A 2 de março de 2004 saía da base de Kourou da Agência Espacial Europeia, na Guiana Francesa, o veículo de lançamento Ariane 5. “À boleia” levava consigo a sonda Rosetta, conhecida como a primeira perseguidora de cometas por excelência.

Rosetta deixou a Terra com apenas um objetivo em mente: analisar o cometa 67P, também conhecido como Churyumov-Gerasimenko,  um corpo celeste que os cientistas acreditavam esconder indícios da génese do nosso Sistema Solar.

A missão de análise incluía não só acompanhar de perto o cometa, mas também pousar nesse cometa, naquela que seria a primeira “acometagem” da história espacial. Recolhendo informação in loco, a ESA queria desta forma tentar desvendar parte dos segredos do Universo.

Só depois de mais de uma década a vaguear pelo Sistema Solar, no final de 2014, encontrou o seu alvo e, pouco depois, ejetou a sua pequena Philae que viajou em direção ao 67P. Esta sonda de menores dimensões captou as primeiras imagens da superfície de um cometa.

A pequena sonda tocou a superfície do cometa a 12 de novembro por volta das 16h00 de Portugal Continental, depois de se ter separado da sonda mãe umas horas antes.

Mas nem tudo correu como o previsto. O entusiasmo inicial foi substituído por alguma apreensão, depois de se perceber que o sistema de fixação do robot ao corpo celeste não funcionou da melhor maneira. Além disso, a sonda acabou por ir parar a um local diferente do que estava estipulado, tendo ficado instalada numa parte do cometa que não recebia luz solar suficiente para recarregar as suas baterias.

Os últimos momentos do longo namoro entre a Rosetta e o 67P
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Philae ainda conseguiu trabalhar durante 60 horas, antes de “adormecer” devido à falta de luz solar. O sono durou até 13 de junho de 2015, quando foram feitos alguns contactos, embora a comunidade científica já não esperasse qualquer despertar. Foi, no entanto, um “último suspiro”, já que não voltou a emitir mais nenhum sinal, apesar dos esforços feitos pela equipa.

A 21 de janeiro de 2016, Rosetta voou para hemisfério sul do cometa e afastou-se da sua “afilhada”, terminando com qualquer hipótese de novo contacto. Entretanto, P67 começou a afastar-se do Sol e, logo, a sonda que o perseguia começou a perder a capacidade de armazenar energia para funcionar.

Rosetta aproximou-se assim do seu final previsto: rumar ao cometa "conquistado" há dois anos e terminou a sua missão com um emotivo “beijo de despedida”. O gráfico de atividade da sonda espacial parou no dia 30 de setembro de 2016, sinal de que tinha chegado ao seu destino e adormecido para sempre.

Nem tudo correu como esperado na jornada de 12 anos da principal missão do programa Horizon 2000 da Agência Espacial Europeia, mas isso não impediu que fosse encarada como um sucesso, até por toda a experiência e pela informação que mesmo assim foi recolhida.