Os smartphones recondicionados são cada vez mais populares e viáveis, sobretudo se forem adquiridos em agentes que garantam o seu estado de saúde e ofereçam as devidas garantias dos equipamentos. Há cada vez uma maior consciencialização para hábitos mais sustentáveis por parte dos utilizadores e isso pode significar uma poupança de várias dezenas ou centenas de euros na hora de trocar o dispositivo.

E os números falam por si: em 2021, segundo dados da Counterpoint, o mercado de smartphones em segunda-mão cresceu 15% face ao ano anterior, tendo superado as expetativas do mercado. Os modelos da Apple continuam a ser os mais apetecíveis e a liderar este mercado alternativo, mas a Samsung segue logo atrás, fabricante que continua a liderar as vendas dos smartphones novos.

Apesar da maturação do mercado de recondicionados, nem todos os equipamentos dão a garantia necessária de viabilidade. E a sua origem pode ser proveniente de várias fontes, e como tal, diferentes tipos de utilização, abusos e maus tratos que podem fazer a diferença na duração nas mãos de um novo utilizador.

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A DECO Proteste realizou um teste de grupo e um apanhado com dicas e sugestões para conhecer melhor o equipamento antes de o adquirir. Refere que os smartphones recondicionados podem ser equipamentos que estiveram em exposição, e dessa forma, passaram pelas mãos de muitos utilizadores; podem ser aparelhos devolvidos a fabricantes, revendedores e lojas por diferentes razões. Pequenos riscos ou defeitos pode não justificar o envio para as fábricas ou reparadores e podem ser colocados à venda. Também podem ser de retomas de campanhas ou mesmo contratos empresariais, que são situações em que os smartphones podem ter ainda grande margem no seu ciclo de vida.

Veja na galeria algumas sugestões de lojas de vendas de smartphones recondicionados:

Empresas especializadas em equipamentos recondicionados como a iServices, Swappie e Back Market são algumas que têm vindo a disputar este mercado em crescimento. E devido à nova lei da garantia de usados que entrou em vigor no início do ano, as empresas defendem que o mercado destes equipamentos saiu credibilizado, aumentando a confiança aos seus clientes. As empresas têm fábricas próprias para reparar e testar os equipamentos utilizados, sendo depois colocados à venda por preços mais competitivos com os modelos novos.

Examine bem os smartphones antes da aquisição

Para testar a eficácia do serviço, em 2021, a DECO Proteste fez a compra como consumidor e adquiriu o iPhone 8 de 64 GB em 10 lojas diferentes, sendo este considerado um dos modelos recondicionados mais vendidos. A publicação diz que o objetivo não foi avaliar as lojas e respetivos serviços, mas perceber se valia a pena optar por estes modelos em segunda-mão, assim como listar os aspetos que deve ter em conta durante a sua aquisição.

O principal problema detetado pelos especialistas é que o estado do equipamento nem sempre correspondia ao que era anunciado, sobretudo na sua condição estética. Ou seja, existe uma tabela que classifica o estado do equipamento e salvo algumas exceções, no geral, a categoria era mais otimista do que o produto real.

Tal como quando compramos um automóvel, uma mota ou outro bem material, não é difícil verificar quando o mesmo teve uma maior utilização, tais como riscos nos volantes e manete da caixa de velocidades, por exemplo. Deve assim ter atenção se há sinais de desgaste dos smartphones à sua superfície, tais como arranhões, quinas picotadas, falhas de tinta, eventuais mossas ou mesmo acumulação de sujidade em zonas menos acessíveis, tais como nos rebordos dos botões ou grelhas das colunas. Ainda que neste caso, as empresas de recondicionados procedam a limpezas a fundo dos equipamentos.

As lojas utilizam uma tabela de classificação de quatro categorias para descrever o aspeto estético dos equipamentos, mesmo que não sejam absolutos e transversais a todos os fornecedores de recondicionados. As categorias dividem-se entre A+ para smartphones num estado excelente de conservação, com riscos muito ligeiros ou difíceis de perceber. Como tal, segundo a DECO Proteste, pela sua experiência neste caso afirma que a maioria das lojas não contempla esta categoria. A categoria A reúne os smartphones que estejam em muito bom estado, mas com marcas mínimas e riscos leves e finos. A categoria B oferece telemóveis em bom estado, mas com sinais ligeiros de utilização, riscos mais visíveis e pequenas falhas de tinta. Por fim, a categoria C, é onde encontra os equipamentos em estado estético razoável, utilização acentuada, vários riscos, mossas e falhas de tinta.

