Por Rui Sousa Pedro (*)
Vemos cada vez mais empresas a perceber a importância de proporcionar boas experiências de utilização aos seus clientes e utilizadores. Na maior parte dos casos não o fazem por razões altruístas ou beneméritas, mas porque percebem que, numa sociedade onde abunda a oferta de produtos e serviços, uma boa experiência de utilização permite aumentar a retenção e até conquistar clientes à concorrência. Empresas como a Apple, Netflix, Spotify, Uber, Amazon ou a portuguesa SIBS, com o MB WAY, são emblemáticas na tentativa de perceber e satisfazer as necessidades dos seus clientes. Isto traduz-se, inclusivamente no mercado nacional, num investimento crescente em profissionais qualificados para compreender a realidade, desenhar, testar e construir soluções que se distingam da concorrência.
Todos contribuímos para a UX
Apesar de muitas empresas terem hoje equipas com pessoas a que chamam de “UX designers”, é um facto que a maior parte dos colaboradores, não fazendo parte destas equipas, tomam decisões que afetam a experiência dos seus clientes. Desde as pessoas que atendem chamadas no call center, até quem decide o preçário dos produtos ou serviços, passando pelas equipas de operações que têm uma palavra crítica no desempenho e disponibilidade dos sistemas, todos dão a sua contribuição para a experiência dos clientes.
É assim importante que estes “designers não oficiais” tenham noção da importância de uma boa experiência e uma formação básica em UX que permita, no seu dia-a-dia, tomar as decisões mais acertadas.
Os front-end developers podem destacar-se
Se todos os colaboradores devem ter conhecimentos de UX, dentro das áreas técnicas, os front-end developers são aqueles para quem esta necessidade é mais flagrante. Isto porque são os que habitualmente interagem mais de perto com os UX ou UI designers. Mesmo mantendo a sua função de front-end developers, um conhecimento sólido sobre UX permite que partilhem os mesmos princípios, a mesma linguagem, as mesmas preocupações e a mesma sensibilidade com os designers, destacando-se assim dos colegas que limitam o seu conhecimento à tecnologia. Se hoje é aceitável que um front-end developer tenha funções puramente técnicas, num futuro próximo deverá ter, pelo menos, conhecimentos básicos em UX/UI.
De front-end developer para UX developer
Os front-end developers que se interessam pelo desenho da experiência e os UX designers que têm um gosto especial pelo desenvolvimento são grandes candidatos para se transformarem em UX developers, um perfil que é parte developer, parte designer.
De uma forma simplista, um UX developer faz a ponte entre o design e a tecnologia, permitindo que a equipa mais técnica (coders/developers) perceba qual a visão que os designers têm para o projeto. Na prática, desempenha um papel híbrido entre as funções de desenho e as funções de desenvolvimento, havendo alguma sobreposição em termos de competências, como se pode ler neste artigo da UXPin ou neste artigo da UX MAGAZINE. Não precisa ter conhecimentos técnicos tão profundos como um front-end developers (se tiver, é um ponto a favor) mas compensa com competências de estratégia, psicologia comportamental, usabilidade e alinhamento com os objetivos de negócio. Uma carreira a considerar para quem está dividido em UX e desenvolvimento.
(*) UX Strategist na Tangível, Portugal
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