O projeto é coordenado pelo investigador Nuno Cardoso Santos, do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço, e insere-se num outro, FIERCE, que, nos próximos cinco anos, visa desenvolver novos métodos para a deteção de planetas fora do Sistema Solar, conhecidos como exoplanetas, semelhantes à Terra.

"O objetivo principal é usar o Sol, a única estrela para a qual conseguimos observar detalhes no seu disco, para perceber melhor como os fenómenos físicos que ocorrem na atmosfera de outras estrelas semelhantes perturbam as medições dos espetros" de luz, explicou o astrofísico, acrescentando que "estas perturbações produzem um ruído nos dados de procura e estudo de exoplanetas".

"Na prática, os dados obtidos vão-nos permitir otimizar a forma como analisamos os dados de procura de outros planetas", adiantou.

Segundo Nuno Cardoso Santos, o telescópio, o primeiro português num observatório profissional, "vai permitir apontar para o Sol" e, ligado ao espetrógrafo ESPRESSO, instalado no Observatório do Paranal, no Chile, que acolhe o conjunto de quatro instrumentos (com espelhos de 8,2 metros de diâmetro) que formam o telescópio VLT, possibilitará "obter espetros de grande qualidade" da estrela.

O telescópio terá apenas 35 centímetros de diâmetro, mas "abertura suficiente para estudar o Sol, uma vez que se trata de um objeto bastante brilhante", ressalvou Alexandre Cabral, igualmente investigador do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço e responsável pela construção do instrumento.

De acordo com Alexandre Cabral, "a característica mais importante" do telescópio "será a sua ligação ao espetrógrafo ESPRESSO, que é neste momento o instrumento com maior resolução espetral neste domínio de investigação", nomeadamente ao nível do estudo de atmosferas de planetas extrassolares.

O telescópio tem a designação de PoET (Paranal solar ESPRESSO Telescope) e, segundo Nuno Cardoso Santos, vai permitir à ciência portuguesa "estar na linha da frente" na procura e no estudo de planetas parecidos com a Terra.

O projeto FIERCE, no qual se enquadra o telescópio PoET, concebido inteiramente pelo Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço, será financiado com uma bolsa de 2,5 milhões de euros atribuída pelo Conselho Europeu de Investigação a Nuno Cardoso Santos.

O plano, de acordo com Alexandre Cabral, é desenhar, construir e testar o telescópio "num período máximo de dois anos". "Estas fases serão feitas em Portugal, após os testes será feita a instalação no Paranal", afirmou.

Se "tudo correr conforme o previsto", o telescópio estará a funcionar em finais de 2024 e, a partir de então, começará "a obter dados para fazer a ciência" pretendida, assinalou o coordenador do projeto, Nuno Cardoso Santos, especialista no estudo de exoplanetas.

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