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Considerando esta escala, a DECO Proteste examinou os 10 smartphones que adquiriu na sua experiência, incluindo o seu corpo, moldura e ecrã. A publicação diz que os diferentes riscos, sujidade e falhas de tinta encontrados nos diferentes aparelhos indicam que os mesmos foram vendidos na categoria errada. Situação que foi agravada pelo facto de os equipamentos terem sido adquiridos online e só depois foram verificados se a sua condição estética correspondia à respetiva categoria com que foram encomendados.

A conclusão chegada é que os vendedores têm diferentes interpretações sobre o estado dos smartphones e respetivas categorias. Como exemplo, afirma que o modelo comprado na Forall Phones como Categoria A é no fundo, de Categoria B, pelas falhas de tintas e marcas registadas. O mesmo para um modelo enviado pela iSell, pelo seu risco no ecrã, também vendido como Categoria A, enquadrava-se na B. As quinas picotadas do modelo enviado pela iMobiles foi considerado pela publicação como de categoria C.

Outras observações prenderam-se com o envio dos respetivos acessórios. Praticamente todos traziam pelo menos o cabo USB para o iPhone e a maioria carregador. Apenas três tinham auriculares, embora não fossem todos originais. O teste verificou que todos os modelos estavam desbloqueados a redes e ao iCloud, assim como o software reposto de fábrica. Sete das 10 lojas resolveram atualizar o sistema operativo, neste caso versões iOS 14, destacando o bom serviço da maioria neste aspeto.

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O desgaste das baterias é uma das principais preocupações para quem compra um equipamento recondicionado. As baterias têm ciclos de vida e depende sempre da utilização consciente dos equipamentos, considerando o abuso das cargas rápidas, manter o smartphone a carregar durante a noite sem o uso do plano de carregamento, ou simplesmente a carga de utilização que obrigue a mantê-lo mais tempo ligado à tomada.

Nos testes de laboratório da DECO, apenas três equipamentos tinham as baterias com capacidade de 100%. Os restantes tinham uma capacidade entre 84% e 90%, o que significou uma autonomia bem inferior.

Quanto aos ecrãs, foi verificado que a maioria tinha um funcionamento muito semelhante aos novos, fosse a nível de brilho ou sistema tátil. As câmaras dos 10 equipamentos, frontais e traseiras também foram registadas como em excelente estado de funcionamento, assim como os altifalantes dos mesmos.

Nesse sentido, tirando o aspeto estético dos smartphones, a DECO Proteste salienta que o funcionamento geral dos equipamentos recondicionados, quando comparados diretamente com um modelo novo, não foram encontradas diferenças. A bateria e o desgaste exterior são os elementos que deve assim ter em consideração quando decidir optar por destes equipamentos usados. Em termos de preço, durante o teste, o iPhone 8 custava novo 550 euros e os modelos recondicionados custaram entre 209 e 439,90 euros.

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De recordar que, segundo a nova lei das garantias para a defesa do consumidor, os equipamentos recondicionados e em segunda-mão também contam com três anos de garantia, quando vendidos por profissionais. Ainda assim, a redução do prazo poderá ser feita por mútuo acordo entre as partes. A DECO acrescenta que o consumidor deve assegurar que a menção do prazo deve estar escrita na fatura, para evitar contratempos.

Em conclusão, deve ter alguns cuidados quando decide comprar um equipamento recondicionado. Em primeiro deve optar por lojas de confiança e que ofereçam as melhores condições na venda de equipamentos usados. Deve ter atenção às variações de preços do mesmo modelo e se este for muito diferente deve ter atenção ao possível estado do smartphone. Como visto anteriormente, nem todas as lojas utilizam os mesmos critérios de avaliação do estado do smartphone, por isso, caso não o compre presencialmente deve pedir fotografias com qualidade do equipamento para verificar o seu estado.

Opte sempre por um smartphone que tenha o máximo de bateria disponível e deverá rejeitar se tiver menos de 84%. Deve também certificar-se dos acessórios disponíveis com o equipamento recondicionado. Não se esqueça também de verificar se o equipamento é vendido desbloqueado, ou seja, se é compatível com qualquer cartão SIM do seu operador. Da mesma forma, o modelo não deve estar bloqueado ao iCloud (no caso dos iPhones), pois pode significar tratar-se de um modelo roubado ou dado como baixa pela Apple, e dessa forma não ter acesso aos seus serviços.

Pode consultar o teste feito pela DECO Proteste aos 10 equipamentos adquiridos nas respetivas lojas de venda de recondicionados.