A tecnologia de observação por satélite tem sido fundamental no fornecimento de dados importantes para avaliar danos e apoiar os serviços de emergência, na resposta às chuvas torrenciais que causaram inundações mortais em várias regiões de Espanha, transformando as ruas em rios de lama que destruíram casas e arrastaram carros e pessoas.
Imagens captadas pelo satélite Landsat-8, dos EUA, em 30 de outubro, mostraram pela primeira vez a extensão do desastre, enquanto imagens do Sentinel-2 revelaram o impacto devastador das inundações na paisagem de Valência. Imagens de radar do Sentinel-1, de 19 e 31 de outubro, mostraram as cheias severas no Parque Natural da Albufera, área afetada pelo transbordo dos rios.
A pedido da Direção-Geral de Proteção Civil e Emergências de Espanha, foi ativado o Serviço de Mapeamento Rápido do Copernicus (EMS), que produziu mapas de extensão e severidade das inundações, sendo o primeiro publicado a 31 de outubro, revelando mais de 4.100 hectares e 3.906 edifícios impactados, além de cerca de 60.000 pessoas afetadas.
Além disso, a Agência de Proteção Civil de Espanha ativou a Carta Internacional "Espaço e Grandes Desastres" a 1 de novembro, permitindo a colaboração de 17 agências espaciais e sete distribuidores de dados comerciais para fornecer imagens e análises adicionais sobre as áreas afetadas. O objetivo é disponibilizar dados sem custos durante a fase de resposta a grandes desastres, e a EMS e a Carta colaboraram na partilha de dados.
Simonetta Cheli, diretora dos Programas de Observação da Terra da ESA, destacou a importância da observação espacial nestes desastres, apoiando as equipas de emergência no terreno com dados em tempo real para facilitar a resposta. Além de mapearem áreas danificadas, os satélites ajudam a monitorizar as condições ambientais.
A missão SMOS, da ESA, com imagens de 29 de outubro, evidenciou o solo saturado na área de Valência, enquanto as imagens de alta resolução do Pléiades Neo, de 31 de outubro, mostraram detalhadamente os danos das inundações.
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As chuvas intensas que atingiram Espanha concentraram-se nas bacias dos rios Magro, Turia e Poyo, transformando ruas em “mares” de lama, destruindo habitações, pontes e arrastando veículos. O balanço é trágico, com mais de 200 mortos, milhares de deslocados e desaparecidos.
Na região costeira de Valência, a precipitação alcançou o equivalente a um ano de chuvas em apenas oito horas, segundo a Agência Meteorológica Estatal de Espanha (Aemet). Este fenómeno meteorológico, chamado DANA, resulta da interação entre frentes frias e massas de ar quente e húmido do Mediterrâneo, o que provoca tempestades intensas e estacionárias, aumentando o risco de inundações severas.
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