
A Agência Espacial Europeia (ESA na sigla em inglês) diz que é a primeira vez que um instrumento espacial consegue captar uma imagem desta zona do Sol a partir de um plano elíptico, uma perspetiva nunca antes vista. Mas as melhores fotografias ainda estão para vir, garante a ESA, até porque nos próximos anos a Solar Orbiter vai continuar a sua missão à volta do Sol, inclinando ainda mais a sua posição.
“O Sol é a nossa estrela mais próxima, um gerador de vida e um potencial disruptor dos modernos sistemas de energia espacial e terrestre, por isso é imperativo que compreendamos como funciona e aprendamos a prever o seu comportamento. Estas novas e únicas visões da nossa missão Solar Orbiter marcam o início de uma nova era na ciência solar", afirma Carole Mundell, Diretora científica da ESA.
Para além da perspetiva das imagens de uma das zonas mais misteriosas do Sol, os cientistas admitem que estas observações também ajudam a entender o campo magnético so Sol, e a forma como muda a cada 11 anos, coincidindo com picos de atividade solar. Os atuais modelos e previsões ainda não conseguem prever exatamente quando é que é atingido o maior pico e a sua intensidade.
Veja as imagens da missão Solar Orbiter
Até agora as imagens partilhadas do Sol são captadas à volta do equador da estrela, porque a partir da Terra, de outros planetas do sistema solar ou de qualquer sonda que esteja em órbita, fazem uma passagem elíptica. Só ao inclinar a órbita da Solar Orbiter é possível conseguir visões diferenciadas, e este é um dos objetivos desta missão.
“Não sabíamos exatamente o que esperar destas primeiras observações — os polos do Sol são literalmente terra incógnita”, explica Sami Solanki, que lidera a equipa do instrumento PHI do Instituto Max Planck de Investigação do Sistema Solar (MPS) na Alemanha.
O vídeo partilhado pela ESA compara a visão da Solar Orbiter, a amarelo, com as imagens captadas a partir da Terra, a cinzento, a 23 de março de 2025. Nessa altura a sonda viajava num ângulo de 17 graus abaixo do equador solar.
Veja o vídeo do polo sul do Sol
Estas são ainda as primeiras observações feitas com o Solar Orbiter nesta nova rota inclinada, mas os primeiros dados ainda vão ser submetidos a mais análise. O dataset completo da primeira passagem de "polo a polo" só vai chegar aos cientistas em outubro deste ano e os instrumentos a bordo vão continuar a recolher informação que será usada nos próximos anos para mais descobertas.
"Este é apenas o primeiro passo da 'escada para o céu' da Solar Orbiter: nos próximos anos, a sonda vai afastar-se ainda mais do plano eclíptico para obter imagens cada vez melhores das regiões polares do Sol. Estes dados vão transformar a nossa compreensão do campo magnético solar, do vento solar e da atividade solar", destaca Daniel Müller, cientista do projeto Solar Orbiter da ESA.
Um laboratório científico para descobrir mistérios do Sol
A Solar Orbiter é apontada como o laboratório científico mais complexo já desenhado para estudar o Sol e as suas regiões polares. Resulta de uma parceria entre a ESA e a NASA, mas é operado pela Agência Espacial Europeia.
Em fevereiro de 2025 começou a sua rota com uma inclinação de 17 graus em relação ao equador do Sol, uma perspetiva inédita que só tinha sido conseguida com a missão Ulysses que voou pelos polos do Sol entre 1990 e 2009, mas sem a capacidade de captar imagens
A missão vai continuar com a inclinação de 17 graus até 24 de dezembro de 2026, mas a Solar Orbiter vai ainda inclinar mais a sua órbita depois de uma passagem por Vénus, passando a 24 graus. A partir de junho de 2029 a equipa que gere a missão diz que pretende atingir um ângulo de 33 graus.
A Solar Orbiter transporta a bordo 10 instrumentos científicos mas está a usar três instrumentos diferentes para estas observações, o PHI (Polarimetric and Helioseismic Imager), o EUI (Extreme Ultraviolet Imager) e o SPICE (Spectral Imaging of the Coronal Environment) instrument.

Cada um destes instrumentos tem funções específicas, mapeando a superfície magnética do Sol com o PHI ou lendo os dados da atmosfera através da luz ultravioleta com o EUI. O SPICE capta a luz das diferentes níveis de temperatura dos gases na superfície e revela as várias camadas da atmosfera. A equipa de cientistas conseguiu ainda que este último instrumento revele a forma como os materiais se movimentam.
Nesta imagem pode ver o registo de uma passagem de polo a polo do Solar Orbiter com o registo do instrumento PHI onde se verifica o campo magnético do Sol nas várias regiões. A cores mais escuras, vermelho e azul, aparecem as regiões de campos magnéticos mais fortes captadas pela sonda.
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