previsões. 

3I/ATLAS: Observações em Marte ajudam cientistas a prever a rota do cometa interestelar com mais precisão
3I/ATLAS: Observações em Marte ajudam cientistas a prever a rota do cometa interestelar com mais precisão
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Segundo a ESA, usar os dados da ExoMars TGO para refinar as previsões sobre a trajetória do cometa foi um desafio, em particular porque o instrumento CaSSIS foi concebido para observar a superfície do Planeta Vermelho em alta resolução. Desta vez, os “olhos” do instrumento estavam postos nos céus para tentar apanhar o 3I/ATLAS a uma maior distância sobre um pano de fundo repleto de estrelas. 

A equipa do Centro de Coordenação de Objetos Próximos da Terra (NEOCC, na sigla em inglês) da ESA teve de ter em conta a localização espacial da missão, o que é algo incomum, uma vez que, normalmente, as observações da trajetória de cometas são feitas partir de telescópios terrestres fixos ou, em certos casos, de telescópios espaciais como o Hubble ou o James Webb.

Desde que foi descoberto em julho, o 3I/ATLAS tem despertado a atenção da comunidade científica e, ao longo dos últimos meses, vários telescópios terrestes, bem como observatórios e missões espaciais, têm conseguido captar a passagem do cometa interestelar pelo nosso sistema solar, como pode ver na galeria que se segue. 

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