Já lá vai o tempo em que os recrutadores apenas procuravam candidatos através dos currículos que recebiam. Numa altura em que as redes sociais parecem fazer parte do dia-a-dia da maior parte das pessoas, os profissionais de recursos humanos investem 45% do seu tempo à procura de candidatos através destas plataformas. A conclusão é do estudo de Tendências de Trabalho de 2019, da Adecco Itália e compilado em colaboração com a Università Cattolica em Milão. O LinkedIn, sem surpresas, continua a ser a rede social mais popular para procura de emprego.

Apresentada durante o evento Wired Trends 2020, a investigação mostra de que forma o mundo do trabalho está a sofrer mudanças neste mundo cada vez mais tecnológico, em três áreas: recrutamento social, marca pessoal e o peso e a importância dos candidatos passivos, ou seja, aqueles que não estão à procura de emprego de forma ativa. Os resultados demonstram a forma como a Internet e as redes sociais desempenham um papel cada vez mais importante, tanto na procura de emprego, como na procura de candidatos.

No que diz respeito ao recrutamento social, os dados da investigação revelam que, em média, os candidatos gastam 72% do seu tempo na procura de emprego online. No caso dos recrutadores, a percentagem é inferior, usando 45,1% do tempo a procurar potenciais candidatos online, uma percentagem que se prevê que se suba no espaço de um ano para os 55,7%.

Procurar candidatos nas redes sociais fica mais barato para as empresas

Por que razão os recrutadores apostam cada vez mais no online? Cerca de 70% dos inquiridos acreditam que a pesquisa online requer um menor investimento financeiro e, por outro lado, menos tempo (58%). No entanto, 48,6% consideram que esta estratégia requer mais investimento em competências técnicas em comparação com a pesquisa offline clássica.

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A aposta dos candidatos reside, sobretudo, nos sites, com 85% a escolherem esta opção, contrastando com os 33% relativos às redes sociais, plataformas que são vistas como pouco eficazes. Estas preferências surgem num contexto em que 45% dos candidatos que navegaram nos sites da empresa receberam uma oferta de emprego por e-mail, enquanto esse número cai para 12% para aqueles que usaram as redes sociais. Apenas 3,2% desses candidatos conseguiram um emprego, um número inferior daquele de há quatro anos.

De qualquer das formas, exigem estratégias "antigas" que parecem continuar a ter sucesso. Outros canais como o tradicional, nomeadamente o popular boca-a-boca, foram responsáveis por proporcionar oportunidades para 57% dos entrevistados. Neste cenário, o mundo digital tornou-se mais como uma montra onde candidatos e recrutadores podem exibir-se, onde podem construir a sua reputação e promoverem-se.

Quais as redes sociais preferidas na experiência de procura de emprego?

Criado para um contexto profissional, o LinkedIn foi a rede social favorita para 58% dos candidatos. Um número crescente também está a recorrer ao Facebook, um aumento de 27% para 32% em quatro anos, e ao Instagram, com 10%, superando o Twitter.

Na maior parte dos casos, as redes sociais são vistas pelos candidatos como uma forma adicional de procurarem anúncios de emprego. Já cerca de 52% aproveitam, efetivamente, para fazerem candidaturas ou para procurem sites da empresa, neste caso 50%. Já os recrutadores olham para as plataformas como uma forma de medir a sua confiabilidade e, portanto, a sua reputação.

Que marca deixamos nas redes sociais?

A verdade é que poucas pessoas param para pensar o quão importante é a sua reputação na Internet. 55% dos candidatos acreditam que a imagem que emerge deles nas redes sociais não representa a sua verdadeira personalidade, mas a mesma opinião não têm os recrutadores. Os profissionais consideram que o perfil pessoal se trata de um verdadeiro reflexo de uma realidade mais complexa.

No caso dos candidatos que não estão à procura de emprego de forma ativo, os conhecidos por passivos, os perfis nas redes sociais são postos estratégicos para os recrutadores. Neste caso, estas plataformas são utilizadas entrar em contato (76,3%), identificar (69%) e recrutar (67%) candidatos.

Os dados do estudo foram recolhidos pela Adecco Itália, no mercado italiano, junto de 1.466 candidatos e 259 recrutadores. Em termos de idades, 42,6% têm entre 18 e 35 anos, 37,5% entre  36 e 50 e 19,9% entre 51 e 65 anos. 51,1% são do sexo feminino e 48,9% do sexo masculino.

Nota da redação: A notícia foi atualizada com mais informação a 16 de junho pelas 16h52, relativa à amostra do estudo