O VLT Survey Telescope (VST) do Observatório Europeu do Sul (ESO) conseguiu captar uma nuvem de gás e poeira cósmica, cujo aspecto se assemelha à silhueta de um morcego. Localizado a cerca de 10 mil anos-luz da Terra, este “morcego cósmico” está entre as constelações do Compasso e da Régua, explica o ESO em comunicado, abrangendo uma área do céu equivalente a quatro luas cheias.

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Como detalha o ESO, a imagem foi captada com a ajuda do telescópio de rastreio VST, operado pelo Instituto Nacional de Astrofísica italiano (INAF) no Observatório do Paranal do ESO. Equipado com a OmegaCAM, uma câmara avançada com 268 milhões de pixels, o VST reúne as condições ideais para captar não só vastas áreas do céu, mas também “criaturas” cósmicas assustadoras.

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A imagem em si afirma-se como uma montagem de várias observações, obtidas através de diferentes filtros para diferentes cores ou comprimentos de onda da luz. 

Apesar do seu aspecto, esta nebulosa é uma maternidade estelar. De acordo com o ESO, as estrelas recém-nascidas libertam energia suficiente para “acordar” os átomos de hidrogénio à sua volta, fazendo-os brilhar num tom avermelhado forte.

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Os filamentos escuros na nebulosa, que quase parecem uma espécie de esqueleto do “morcego” cósmico, são estruturas de acumulação de gás mais frio e denso, contando com grãos de poeira espacial que bloqueiam a luz visível das estrelas que estão atrás.

As nuvens mais proeminentes que surgem na imagem, que fazem parte de um extenso catálogo de regiões brilhantes de formação estelar do céu austral, são a RCW 94, que representa a asa direita do “morcego”, e a RCW 95, que forma o seu corpo.

Mas o VLT não é o único a captar “criaturas” cósmicas horripilantes. O telescópio espacial James Webb também captou uma visão da NGC 6537, também conhecida como a Nebulosa da Aranha Vermelha.

Através do instrumento NIRCam (Near-Infrared Camera), o telescópio conseguiu revelar detalhes nunca antes observados desta nebulosa que tem como “pano de fundo” um campo com milhares de estrelas.

Telescópio James Webb | Nebulosa da Aranha Vermelha.
Telescópio James Webb | Nebulosa da Aranha Vermelha. créditos: ESA/Webb, NASA & CSA, J. H. Kastner (Rochester Institute of Technology)

A Agência Espacial Europeia (ESA) explica que as nebulosas planetárias, como a Nebulosa da Aranha Vermelha, formam-se quando estrelas, semelhantes ao Sol, chegam ao fim das suas vidas. Depois de se expandirem e de se tornarem gigantes vermelhas frias, estas estrelas vão libertando as suas exteriores, expondo um núcleo extremamente quente cuja luz faz brilhar o material expelido.

A imagem captada pelo telescópio James Webb mostra, pela primeira vez, a extensão das “pernas” da aranha cósmica. Estes lóbulos, visíveis a azul, são formados pela luz emitida por moléculas de hidrogénio (H₂).

Os lóbulos, que se estendem por todo o campo de visão do instrumento NIRCam, formam estruturas fechadas em forma de bolha, cada uma com cerca de três anos-luz de comprimento. O gás emitido pelo centro da nebulosa foi “enchendo” as bolhas ao longo de milhares de anos. Os dados recolhidos pelo James Webb permitiram verificar que o gás continua a ser expelido pelo centro da nebulosa.

Segundo a ESA, as observações usadas para criar a imagem fazem parte de um programa do James Webb que tem como objetivo compreender como as nebulosas planetárias bipolares, como a Nebulosa da Aranha Vermelha, são moldadas pelos fluxos e jatos de gás que surgem dos núcleos das suas estrelas.

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