A intenção da Agência Espacial Europeia (ESA) de tentar desvendar parte dos segredos do Universo a partir da recolha de informação de um cometa remonta há mais de 20 anos, quando em 1993 era aprovada a missão Rosetta.

A viagem propriamente dita da sonda-mãe que dá nome à missão começou a 2 de março de 2004, quando foi lançada a partir da base espacial de Kourou na Guiana Francesa.

Um ano depois fazia a sua primeira assistência gravitacional em redor da Terra, uma manobra destinada a usar a energia do campo de gravidade de um planeta ou corpo celeste com o objetivo de alterar a trajetória ou a velocidade, neste caso, da sonda.

O processo em redor da Terra voltou a repetir-se em 13 de novembro de 2007 e a 13 de Novembro de 2009, tendo existido também em redor de Marte, a 25 de fevereiro de 2007.

Na sua viagem pelo Sistema Solar, a Rosetta "rondou" também dois asteroides, Steins e Lutetia, registando várias imagens de alta resolução dos mesmos, respetivamente a 5 de setembro de 2008 e a 10 de Julho de 2010.

A 8 de junho de 2011 entrava em modo hibernação no espaço profundo, para acordar apenas em janeiro de 2014.

A ESA explicava a jornada até à altura e o que ainda estava para vir em outubro de 2013, numa animação.

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O regresso à vida

Depois de três anos em modo de hibernação, a aguardar que as condições ideais para prosseguir a sua missão, a Rosetta acordou a 20 de janeiro de 2014. A uma distância de cerca de 650 milhões de quilómetros do sol tinham-se reunido as condições para dar continuidade ao projeto, na data prevista pelos cientistas.

Depois de testados todos os instrumentos, começou as suas manobras de aproximação ao seu "pretendente", o cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko, em maio.

A primeira fase do ambicioso plano da Agência Espacial Europeia ficaria concluída no mês de agosto, quando conseguiu que a Rosetta ficasse "agarrada" à força gravitacional do corpo celeste.

No dia 6 de agosto, às 9 horas da manhã em Lisboa, a sonda começou a aproximação ao cometa, tendo depois efetuado uma aproximação mais cuidada, com recurso a propulsores, tendo fixado uma órbita em torno do astro através da força gravitacional. O satélite artificial ficou a 100Km de distância do cometa, viajando com o mesmo a 135 mil Km/H.

Durante as semanas seguintes, a Rosetta registou inúmeras imagens do 67P/Churyumov-Gerasimenko, com um objetivo em mente: cartografar a superfície do cometa para escolher o melhor sítio para um futuro "contacto físico".

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A "arma secreta" Philae

A Rosetta não foi sozinha. Consigo levava a sonda Philae, uma espécie de robot destinado a pousar na superfície do cometa, com o objetivo de recolher informação através de vários instrumentos.

A pequena sonda tocou a superfície do cometa a 12 de novembro por volta das 16 horas de Portugal Continental, depois de umas horas antes se ter separado da sonda-mãe. Mas nem tudo correu como o previsto.

O entusiasmo inicial foi substituído por alguma apreensão, após verificar-se que o sistema de fixação do robot ao corpo celeste não funcionou da melhor maneira. Além disso, a sonda acabou por ir parar a um local diferente do que estava estipulado, tendo ficado instalada numa parte do cometa que não recebia luz solar suficiente para recarregar as suas baterias.

Desta forma, a Philae acabou por "adormecer", segundo o anunciado pela ESA, mas não por tempo indeterminado. A Agência espacial europeia conta que em agosto, quando o 67P estiver no ponto mais próximo do sol, a pequena sonda possa regressar à vida.

Ainda sem o final feliz merecido, o que é facto é que a ESA fez pela primeira vez chegar uma sonda terrestre a um cometa, um feito histórico que já ninguém lhe tira. E o custo financeiro nem sequer parece ter sido muito elevado.

Além do mais, nas poucas horas em que se aguentou na superfície do cometa antes de adormecer, a Philae até acabou por conseguir recolher alguns dados e enviá-los para Terra...

Quem quiser conhecer melhor o sonho espacial da ESA tem à disposição vários recursos. O site da missão é o melhor ponto de partida, alojando conteúdos variados entre os quais alguns especificamente destinados aos mais novos.

Nessa mesma linha, há por exemplo recursos para apresentação na sala de aula. Existem também vários conteúdos vídeo, como os que apresentamos a seguir.

Escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico